O novo
coronavírus é agora mais contagioso do que quando chegou no Inverno passado,
mas não se tornou mais virulento, de acordo com vários estudos que analisaram a
evolução do SARS-CoV-2 (responsável pela doença de covid-19) desde o seu
aparecimento.
O agente
patogénico adquiriu a capacidade de ser transmitido mais eficientemente graças
a uma mutação genética que lhe permitiu modificar a proteína S (spike em
inglês, isto é, espigão). É a proteína que o vírus utiliza como ‘gancho’ para
se fixar à membrana das células humanas e infetá-las.
A mutação,
chamada D614G, permite ligar-se às células de forma mais eficiente, de acordo
com a investigação da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Os novos
dados apresentados esta semana na revista científica Nature mostram que a
mutação acelera a proliferação do vírus nas vias respiratórias superiores, mas
não nos pulmões.
A
multiplicação acelerada do vírus explica por que é que as estirpes com esta
mutação são agora predominantes no mundo. Uma vez que as pessoas infetadas com
estas estirpes produzem e libertam mais vírus, e podem mais facilmente
espalhá-lo.
Os novos
dados também explicam que o novo coronavírus não se tornou mais viral, visto
que a mutação D614G não aumenta o risco de afetar os pulmões e causar
pneumonia.
Os coronavírus em circulação descendem agora de uma estirpe identificada pela primeira vez numa amostra de um doente de Itália a 20 de Fevereiro. Nessa altura, ainda não se sabia que esta estirpe ia tornar-se dominante. Cientistas norte-americanos reconstruíram a sua história numa investigação publicada a 20 de Agosto na revista Cell. Mostraram que os vírus com a mutação D614G se espalharam rapidamente pela Europa e pelo resto do mundo. No final de Março, a mutação já estava presente em 60% de todas as sequências do SARS-CoV-2 analisadas globalmente. Em Maio, estava nos 90%. E, no final de Junho, estava quase a 100%.
Mas a
questão passa por saber por que razão esta rápida expansão estava a ocorrer.
Poderia ser que a mutação fosse benéfica para o vírus e lhe desse uma vantagem
competitiva sobre outras estirpes.
Dois novos
estudos apresentados esta semana apoiam esta hipótese. Na revista Nature,
cientistas da Universidade do Texas, nos EUA, publicaram os resultados de
experiências em que compararam a atividade dos vírus com a mutação D614G e dos
vírus sem a mutação.
Nas células e tecidos do sistema respiratório humano, observaram que os vírus SARS-CoV-2 com a mutação produzem até 2,4 vezes mais vírus novos do que aqueles sem a mutação. @ Sapo
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