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terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

"hábitos simples para miúdos extraordinários" (2)

 Dando continuidade ao que o CRESCER aqui iniciou, para pais e filhos, educadores e professores, aqui fica 2º conjunto "dos hábitos simples para miúdos extraordinários" que a Visão fez publicar.

Super-hábitos de nível 2: super-hábitos mentais

O nível 2 de super-hábitos permite aprimorar o chamado diálogo interno humano – de que já falámos anteriormente. Embora este seja o nível mais importante de todos, é o mais negligenciado e é por isso que existem tantos problemas de saúde mental, como insegurança, sentimentos de incapacidade e inadequação, ansiedade, depressão, compulsões, entre tantos outros.

O ser humano encontra-se constantemente numa conversa consigo mesmo, desde o momento em que acorda até adormecer. Há investigadores que afirmam que o número médio de pensamentos diários é de 70 mil! Hábitos mentais referem-se assim aos padrões automáticos de diálogo interno que as pessoas repetem para si mesmas de forma inconsciente e de forma continuada. Porém, como as capacidades do seu filho ou aluno são espantosas, incluindo a plasticidade, a flexibilidade e capacidade de adaptação, a criação de super-hábitos a este nível é absolutamente fundamental!

Os pensamentos moldam o mundo emocional e as emoções são elas próprias mecanismos fisiológicos; ou seja, as emoções são sentidas no corpo físico. Portanto, os hábitos mentais também estão profundamente relacionados com a conexão mente-corpo.

É bastante provável que, se as crianças e os adolescentes não tiverem super-hábitos mentais, se inclinem naturalmente para uma visão mais negativa da vida. O ser humano está naturalmente programado para descobrir o negativo em tudo: há milhões de anos, essa ferramenta protegia e garantia a sobrevivência. Portanto, contrariar o negativo obriga a uma tomada de consciência imediata e a uma prática constante.

Exemplos de super-hábitos de nível 2:

  • Observar, exteriorizar e contestar: para se adquirir este hábito de alimentar o diálogo interno positivo do seu filho, ele precisa de substituir o seu diálogo interno negativo. O problema com o diálogo negativo de uma criança ou de um adolescente (aquilo que se diz a si próprio baseado nas crenças pessoais) é que ela ou ele acredita no que «ouve»… e age como se fosse verdade! É apenas uma crença (existem muitas maneiras de interpretar os eventos, e algumas delas são mais saudáveis do que outras) que pode não corresponder aos factos. Os terapeutas cognitivos ensinam os pessimistas a confrontar esse tipo de pensamento com um processo de três etapas: observar, exteriorizar e contestar. Ensine-o ao seu filho e pratique-o também:
  1. Observa o teu diálogo interno negativo, isto é, aquilo que dizes a ti próprio sobre o que acontece à tua volta;
  2. Exterioriza-o, ou seja, como se fosse algo dito por alguém (que não tu) cuja missão na vida é tornar-te infeliz (sugira ao seu filho que lhe dê um nome);
  3. Contesta da mesma forma como farias com uma pessoa real (como sabes, os adolescentes têm uma habilidade especial para questionar os outros, portanto podem fazê-lo agora consigo mesmo!).

Benefícios: expansão da consciência; melhoria substancial da sua qualidade de vida.

  • Desafiar o pessimismo: as crianças e os adolescentes costumam alimentar muitos pensamentos pessimistas e catastrofistas. «Não vou fazer amigos nesta nova escola. Ninguém vai gostar de mim!», é apenas um exemplo entre tantos outros. Quando os pais pretenderem diminuir o pessimismo nas mentes dos seus filhos, deverão aprender a desafiar quatro padrões de pensamento que levam ao pensamento pessimista.

Permanência: «Isto está sempre a acontecer e vai sempre acontecer assim!»
Absoluto: «Nunca nada dá certo.»
Pessoal: «Comigo acontece sempre isto.»
Impotência: «Não existe uma relação real entre causa e efeito; as coisas simplesmente aconteceram; sou vítima do que aconteceu.»

