Cada vez mais estamos atentos às dificuldades escolares das crianças, focamo-nos no rendimento académico e é verdade que é um preditor do futuro sucesso de uma criança, mas também é verdade que significa muito mais do que isso.
O que nos preocupa (Cátia Lopo e Sara Almeida, psicólogas, co-fundadoras da Escola do Sentir) é que, na maioria
das vezes, perante o insucesso escolar limitamo-nos a dar a uma criança cada
vez mais suporte escolar, cada vez mais trabalho, cada vez mais explicações,
sem aprofundar e dar significado às verdadeiras dificuldades da criança e, por
muito que o façamos com a convicção de que é o melhor para uma criança, muitas
vezes, esta sobrecarga académica não só não melhora o rendimento escolar, como
até pode, em algumas circunstâncias, agudizá-lo.
O
insucesso escolar é um fenómeno complexo, que exige uma compreensão global do
funcionamento de uma criança, uma vez que, regra geral, é o resultado da
descoordenação de diversas áreas da vida de uma criança.
Se à primeira vista quando olhamos para o insucesso escolar a primeira coisa que nos ocorre são dificuldades cognitivas, a verdade é que, num grande número de crianças, as dificuldades cognitivas são o factor menos significativo no insucesso escolar. Assim, a área cognitiva deve ser avaliada, no entanto, são diversos os outros factores preponderantes que devem também ser alvo de avaliação.
Em primeiro lugar, é essencial analisar as circunstâncias envolventes da criança, nomeadamente fatores familiares. É simples percebermos que nenhuma criança fica disponível para aprender se em casa deixou um pai - ou uma mãe - em dificuldades, sejam elas relacionais, económicas ou de saúde. Por muito que queiramos que a escola se sobreponha a tudo, nunca a escola se vai sobrepor à família no coração de uma criança.
No mesmo seguimento, os factores emocionais e sociais de uma criança devem ser tidos em consideração, por exemplo, se uma criança não encontra a estabilidade de que precisa no contexto escolar, fica também incapaz de aprender. Aqui devemos ficar alerta, entre outras situações, quer às situações de crianças que são alvo de agressões, quer às situações de crianças que agridem, ou que, por tão inseguras que se sentem, acabam por se isolar e fazer os possíveis por ‘não existir’.
A juntar a tudo isto, por vezes, temos crianças que não só não parecem ter dificuldades cognitivas, como parecem ter uma família relativamente organizada, e uma vida emocional e social tranquila e, mesmo assim, sem explicação, surge o insucesso escolar. Claro que pode haver um acontecimento ou outro que, não merecendo destaque, contamina o rendimento escolar de uma criança de forma pontual. No entanto, sempre que essa contaminação persiste então, certamente não está tudo tão ‘arrumado’ na vida da criança como aparenta.
Assim, perante uma situação de insucesso escolar, é essencial termos presente que a escola, no coração de uma criança raramente é a prioridade, não se sobrepõe ao que ela sente, à sua família, ou aos seus amigos.
Por tudo isto, é urgente que pais, professores e cuidadores, antes de ‘ocuparem’ todo o tempo de uma criança com explicações e apoios cognitivos, ajudem uma criança e, muitas vezes, uma família a sintonizar-se consigo, a equilibrar-se e a unir os mundos. Para que, posteriormente, livre de tudo aquilo que a preocupa e segura de si, uma criança se consiga colocar em posição de aprendizagem. @ Sapo
Se à primeira vista quando olhamos para o insucesso escolar a primeira coisa que nos ocorre são dificuldades cognitivas, a verdade é que, num grande número de crianças, as dificuldades cognitivas são o factor menos significativo no insucesso escolar. Assim, a área cognitiva deve ser avaliada, no entanto, são diversos os outros factores preponderantes que devem também ser alvo de avaliação.
Em primeiro lugar, é essencial analisar as circunstâncias envolventes da criança, nomeadamente fatores familiares. É simples percebermos que nenhuma criança fica disponível para aprender se em casa deixou um pai - ou uma mãe - em dificuldades, sejam elas relacionais, económicas ou de saúde. Por muito que queiramos que a escola se sobreponha a tudo, nunca a escola se vai sobrepor à família no coração de uma criança.
No mesmo seguimento, os factores emocionais e sociais de uma criança devem ser tidos em consideração, por exemplo, se uma criança não encontra a estabilidade de que precisa no contexto escolar, fica também incapaz de aprender. Aqui devemos ficar alerta, entre outras situações, quer às situações de crianças que são alvo de agressões, quer às situações de crianças que agridem, ou que, por tão inseguras que se sentem, acabam por se isolar e fazer os possíveis por ‘não existir’.
A juntar a tudo isto, por vezes, temos crianças que não só não parecem ter dificuldades cognitivas, como parecem ter uma família relativamente organizada, e uma vida emocional e social tranquila e, mesmo assim, sem explicação, surge o insucesso escolar. Claro que pode haver um acontecimento ou outro que, não merecendo destaque, contamina o rendimento escolar de uma criança de forma pontual. No entanto, sempre que essa contaminação persiste então, certamente não está tudo tão ‘arrumado’ na vida da criança como aparenta.
Assim, perante uma situação de insucesso escolar, é essencial termos presente que a escola, no coração de uma criança raramente é a prioridade, não se sobrepõe ao que ela sente, à sua família, ou aos seus amigos.
Por tudo isto, é urgente que pais, professores e cuidadores, antes de ‘ocuparem’ todo o tempo de uma criança com explicações e apoios cognitivos, ajudem uma criança e, muitas vezes, uma família a sintonizar-se consigo, a equilibrar-se e a unir os mundos. Para que, posteriormente, livre de tudo aquilo que a preocupa e segura de si, uma criança se consiga colocar em posição de aprendizagem. @ Sapo
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