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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Covid-19: estas são as regras que podem acabar e as que devem continuar (para sempre)

A pneumologista e investigadora de doenças infeciosas, Raquel Duarte, destacou as principais medidas de contenção da Covid-19 que devem acabar e sublinhou outras que devem manter-se definitivamente.


“Não devemos datar a pandemia. A pandemia não acaba nem por decreto, nem por estarmos cansados, nem porque queremos. A pandemia tem, de certa maneira, vontade própria e aquilo que podemos fazer é estar preparados”, começou por referir em declarações à ‘CNN Portugal’.
Segundo a especialista, “temos a vacinação, temos novos fármacos, sabemos tratar os doentes com covid-19 e sabemos que medidas são mais eficazes na contenção da transmissão”, refere. “Temos ferramentas para lidar com esta infeção e estamos neste momento a atingir o pico desta curva. Vamos ter brevemente a redução [dos casos] e está na altura de nos prepararmos para um aliviar das medidas.”

Testagem massiva e máscaras no exterior podem ser aliviadas 
“O alívio de medidas deve ser feito de forma gradual e monitorizado. É natural que a testagem massiva caia, mas temos de manter ainda alguma testagem porque não podemos ser surpreendidos com uma grande onda”, defende Raquel Duarte. “Tem de manter-se a testagem para as populações mais vulneráveis, para as situações de maior risco de transmissão”, aponta.
Da mesma forma, segundo a responsável, também “a máscara em locais de maior risco é natural que se mantenha durante os próximos tempos, enquanto vamos vendo o efeito da redução das medidas restritivas. É preciso também começar já a pensar no próximo inverno, nas próximas ondas.”
Já no exterior, o uso de máscaras pode ser aliviado. “O exterior, apesar de tudo, é onde o risco é menor. O risco é maior nos locais fechados, pouco ventilados, com grande concentração de pessoas”, explica citada pela estação, adiantando que também a testagem massiva pode ser levantada.
“A redução deve ser gradual, começando pelas situações de menor risco e deixando as de maior risco ainda preservadas para vermos o que acontece em termos de população. Tal como as populações mais vulneráveis devem estar protegidas, porque são as que correm mais risco de formas graves e de morrer, devem ser protegidas ao máximo”, frisa.

Vacinação veio para ficar, mas ventilação é também importante
Raquel Duarte sublinha que “vamos ter de ser vacinados mais vezes. Se é uma dose de reforço ou se é uma vacina ajustada, a periodicidade vai ter de ser analisada com cuidado, porque vai depender da sazonalidade e duração da imunidade da vacina. Mas há uma coisa importante que temos aprendido que é a própria adesão da população às medidas, que depende muito da sua perceção de risco”, refere à ‘CNN’.
“Devemos ir ajustando as medidas a esse mesmo risco, sob pena de depois não termos a adesão da população. Nesta fase ainda estamos no pico, estamos na altura de reduzir, com prudência, olhando para os números, vendo exatamente quais as medidas que devem ser aliviadas, monitorizando, porque não podemos perder o foco”, alerta.
Segundo a especialista, “a vacinação é o grande pilar, mas há uma medida que tem de ser seriamente pensada que é a ventilação dos espaços interiores. Tem de ser possível trabalharmos e termos aulas em espaços adequadamente ventilados, em espaços seguros. Temos de pensar seriamente na qualidade do ar interior”, aponta.

Há comportamentos que “são para manter”
A par disso, Raquel Duarte indica que “há uma série de comportamentos que surgiram com a covid-19 que vão ter de ser mantidos”, nomeadamente o facto de as pessoas não poderem ir trabalhar com sintomas, para não contagiar os outros.
“Em termos de comportamento, aquilo que acontecia no passado, ou seja, pessoas com sintomas respiratórios que iam trabalhar, estar com a família, com os amigos e no fundo havia transmissão fácil das infeções respiratórias”, já não pode acontecer.
Para Raquel Duarte, “há uma série de comportamentos que nesta altura são inaceitáveis entre nós. Se estamos com sintomas respiratórios vamos colocar uma máscara, não vamos socializar com os amigos e infetar os nossos colegas de trabalho. Há uma série de comportamentos que vamos ter de manter para lá da covid-19”, refere.
“A vacinação, a utilização de máscara em situação de maior risco ou em alturas de maior risco de transmissão, a ventilação, a proteção dos mais vulneráveis e a existência de planos de contingência, como sempre houve, ajustados às necessidades atuais para preparar os serviços para novos picos, novas ondas”, são exemplos disso. @ Sapo

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