Dando continuidade ao que o CRESCER aqui iniciou, para pais e filhos, educadores e professores, aqui fica 2º conjunto "dos hábitos simples para miúdos extraordinários" que a Visão fez publicar.
Super-hábitos
de nível 2: super-hábitos mentais
O nível 2 de super-hábitos permite aprimorar o chamado diálogo interno
humano – de que já falámos
anteriormente. Embora este seja o nível mais importante de todos, é o mais
negligenciado e é por isso que existem tantos problemas de saúde mental, como
insegurança, sentimentos de incapacidade e inadequação, ansiedade, depressão,
compulsões, entre tantos outros.
O ser humano encontra-se
constantemente numa conversa consigo mesmo, desde o momento em que acorda até
adormecer. Há investigadores que afirmam que o número médio de pensamentos
diários é de 70 mil! Hábitos mentais referem-se assim aos padrões automáticos
de diálogo interno que as pessoas repetem para si mesmas de forma inconsciente
e de forma continuada. Porém, como as capacidades do seu filho ou aluno são
espantosas, incluindo a plasticidade, a flexibilidade e capacidade de
adaptação, a criação de super-hábitos a este nível é absolutamente fundamental!
Os pensamentos moldam o
mundo emocional e as emoções são elas próprias mecanismos fisiológicos; ou
seja, as emoções são sentidas no corpo físico. Portanto, os hábitos mentais
também estão profundamente relacionados com a conexão mente-corpo.
É bastante provável que,
se as crianças e os adolescentes não tiverem super-hábitos mentais, se inclinem
naturalmente para uma visão mais negativa da vida. O ser humano está
naturalmente programado para descobrir o negativo em tudo: há milhões de anos,
essa ferramenta protegia e garantia a sobrevivência. Portanto, contrariar o
negativo obriga a uma tomada de consciência imediata e a uma prática constante.
Exemplos de super-hábitos
de nível 2:
- Observar,
exteriorizar e contestar: para se adquirir este hábito de alimentar o
diálogo interno positivo do seu filho, ele precisa de substituir o seu
diálogo interno negativo. O problema com o diálogo negativo de uma criança
ou de um adolescente (aquilo que se diz a si próprio baseado nas crenças
pessoais) é que ela ou ele acredita no que «ouve»… e age como se fosse
verdade! É apenas uma crença (existem muitas maneiras de interpretar os
eventos, e algumas delas são mais saudáveis do que outras) que pode não
corresponder aos factos. Os terapeutas cognitivos ensinam os pessimistas a
confrontar esse tipo de pensamento com um processo de três etapas:
observar, exteriorizar e contestar. Ensine-o ao seu filho e pratique-o
também:
- Observa o teu
diálogo interno negativo, isto é, aquilo que dizes a ti próprio sobre o
que acontece à tua volta;
- Exterioriza-o, ou
seja, como se fosse algo dito por alguém (que não tu) cuja missão na vida
é tornar-te infeliz (sugira ao seu filho que lhe dê um nome);
- Contesta da mesma
forma como farias com uma pessoa real (como sabes, os adolescentes têm uma
habilidade especial para questionar os outros, portanto podem fazê-lo
agora consigo mesmo!).
Benefícios: expansão da
consciência; melhoria substancial da sua qualidade de vida.
- Desafiar o
pessimismo: as crianças e os adolescentes costumam alimentar muitos
pensamentos pessimistas e catastrofistas. «Não vou fazer amigos nesta nova
escola. Ninguém vai gostar de mim!», é apenas um exemplo entre tantos
outros. Quando os pais pretenderem diminuir o pessimismo nas mentes dos
seus filhos, deverão aprender a desafiar quatro padrões de pensamento que
levam ao pensamento pessimista.
Benefícios: construir
resiliência e autoestima; melhorar o seu desempenho escolar; ter um padrão de
sono de mais qualidade; fortalecer o sistema imunitário.
