Os portugueses passam, em média, 129 minutos por dia nas redes sociais, sendo Portugal o quinto país da União Europeia (UE) com maior utilização destas plataformas e, por conseguinte, dos mais expostos a fenómenos como desinformação e propagação política.
Os dados constam de um relatório divulgado pelo Centro Comum de Investigação (CCI), o serviço científico
interno da Comissão Europeia, sobre "Tecnologia e democracia",
realizado por investigadores comunitários para "compreender a influência
das tecnologias digitais no comportamento político e na tomada de
decisões".
Segundo
o documento, no ano passado, "48% dos cidadãos da UE utilizavam redes de
sociais todos os dias ou quase todos os dias", sendo que "o tempo
médio diário de utilização - através de qualquer dispositivo - variou entre os
129 minutos por dia em Portugal e os 64 minutos na Alemanha".
"As
redes sociais tornaram-se uma característica omnipresente da vida", já que
através dessas plataformas digitais "é possível saber tudo, desde eventos
familiares e aventuras de amigos a desenvolvimentos políticos, apenas
verificando os murais do Facebook, Instagram ou Twitter", assinala o CCI
no relatório.
No
que toca ao peso das redes sociais na utilização digital dos cidadãos da UE,
Portugal ocupava em janeiro de 2020 o quinto lugar entre os Estados-membros que
mais utilizavam estas plataformas, antecedido por Malta, Chipre, Eslovénia e
Dinamarca, segundo os dados apresentados no documento.
De
acordo com a mesma informação, entre julho de 2019 e julho de 2020, a quase
totalidade (98,5%) da utilização das redes sociais em toda a UE assentava sobre
cinco plataformas, todas elas norte-americanas: Facebook (75,66%), Pinterest
(8,78%), Twitter (7,61%), Instagram (4,47%) e YouTube (1,14%).
Analisando
estes dados bem como as suas consequências, o CCI chegou à conclusão, neste
relatório, que "há provas científicas de que as redes sociais mudam o
comportamento político das pessoas no 'offline', o que inclui o incitamento a
comportamentos perigosos, tais como crimes de ódio".
Isto
porque foram "identificados quatro pontos de pressão que emergem quando as
pessoas e o ambiente 'online' são postos em contacto sem grande controlo
público ou governação democrática", sendo eles economia da atenção,
definições de escolha, algoritmo personalizado e as designadas 'fake news'
(notícias falsas).
No
que toca às 'fake news', o CCI explica que as redes sociais reúnem as
"condições perfeitas para a propagação da desinformação", desde logo
por ali haver "algoritmos que promovem conteúdos atraentes" e
"forte predisposição das pessoas para se orientarem para notícias
negativas, uma vez que a maioria das notícias falsas tende a evocar emoções
negativas tais como medo, raiva e indignação".
Relativamente
à política, os peritos alertam que "os espaços 'online' isolados podem
funcionar como laboratórios que desenvolvem pontos de conversa
extremistas".
Reagindo
a estas conclusões, a comissária europeia para a Inovação, Investigação,
Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, observa em comunicado que as
redes sociais podem, realmente, ser usadas para "difundir mensagens
polarizadoras e informação enganosa, o que pode dificultar a capacidade de
tomar decisões políticas informadas".
Por isso, adianta que ser necessário "tomar as ações certas para salvaguardar um futuro participativo e democrático em benefício de todos os cidadãos europeus". @ Sapo
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