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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

mundo: e se Putin carregar no "botão" nuclear?

 
O discurso de Vladimir Putin à nação russa, transmitido na manhã desta quarta-feira (21 set), deixou uma ameaça clara aos países do ocidente: “Se a integridade territorial do nosso país for ameaçada, iremos certamente usar todos os meios à nossa disposição para proteger a Rússia e o nosso povo.” O recurso a armas nucleares é um cenário que Putin tem vindo a referir desde o início da guerra na Ucrânia.

A decisão de Moscovo avançar com um ataque nuclear seria uma situação sem precedentes. Por essa razão, a forma como o ataque seria realizado ou quais os alvos principais são difíceis de prever. Mesmo perante toda a imprevisibilidade, como explica o The Telegraph, analistas que acompanham a retórica nuclear russa traçaram vários cenários possíveis.
Poderá a ameaça ser “bluff”?
Putin fez questão de dizer que a utilização das armas nucleares “não é um bluff”, mas a maior parte os líderes ocidentais não parece estar realmente preocupado com esta possibilidade. Até porque não é a primeira vez que o Presidente russo usou o arsenal nuclear como ameaça contra a Europa e os Estados Unidos.
Uma das possibilidades é que Putin decida avançar com ataques nucleares a alvos limitados, localizados na Ucrânia. As infraestruturas críticas das cidades seriam os alvos potenciais, segundo Lawrence Freedman, especialista em estudos de guerra na King’s College de Londres.

Se Putin quisesse provocar medo à Ucrânia e ao Ocidente, poderia também apontar para ilha da Serpente – a mítica ilha onde um pequeno grupo de ucranianos enfrentou uma frota de russos – um ataque nuclear, mostrando o poder da Rússia. Esta opção, avança o especialista, poderia resultar numa situação humilhante caso a bomba, por alguma razão, não detonasse.

Para Andrey Baklitskiy, especialista do instituto de investigação para o desarmamento da ONU, há um detalhe no discurso de Putin que faz antever um cenário diferente: o Presidente russo disse que só iria avançar armas nucleares “se a integridade territorial” da Rússia fosse “comprometida”. Esta afirmação surge numa altura em que a Rússia está a preparar a realização de referendos de anexação em Kherson, Zaporíjia, Donetsk e Lugansk.

Depois da realização dos referendos às regiões ucranianas, Moscovo pode entender as ofensivas das forças de Kiev para recuperar o território como um pretexto para iniciar a ofensiva nuclear.

Alguns líderes já garantiram estar disponíveis para “carregar no botão” nuclear caso a ameaça russa se cumpra. Liz Truss, primeira-ministra britânica, admitiu que poderia tomar essa decisão durante a sua governação. Também Joe Biden considera que o uso de armas nucleares por Putin irá “mudar completamente a guerra para algo não visto desde a II Guerra Mundial”.

No tratado de criação da NATO existe um artigo que afirma que um ataque a um país é um ataque a todos – o famoso Artigo 5.º. Mesmo que a Rússia opte por apontar o armamento nuclear para o território da Ucrânia, a radiação pode chegar à Polónia – um país que integra a NATO – e desencadear o processo para ativar este artigo. No entanto, essa decisão tem de ser unânime. Em toda a história da NATO, só foi ativado uma vez: na sequência do atentado terrorista do 11 de Setembro de 2001. @SICn

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