As greves dos professores vão regressar depois do Natal se o Governo não atender às exigências da classe docente: para já a aposta neste 1º período vai ser em protestos fora da caixa e ideias criativas e que não roubem dias de salário aos professores, segundo referiu Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. Durante o que falta do primeiro período deverá haver protestos ‘fora da caixa’, sendo expectável que ocorra uma paralisação no início do 2º período, sendo que o mais provável é haver uma greve distrital.
A plataforma de
sindicatos da educação vai reunir-se esta terça-feira para debater novas formas
de luta. A Fenprof já anunciou a intenção de se aliar à greve da Função
Pública, em 27 de outubro, mas fora de questão está haver greves por 15 ou 20
dias seguidos. “Ninguém faz essas greves. O que conta não é a duração, mas a
força da greve”, explicou, salientando que as greves distritais são mais
eficazes. “No ano letivo passado houve duas greves distritais, duas rondas
distintas. Cada ciclo durou 18 dias, ou seja, 36 dias. Para os alunos,
significou apenas dois dias, no total, sem aulas”, apontou. Cada greve teve uma
adesão acima dos 90%, pelo que poderá ser uma fórmula a repetir. “Dá-nos
visibilidade durante 18 dias, mas o esforço de cada professor tem de fazer é de
apenas um dia”, referiu Mário Nogueira.
O desgaste dos
professores é outro elemento a ter em conta: para Pedro Barreiros,
secretário-geral da FNE, procurar protestos mais criativos é uma prioridade,
sobretudo sem custos para os docentes. O sindicato prepara um livro de mensagens
que será entregue ao ministro da Educação como presente de Natal. “Não sei se o
futuro passará por greves ou outras formas de luta mas a FNE estará ao lado de
tudo o que fizer sentido.”
“Os professores estão
desgastados e já gastaram muito dinheiro em greves”, apontou Júlia Azevedo, do
SIPE, reforçando: “A greve é o fim da linha e causa muito impacto na sociedade”
e nas famílias. Já no SPLIU, não faltam motivos para manter a pressão sobre o
Governo. “Estamos prontos para tudo e para fazer o que for necessário para
dignificar e valorizar a profissão de professor”, reconheceu Manuel Monteiro,
salientando que “a pacificação das escolas poderia começar neste momento com a
recuperação faseada do tempo de carreira que esteve congelado”.
“Vai haver certamente
necessidade de se marcar uma grande manifestação por ocasião do Orçamento do
Estado, penso que não há escapatória”, referiu Pedro Barreiros. No entanto, no
dia 13 de novembro, os professores têm agendada uma ação de rua diante do
Parlamento, no dia em que o ministro da Educação vai apresentar o orçamento
para o setor. “Vamos ver o quanto conseguimos pressionar o ministro para haver
mudanças. Mas uma grande manifestação, ainda em dezembro ou no início do 2º
período, é também uma possibilidade”, referiu o secretário-geral da Fenprof.
Em comum nas estruturas sindicais é a pouca confiança que o Governo de António Costa possa fazer algo sobre as reivindicações dos professores – aliás, a proposta do Orçamento do Estado para 2024 indica uma fatia para a Educação abaixo dos 6% do PIB, valor que é visto como aceitável pelas diretrizes internacionais para o setor. Nem mesmo a medida de apoio aos professores para pagar rendas da casa é vista como suficiente. “Está muito por explicar sobre esta medida e não queremos apoios deste tipo. O único apoio que queremos são salários que permitam aos professores fazer face às despesas”, garantiu Pedro Barreiras. Fonte: Sapo
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