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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

saúde: primeiros pacientes da terapia pioneira com células CAR-T “curados” de cancro no sangue

Dois dos primeiros pacientes humanos a serem tratados com uma terapia revolucionária que cria células imunológicas para atingir tipos específicos de cancro ainda possuem células anticancerígenas uma década depois, sem qualquer sinal de regresso da doença. A descoberta sugere que a terapia com células CAR-T constitui uma ‘cura’ para certos tipos de cancros no sangue, embora a adaptação para tratamentos de tumores sólidos esteja a mostrar-se mais desafiadora.
A terapia com CAR-T – recetor de antígeno quimérico – funciona através da engenharia genética das células T de um indivíduo para reconhecer e destruir células cancerígenas. As células T são um tipo de glóbulo branco que pode reconhecer e destruir células estranhas, incluindo as cancerígenas, mas como o cancro é muito bom em evitar a deteção imunológica, muitas vezes erram o alvo. As células CAR-T estão projetadas projetadas para torná-las melhores na deteção de células cancerígenas.
No Reino Unido, a terapia é aprovada para uso em crianças e adultos jovens com leucemia linfoblástica aguda de células B (LLA) e adultos com certos tipos de linfoma – ambos são cancros do sangue. Nos ensaios, a terapia CAR-T foi extraordinariamente bem-sucedida, colocando os pacientes que tinham meses de vida em remissão mas os efeitos a longo prazo não foram amplamente estudados.
Num estudo publicado na revista científica ‘Nature’, Carl June, da Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, e a equipa de cientistas relataram como as células de dois dos primeiros pacientes estão a sair-se 10 anos depois: ambos sofriam de leucemia linfocítica crónica quando receberam terapia com CAR-T em 2010 e alcançaram remissão completa depois de meses de tratamento – o que significa que todos os sinais e sintomas de sua leucemia desapareceram. Permaneceram livres de cancro até hoje. Quando os investigadores examinaram o sangue dos pacientes, conseguiram identificar células CAR-T capazes de proliferar e matar células cancerígenas, bem como outras que ajudam a moldar as respostas imunes.
“Chamamos estas células de terapia viva mas foi uma grande surpresa para nós que elas ainda sejam capazes de matar células cancerígenas 10 anos após a infusão”, apontou June. “Não podemos dizer se todas as últimas células cancerígenas desapareceram dentro de três semanas [de tratamento], ou pode ser que continuem a surgir como toupeiras e depois sejam mortas. Mas sabemos que as células CAR-T estão em patrulha – persistem e são funcionais.”
Martin Pule, diretor do programa de células CAR-T do UCL Cancer Institute, descreveu o artigo como um marco. “Há uma década, esta terapia era uma abordagem terapêutica explorada por um número muito pequeno de cientistas, uma abordagem marginal e improvável de funcionar”, explicou.
Já David Porter, da Universidade da Pensilvânia, que esteve envolvido na pesquisa, disse que a equipa não estava preparada para o sucesso da pesquisa. “Os médicos oncológicos não usam palavras como ‘cura’ de ânimo leve ou, francamente, com muita frequência. Mas agora temos pacientes que não recaíram e realmente acreditamos que podemos começar a usar a palavra ‘cura'”.
As células T de segunda geração, projetadas para reconhecer tumores sólidos e resistir ao microambiente, estão a ser testadas em ensaios clínicos, incluindo em pacientes com leucemia na UCL.@  Sapo 

1 comentário:

Teresa Lacerda disse...

É uma ótima notícia!