Lisboeta por nascimento, há um bom par de anos que adotou a Ericeira como terra sua. Ali continua a escrever e a conversar com quem passa, atenta aos gestos e palavras do quotidiano. Acaba de vencer o Prémio Ibero-americano SM de Literatura Infantil e Juvenil.
Está uma perfeita jagoz (Jagozes dizem-se aqueles que nasceram na vila da Ericeira, é a “gente do mar”). Sentada frente ao mar da Ericeira, munida de agulhas de tricot e lãs coloridas, Alice Vieira dá conversa a quem passa e lhe traz notícias frescas do centro da vila, como se fazia num tempo anterior às redes sociais. É como se sempre ali tivesse estado e fosse, afinal, uma jagoz, nome antigo que, segundo Leite de Vasconcelos (na obra Etnografia Portuguesa) se dava aos naturais deste lugar onde, como se assinala na via pública, a Rainha Dona Maria Pia vinha a banhos sem suspeitar que, em 1910, aqui veria terra portuguesa pela última vez. "As pessoas pensam que agora estou sempre de férias porque vivo aqui", conta-nos a escritora. "Mas a verdade é que aqui sentada, na esplanada onde venho todas as manhãs, estou a escrever livros mentalmente e a inspirar-me nas conversas que ouço e que são deliciosas." Fonte: Sapo
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