Benefícios: construir resiliência e autoestima; melhorar o seu desempenho escolar; ter um padrão de sono de mais qualidade; fortalecer o sistema imunitário.

  • Integrar os princípios da resiliência: para que o seu filho integre na sua vida quotidiana os princípios da resiliência, ensine-lhe o truque essencial de lembrar-se constantemente de que, tal como qualquer outro ser humano, o que perceciona da realidade é afinal um enviesamento e que é ele que escolhe, deliberadamente, o que decidir. Repita quantas vezes ele precisar de ouvir: o que lhe acontece é muito menos importante do que a história que ele está a contar a si mesmo sobre o que lhe aconteceu! Ajudá-lo a escolher a forma como perceciona os contratempos passa por mostrar-lhe que tudo é:
  1. Temporário: nada dura para sempre;
  2. Isolado, em vez de difuso, ou seja, os contratempos não indicam nada sobre qualquer outra situação da vida dele;
  3. Impessoal. Um contratempo não é o resultado de uma votação sobre o valor do seu filho enquanto pessoa. Algumas coisas que lhe acontecem são apenas azar, um acaso… e poderiam ter acontecido a qualquer outra pessoa. Em muitos casos, ele traz a si a responsabilidade do que aconteceu, porém, ainda assim, isso não indica nada sobre quem ele é (a sua essência ou a sua identidade), mas apenas nos diz como é que ele escolheu agir (comportamento) naquela circunstância específica. A identidade está, do ponto de vista dos níveis neurológicos, acima dos comportamentos. Ou seja, um comportamento não traduz o que uma pessoa é enquanto essência. Por exemplo, se ele teve uma nota negativa no teste de português, isso aconteceu apenas porque não estudou e não devido ao facto de ele ter sempre (incluindo no futuro) notas negativas nos testes escolares.
  4. Algo que se encontra sempre ao alcance dele para resolver. Talvez o mais importante seja ajudar o seu filho a ver que não é impotente na situação.

Benefícios: aprender a aceitar os erros como lições valiosas; construção de força e de agilidade mentais; alterar o uso quotidiano de expressões pessimistas e trocá-las pelas mais positivas.

  • Registar em diário: este é um hábito indispensável. As pessoas de sucesso – incluindo jovens atletas de alta competição e alunos de excelência – no mundo inteiro não prescindem dele. Uma mente mais clara e uma maior autoconsciência propagam-se a todas as áreas da vida de uma forma profunda. Existem muitas maneiras de usar um diário. Aqui estão os três principais usos:
  1. Recolher ideias espontâneas e incríveis num caderno, num pequeno bloco de notas ou mesmo no telefone;
  2. Expressar gratidão: a gratidão é um estado de espírito que tanto pode ser demonstrado abertamente como intimamente, ao alterar regularmente a perspetiva do que lhe falta para o que possui;
  3. Contornar crenças limitantes: se a forma como pensa (ou seja, os seus «hábitos cognitivos») não lhe serve, pode treinar um novo tipo de mentalidade. Uma forma de o fazer é por meio da reestruturação cognitiva. O seu filho deve identificar, a cada semana, um comportamento ou uma crença que atrapalhe a sua vida e trabalhar para corrigir quaisquer distorções cognitivas (ou «erros de pensamento») subjacentes a eles, como já aprendeu acima neste subcapítulo.

Benefícios: uma mente mais clara e criativa; uma maior sensação de leveza e energia; desenvolvimento de um sentimento de riqueza e de abundância interiores, deixando de olhar para a vida como se esta fosse uma inimiga, escassa ou insuficiente; uma mentalidade forte, de crescimento.

Alguns hábitos são mais importantes do que outros porque têm o poder de iniciar uma reação em cadeia, mudando outros hábitos, conseguindo influenciar a forma como as pessoas trabalham, comem, se divertem, vivem, gastam dinheiro, comunicam e se amam. @ Visão

(O CRESCER vai atualizando com mais hábitos simples: 3 e 4)

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