Em audição parlamentar, o coordenador da task force admite que o país não estava preparado para vacinar 10 milhões em seis meses e que obviamente o processo terá falhas.
À partida, a aquisição de mais vacinas é um sinal positivo, falta saber como vão ser distribuídas em termos de grupos de risco.
Na audição, o vice-almirante Gouveia e Melo defendeu a integração no Plano de Vacinação de outros grupos considerados prioritários, nomeadamente o de "jovens com doenças muito críticas", argumentando que estes não estão abrangidos pelo critério prioritário da idade e que "devem ser puxados para a frente".
"Se essas doenças forem muito críticas, independentemente de a pessoa ser mais jovem, pode ter grande vulnerabilidade na pandemia." Sustentando ser este tipo de matérias que a task force tem de tratar. "É isto que temos de tratar, encontrar doenças que estão a atacar grupos muito jovens e que podem não ser atingidos pelo critério de idade e que devem ser contemplados."
O vice-almirante, que durante várias horas respondeu às questões dos deputados presentes na audição pedida pelo PSD, usou o exemplo dos jovens como argumento de que há grupos mais prioritários do que outros que reclamam ser considerados prioritários, como fisioterapeutas, docentes do ensino superior ou trabalhadores de serviços essenciais.
Da parte dos deputados não houve qualquer questão sobre a recomendação que a Organização Mundial da Saúde e o Centro Europeu de Controlo de Doenças para que profissionais de saúde e idosos com mais de 80 anos infetados há mais de 90 dias sejam vacinados. O argumento é o de que as pessoas que contraíram a doença no início da pandemia nesta altura podem já não ter anticorpos para evitar uma reinfeção. Este alerta foi também feito pela Ordem dos Médicos nesta semana, mas sobre o qual ainda não há decisão.
Ainda há a preocupação de identificar "40 mil pessoas que vivem acamadas ou isoladas no país e que devem ser vacinadas". Para esta missão, a task force conta com a ajuda das autarquias, das freguesias e da GNR.
Ainda há 300 mil pessoas para vacinar na primeira fase.
No total, ainda faltam vacinar cerca de 300 mil pessoas da primeira fase. Gouveia e Melo reconheceu aos deputados que "o agendamento e a convocatória são uma elevada preocupação em termos organizativos", realçando contudo o trabalho que está a ser feito para "melhorar os dados" e a criação de alternativas, como o autoagendamento. Perante os parlamentares, o vice-almirante admitiu:
"As coisas não estavam preparadas. Se alguém pensa que estava tudo preparado, não estava. O país não estava preparado para dar 20 milhões de vacinas em cerca de seis meses. Há um conjunto de adaptações que estão a ser feitas em ritmo muito acelerado e também têm falhas e temos de viver com elas. Se alguém pensar que este processo vai ser isento de falhas está a pensar mal, de certeza, e a exigir coisas que são impossíveis de fazer." @ DN
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