Neste outono/inverno é "natural" um novo aumento de infeções, tendência que já se começa a verificar. Mas mais do que a incidência, o foco deve estar na gravidade da doença e em "monitorizar com muita precisão as evoluções" do vírus, diz o pneumologista Filipe Froes. Até porque é "inevitável" uma nova variante ou subvariante. E Portugal pode ser uma porta de entrada.
Maior mobilidade da população, concentração em espaços interiores, a chegada do outono/inverno e o consequente tempo frio, bem como o início do ano letivo vão levar ao aumento de infeções por SARS-CoV-2. "É natural e expectável", afirma ao DN Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Ainda é cedo, no entanto, para fazer projeções para a estação que se aproxima, mas "a evolução recente indica o fim de um período, o da diminuição" de infeções, aponta o matemático. "A evolução dos últimos dias sobre o número de casos diários estabilizou e subiu ligeiramente. Está agora na ordem dos 2700, em termos médios", refere.
O país encontra-se numa fase de "relativa estabilidade", diz o pneumologista Filipe Froes, havendo uma situação "muito mais controlada", face aos anos anteriores. Há, contudo, uma tendência crescente de aumento de infeções, verificando-se uma subida ligeira do índice de transmissibilidade, que regista agora 1,02. "O R(t) apresentou um valor acima de 1 a nível nacional e na maioria das regiões, o que indica uma tendência crescente de novos casos", refere o boletim epidemiológico semanal da DGS, divulgado na sexta-feira.
O país encontra-se numa fase de "relativa estabilidade", diz o pneumologista Filipe Froes, havendo uma situação "muito mais controlada", face aos anos anteriores. Há, contudo, uma tendência crescente de aumento de infeções, verificando-se uma subida ligeira do índice de transmissibilidade, que regista agora 1,02. "O R(t) apresentou um valor acima de 1 a nível nacional e na maioria das regiões, o que indica uma tendência crescente de novos casos", refere o boletim epidemiológico semanal da DGS, divulgado na sexta-feira.
Carlos Antunes não acredita que a subida de casos terá a mesma dimensão da do ano passado. "A imunidade populacional é maior face ao que tínhamos em 2021. A cobertura e a proteção vacinal é maior", justifica. E, apesar da transmissibilidade da subvariante BA.5, que predomina em Portugal (94% dos casos), "provavelmente teremos uma onda muito menor do que tivemos em 2021".
Sendo certo que vamos ter um novo aumento de infeções, é necessário estar de olhos postos no impacto da doença, defende o pneumologista Filipe Froes. "A evolução progressiva do SARS-CoV-2 ao longo deste período pandémico permite-nos não valorizar a incidência como já o fizemos no início, porque havia uma relação direta entre a incidência e a gravidade. Agora focamo-nos, sobretudo, na gravidade", explica. Esse deve ser "o grande objetivo" nesta "fase de transição", considera o ex-coordenador do gabinete de crise para a covid-19 da Ordem dos Médicos.
"Vírus vai continuar a evoluir e a apresentar mutações"
"O que temos de monitorizar não é só o aumento de casos, mas a gravidade em termos de internamentos, em especial ao nível dos cuidados intensivos e mortalidade", destaca. Mas não só. "Temos de continuar a monitorizar com muita precisão as evoluções deste vírus". Até porque, afirma, "estamos a lidar com um vírus respiratório, que mantém as características de um camaleão". "Está sempre em evolução constante", nota.
Existe, atualmente, domínio de circulação da BA.5, mas não se sabe quais as variantes ou subvariantes do SARS-CoV-2 que vão surgir. "Uma coisa é certa: elas vão existir", avisa Froes. "É inevitável".
E diz mais: "O vírus vai continuar a evoluir e a apresentar mutações. Faz parte da sua natureza". Portugal pode mesmo ser a porta de entrada para uma nova variante, segundo o pneumologista. A culpa é da prevalência da atual subvariante.
"Como vai mais adiantado do que outros países em relação à circulação da BA.5, Portugal pode ser uma das portas de entrada na região europeia para uma nova variante ou subvariante, nomeadamente vindas do continente asiático ou do continente africano e beneficiando da elevada saturação da população portuguesa para a subvariante em curso", explica o também consultor da DGS.
O cenário mais provável será o de uma variante "de maior transmissibilidade, não necessariamente associada a maior gravidade".
Para Filipe Froes, é necessário continuar a manter "uma elevada monitorização, vigilância epidemiológica clínica e laboratorial da situação que está a acontecer para, diariamente, irmo-nos ajustando à nova realidade". @ DN
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