Pela primeira vez dois investigadores portugueses, Henrique Veiga-Fernandes e Ana Pêgo, foram convidados para o conselho de editores de uma das revistas científicas mais influentes a nível mundial.
Henrique Veiga-Fernandes estuda os meandros da relação entre o sistema imunológico e o sistema nervoso e as portas que isso pode abrir no tratamento de várias doenças inflamatórias. Ana Pêgo investiga nanomateriais que podem ser usados em terapias de medicina regenerativa, também ligada às neurociências, na reabilitação de doenças degenerativas e AVC. Ele é investigador principal na Fundação Champalimaud, ela no i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto e, além de outros cargos dentro e fora de portas, vão ser agora os primeiros portugueses a integrar o Conselho de Editores de Revisão da revista Science, um painel com cerca de 200 cientistas especialistas nas diversas áreas que ajudam a avaliar e a propor novos revisores para os artigos submetidos para publicação naquela que é uma das revistas científicas de maior influência a nível mundial – só 7% dos artigos submetidos são publicados. A nomeação por dois anos é oficializada hoje e, apesar de não se conhecerem, a reação ao convite que chegou há um mês por email foi parecida. “Ao início pensei que era phishing”, confessa Veiga Fernandes. Ana Pêgo ri-se quando partilhamos a reação do novo colega:_“Eu também pensei que era spam, a primeira reação era apagar, mas depois lá vi que era um convite muito personalizado.”
A escolha, explicam ambos ao i, terá sobretudo a ver com fazerem investigação em áreas de fronteira e é esse olhar que a Science pede também aos seus conselheiros, que descreve como “embaixadores”, diz Veiga-Fernandes. “São escolhidos cientistas que trabalham em áreas na fronteira do conhecimento e onde se pensa que se encontrarão respostas para as grandes questões da humanidade e civilizacionais do futuro, como tratar o cancro, como resolver o problema das alterações climáticas, como vamos descobrir vida fora do planeta”, exemplifica o investigador, que diz que a escolha de dois portugueses é um “exemplo claro do vigor da ciência nacional.” Ana Pêgo sublinha que é gratificante por isso, o contribuir para “pôr a ciência portuguesa no mapa”, mas também pelo reconhecimento de áreas que começaram há vários anos e agora começam a dar frutos. E é preciso publicar muito na Science para chegar a embaixador? A revista não parece guiar-se por aí. Entre dezenas de artigos publicados, Veiga-Fernandes publicou uma vez na Science e Ana Pêgo é a primeira vez, nestas funções, que vê o seu nome na revista. @ Sapo
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