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terça-feira, 4 de maio de 2021

ataques de pânico: porque acontecem (agora com mais frequência) e os truques para lidar com eles

                                                                   Getty Images

Durante a pandemia, os ataques de pânico, principalmente em pessoas mais ansiosas, surgiram com mais facilidade. Uma especialista explica à VISÃO o que se pode fazer nestas situações, de forma a minimizar os sintomas e a melhorar o estado de ansiedade que esses eventos provocam.
A pandemia de Covid-19, que provocou maior ansiedade e stress, no geral, pode ter feito, também, com que as pessoas com maior vulnerabilidade psicológica e sensibilidade à ansiedade experimentassem ataques de pânico. Quem o diz é Ana Paula Trindade, psicóloga clínica na CLIPEDAM, na Amadora, Lisboa. “Estas pessoas, ao terem sensações corporais desagradáveis, desconfortáveis ou um pouco assustadoras interpretam-nas erradamente como perigosas e catastróficas, originando uma espiral de ansiedade que pode culminar num ataque de pânico”, explica a especialista à VISÃO.
Em Portugal, estima-se uma prevalência anual de transtornos relacionados com a ansiedade de 16,5%. Neste momento específico e único, podem surgir sintomas que vão ser interpretados como sinais de coronavírus e que vão fazer com que a ansiedade aumente. Consequentemente, o ciclo ansioso inicia-se. Além disto, há várias outras razões podem provocar ataques de pânico em certos momentos. Caraterísticas de personalidade como ter baixa autoestima, pensamentos negativos exagerados e uma tendência para a culpabilidade podem ter um peso na maior tendência ao surgimento de um ataque de pânico, explica Ana Paula Trindade.
Passar, também, por eventos stressantes como a perda de emprego, uma rutura de relacionamento ou a morte de um familiar pode favorecer o surgimento de ataques de pânico, assim como ter um histórico de traumas – abusos sexuais, acidentes ou assaltos -, ou acumular certas tensões ou inibições, acrescenta a psicóloga. Pessoas com depressões também são mais vulneráveis a este tipo de eventos, mas os ataques de pânico podem surgir, também, como resposta a uma situação específica, como uma fobia com a qual teve de se lidar de forma inesperada, por exemplo.
Conseguem identificar-se facilmente os ataques de pânico? E como lidar com eles?
O ataque de pânico caracteriza-se por ser um episódio de medo intenso ou de desconforto que começa de forma súbita e pode fazer parte de algum transtorno de ansiedade. Pode ser, portanto, difícil, principalmente para quem nunca passou por um evento destes, identificar que se está a ter um ataque de pânico. “A crise de pânico é frequentemente acompanhada por uma sensação de perigo ou catástrofe iminente e por um impulso para a fuga. O início é súbito e frequentemente atinge o seu pico de maior intensidade muito rapidamente, habitualmente em menos de 10 minutos”, explica Ana Paula Trindade, acrescentando que a sua duração é limitada, raramente ultrapassando os 15/20 minutos de duração.
Os sintomas mais comuns incluem palpitações, ritmos cardíacos acelerados, suores, estremecimentos ou tremores, dificuldade em respirar, sensação de sufoco, desconforto ou dor no peito, náuseas ou mal-estar abdominal, sensação de tontura, desequilíbrio, cabeça oca ou desmaio, desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (sentir-se desligado de si próprio), medo de perder o controlo ou de enlouquecer, medo de morrer, parestesias (dormência ou formigueiros) e sensação de frio ou de calor.  
É importante distinguir aquilo que é um ataque de pânico e o que é a síndrome de pânico, sendo que a primeira acontece durante um período breve, com início repentino e sintomas físicos e emocionais. Já a segunda provoca ataques de pânico recorrentes que causam preocupações excessivas com possíveis ataques futuros. Se uma pessoa tiver eventos destes de forma frequente e modifica o seu comportamento para os evitar deve pedir ajuda psicológica, afirma a especialista. Mas é possível aprender a gerir estes eventos e há algumas dicas que podem ser seguidas para controlar melhor esses momentos:

– Perceber que se está a ter uma crise momentânea; 

– Sentar-se num local sossegado e pensar na ausência de consequências negativas para o organismo; 

– Reestruturar o pensamento desta forma: “Isto vai passar” e “Não vou morrer”; 

– Fazer interpretações corretas do significado das sensações corporais e afastar crenças erradas acerca da sua perigosidade; 

– Concentrar a atenção num objeto exterior e desviando-a, assim, das sensações corporais e pensamentos catastróficos (técnica de distracção). @ Sapo


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