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segunda-feira, 19 de abril de 2021

confinar a adolescência tem custos para a saúde mental dos jovens

Há mais de um ano a viver em plena pandemia de covid-19, os jovens passaram pelo menos seis meses em casa e o confinamento da adolescência tem custos para a saúde mental que, segundo especialistas, já estão a ser pagos.

Em março do ano passado, a pandemia obrigou os jovens a pôr em pausa a adolescência e a mensagem inicial de que ia ficar tudo bem, depressa foi sendo substituída pela incerteza de quando regressariam à normalidade.
Há neste momento já muita investigação que associa os períodos de confinamento a várias manifestações de mal-estar e mesmo de sofrimento psicológico, e esse mal-estar é tanto maior quanto maiores forem os períodos de confinamento”, explicou Margarida Gaspar de Matos, psicóloga especializada em jovens.
O sentimento de cansaço, saturação e vontade de voltar aos tempos pré-pandemia é comum à generalidade das pessoas, mas nestas idades acresce o defraudar de expectativas.
A própria noção de adolescência expressa em quase tudo o oposto da palavra “confinar”. Ser adolescente é poder crescer, expandir, sair, ir mais longe das quatro paredes da casa paterna, viver amizades e inimizades, sentir paixões, gerir sentimentos”, sublinhou, por outro lado, Pedro Strecht.
Muito disso foi suspenso pela pandemia. Felizmente, acrescenta o pedopsiquiatra, valeram a muitos jovens as redes sociais e os telemóveis, que frequentemente os adultos contrariavam.
Através desses meios, foi possível “manter vivas as amizades, a partilha de emoções e sentimentos, enfim, uma pequena noção de ‘vida’ entretanto suspensa durante demasiado tempo”.
Tempo esse ainda para mais sofrido na incerteza do seu fim, do medo de ser contaminado ou contaminar alguém”, relatou Pedro Strecht, recordando conversas com jovens que lhe transmitiam precisamente esses receios.
Em menos de um ano, os jovens passaram por dois períodos de cerca de três meses em confinamentos devido à pandemia da covid-19 e a experiência do primeiro, na opinião do especialista, não tornou o segundo mais fácil.
“Observei muito mais tensão, ansiedade, angústia, desmotivação escolar, alterações do humor reativas ao isolamento social”, explicou, admitindo que este período possa deixar marcas mais prolongadas.
Por outro lado, tudo isto acaba também por se refletir no desempenho escolar.
Já se está a refletir, provocando em muitos desinvestimento e desinteresse, noutros uma maior ansiedade e angústia de desempenho. Aliás, desde o primeiro confinamento que isso é visível”, referiu o pedopsiquiatra Pedro Strecht.
A partir de segunda-feira, os estudantes do ensino secundário e do superior regressam às aulas presenciais, conforme previsto no plano de desconfinamento do Governo, mas ainda estão longe de retomar a vida normal e a adolescência em pausa, que continuará limitada pela pandemia.
E como é que se gere essa dupla, a adolescência e a pandemia? Os pais dizem que é com “diálogo, muito diálogo”, as escolas dizem que é com muito apoio e os especialistas sublinham a importância de ouvir os jovens, sossegá-los e, apesar de tudo, afirmar a esperança. @ Sapo

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