- Integrar os
princípios da resiliência: para que o seu filho integre na sua vida
quotidiana os princípios da resiliência, ensine-lhe o truque essencial de
lembrar-se constantemente de que, tal como qualquer outro ser humano, o
que perceciona da realidade é afinal um enviesamento e que é ele que
escolhe, deliberadamente, o que decidir. Repita quantas vezes ele
precisar de ouvir: o que lhe acontece é muito menos importante do que a
história que ele está a contar a si mesmo sobre o que lhe aconteceu!
Ajudá-lo a escolher a forma como perceciona os contratempos passa por
mostrar-lhe que tudo é:
- Temporário: nada
dura para sempre;
- Isolado, em vez de
difuso, ou seja, os contratempos não indicam nada sobre qualquer outra
situação da vida dele;
- Impessoal. Um
contratempo não é o resultado de uma votação sobre o valor do seu filho
enquanto pessoa. Algumas coisas que lhe acontecem são apenas azar, um
acaso… e poderiam ter acontecido a qualquer outra pessoa. Em muitos casos,
ele traz a si a responsabilidade do que aconteceu, porém, ainda assim,
isso não indica nada sobre quem ele é (a sua essência ou a sua
identidade), mas apenas nos diz como é que ele escolheu agir
(comportamento) naquela circunstância específica. A identidade está, do
ponto de vista dos níveis neurológicos, acima dos comportamentos. Ou seja,
um comportamento não traduz o que uma pessoa é enquanto essência. Por
exemplo, se ele teve uma nota negativa no teste de português, isso
aconteceu apenas porque não estudou e não devido ao facto de ele
ter sempre (incluindo no futuro) notas negativas nos testes
escolares.
- Algo que se encontra
sempre ao alcance dele para resolver. Talvez o mais importante seja ajudar
o seu filho a ver que não é impotente na situação.
Benefícios: aprender a
aceitar os erros como lições valiosas; construção de força e de agilidade
mentais; alterar o uso quotidiano de expressões pessimistas e trocá-las pelas
mais positivas.
- Registar em diário:
este é um hábito indispensável. As pessoas de sucesso – incluindo jovens
atletas de alta competição e alunos de excelência – no mundo inteiro não
prescindem dele. Uma mente mais clara e uma maior autoconsciência
propagam-se a todas as áreas da vida de uma forma profunda. Existem muitas
maneiras de usar um diário. Aqui estão os três principais usos:
- Recolher ideias
espontâneas e incríveis num caderno, num pequeno bloco de notas ou mesmo
no telefone;
- Expressar gratidão:
a gratidão é um estado de espírito que tanto pode ser demonstrado abertamente
como intimamente, ao alterar regularmente a perspetiva do que lhe falta
para o que possui;
- Contornar crenças
limitantes: se a forma como pensa (ou seja, os seus «hábitos cognitivos»)
não lhe serve, pode treinar um novo tipo de mentalidade. Uma forma de o
fazer é por meio da reestruturação cognitiva. O seu filho deve
identificar, a cada semana, um comportamento ou uma crença que atrapalhe a
sua vida e trabalhar para corrigir quaisquer distorções cognitivas (ou
«erros de pensamento») subjacentes a eles, como já aprendeu acima neste
subcapítulo.
Benefícios: uma mente
mais clara e criativa; uma maior sensação de leveza e energia; desenvolvimento
de um sentimento de riqueza e de abundância interiores, deixando de olhar para
a vida como se esta fosse uma inimiga, escassa ou insuficiente; uma mentalidade
forte, de crescimento.
Alguns hábitos são mais
importantes do que outros porque têm o poder de iniciar uma reação em cadeia,
mudando outros hábitos, conseguindo influenciar a forma como as pessoas
trabalham, comem, se divertem, vivem, gastam dinheiro, comunicam e se amam. @
(O CRESCER vai atualizando com mais hábitos simples: 3 e 4)
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