“Uma ala chamada Álvaro Siza?! Isso é que não, que isso é chamar a morte! No projeto, eu chamo-lhe ala poente porque eu próprio estou numa fase poente”.SIza saudou assim o novo edifício do Museu de Serralves: "Chamo-lhe ala poente porque eu próprio estou numa fase poente”
Igor Martins/Global Imagens
Álvaro Siza, de 90 anos, Prémio Pritzker de 1992, é o autor do projeto do Museu Serralves, inaugurado em 1999, da Casa do Cinema Manoel de Oliveira (2019), da Casa do Jardineiro (2021), e agora da nova ala com o seu nome.
Como declarou Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração de Serralves, “este é um dia muito importante: graças a este génio, em 1999 o Porto passou a ter um museu com o objetivo de divulgar a arte contemporânea que contava com 80 mil visitantes por ano e, atualmente, é um marco arquitetónico nacional e internacional que recebe mais de um milhão de visitantes anuais. Por isso merecia ultrapassar as limitações na capacidade de difusão artística”.
O novo edificado vai aumentar em 40% a área expositiva da instituição e em 75% a área da reserva.
Nos primeiros três meses estará vazio para que o público possa apreciar a beleza da sua arquitetura. Depois deverá albergar, já no início de 2024, duas grandes exposições: “Uma dedicada à Coleção de Serralves e outra dedicada à obra de Siza”, anunciou Ana Pinho.
Quando Álvaro Siza pegou no projeto encontrou várias condicionantes: “A área classificada do Parque, um acesso alternativo a partir do jardim, uma receção comum com o museu e a intenção de que o anterior e o atual museu funcionem como um todo evidente”, detalhou o arquiteto.
“Não queria era ter um museu e depois um anexo”, disse ainda Siza, “e, portanto, quis fazer um todo dos dois. E a ponte ajudou muito nesse sentido. E, depois foi preciso ter cuidado com as árvores, para não levar à destruição de muitas outras”, explicou.
"Não acontecia nem com os Papas"
Segundo Ana Pinho, o cuidado foi tanto que há quem pergunte “quando começam a construir o novo edifício do Museu” e nem tenha percebido que “já está construído”.
Parte do êxito da sua história com Serralves – “a melhor coisa que me aconteceu na carreira” –, vem da relação do arquiteto com o dono da obra, destacou Álvaro Siza, “algo que não acontecia nem com os Papas, nem com a monarquia – principalmente quando eram decapitados”, gracejou.
As novas salas de exposição são interligáveis e ajustáveis, e entre elas há uma área com 12 metros de altura que permite ao museu dispor de um total de 6280 metros quadrados de áreas expositivas. Além disso faz o Museu diminuir a sua pegada ambiental.
O edifício tem três pisos, e é composto por cave e dois espaços expositivos. Foi edificado em tempo recorde: 18 meses. Álvaro Siza, bem disposto, disse que o seu “recorde são 40 anos – é um projeto que desenhei para Veneza e ainda não foi edificado”. E acrescentou que “na Europa, o único sítio bom para se ser arquiteto é na Suíça, porque está fora da Comunidade Europeia e das suas burocracias”.
O concurso para a obra teve um valor de 10 milhões de euros. O projeto contou com 4,25 milhões do programa NORTE 2020. Fonte: JN
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