Dando continuidade ao que o CRESCER aqui iniciou, para pais e filhos, educadores e professores, aqui fica o 3º conjunto "dos hábitos simples para miúdos extraordinários" que a Visão fez publicar.
O verdadeiro ato de dar
significa não esperar nada em troca.
Super-hábitos de nível 3:
super-hábitos de conexão
Este nível corresponde ao
nível das necessidades básicas (de Maslow) de amor e relacionamentos sociais. A
conexão refere-se à troca de energia emocional entre duas ou mais pessoas.
Trata-se de um dos aspetos centrais na vida escolar e espiritual/religiosa, em
projetos com propósito ou em trabalhos de equipa de todo o tipo. Importa
lembrar que a obsessão que existe atualmente com ecrãs afeta grandemente a
qualidade dos hábitos relacionados com a conexão.
Exemplos de super-hábitos
de nível 3:
- Inatividade, solidão
e silêncio: é imprescindível que o seu filho usufrua pelo menos de 20 ou 30
minutos diários de total solidão e silêncio sem fazer nada ou mesmo sonhar
acordado. Este é talvez o maior segredo guardado pelo cérebro, usado há
milhares de anos pelos sábios e religiosos de várias culturas que prezam o
bem-estar, a plenitude e a felicidade. Curiosamente, para haver conexão
com os outros, a criança ou o adolescente tem de aprender a interagir
consigo mesmo. Ele deve escolher algo agradável para fazer sozinho diariamente,
como ler um livro, escrever ou simplesmente passear.
Benefícios: gerar muita
energia; aumentar os níveis de felicidade; melhorar o relacionamento com os
outros.
- Servir: ao contrário do
que possa parecer, servir não tem de estar relacionado com nada grandioso,
mas apenas em servir o outro de uma forma mais pragmática, como, por
exemplo, oferecer umas explicações a um colega ou irmão; confecionar uma
refeição ou sobremesa para alguém que precise de atenção e carinho; ou
preparar um bom brunch para os pais. Lembre ao seu filho que se
trata de «serviço ao outro» e não de self-service e que o verdadeiro ato de dar significa não esperar nada em
troca. A mudança de comportamento para que o seu filho se habitue a
servir não é tão complicada como a maior parte dos adultos acha. Mas tem
que existir um método que ajude os pais a implementarem hábitos de tarefas
domésticas e vida familiar, de forma a que a criança e o adolescente se sintam
motivados.
Como já sabemos, o
primeiro elemento do ciclo do hábito é a pista – isto é, uma sugestão (já vimos
que existem vários tipos de pistas) que chame a atenção da criança ou do
adolescente e que o leve a perceber o que é que tem de fazer imediatamente a
seguir (comportamento ou rotina). Naturalmente, as pistas mais óbvias, visíveis
e atrativas têm mais probabilidades de serem avistadas e levar assim ao
comportamento desejado do que outras que sejam menos visíveis, menos óbvias e
menos atrativas. E lembre-se: uma das formas mais simples e confiáveis de
mudança de hábitos é a mudança de ambiente físico. Não é por acaso que nos
jardins de infância e escolas se usa a metodologia de criar e de assinalar as
zonas específicas para cada atividade; a altura do dia ou o horário em que
devem ser realizadas; e também o uso das cores e de instruções claras,
detalhadas, simples e ilustrativas.
Em casa, por exemplo,
podem empregar-se etiquetas codificadas por cores ou diferentes post-its ou
outros marcadores óbvios. Uma das melhores formas de ensinar ao seu filho a
colaborar com as tarefas domésticas é criar-lhe um hábito. Deve ser um sistema
simples de delegação de tarefas que seja justo, revezando-se semanalmente para
que todos os membros da família tenham a sua oportunidade de fazer um pouco de
tudo.
A ideia base é separar a
sua casa por zonas. Cada casa tem as suas zonas. Não existe uma forma única de
criar zonas. Podem criar-se zonas com base nas divisões da sua casa ou dividir
as tarefas e tipo de trabalho que envolve. Depois de decidir quais as
diferentes zonas, precisa de acrescentar tarefas específicas a cada uma delas.
Tente manter cinco tarefas por cada zona. Assim torna-se fácil de ver, no
início, uma tarefa apenas por dia. Numa folha de papel ou cartaz, pode rotular
diariamente cada tarefa (se for diária) ou com o nome do dia da semana em que a
tarefa deverá ser feita.
Os quartos individuais
devem ser da responsabilidade de cada um e devem ser limpos e arrumados ao fim
de semana. Também deve haver uma limpeza profunda de cada quarto de tempos a
tempos (defina as semanas de intervalo como pista do hábito). (...)
Coloque o quadro num
lugar visível. Depois de alguns dias, tornar-se-á natural o seu filho olhar
para o quadro assim que chega da escola ou em qualquer outra altura do dia que
tenha sido definida (pista). E depois de algumas semanas tornar-se-á num
hábito.
As recompensas são
fundamentais no processo, pois constituem o terceiro elemento do hábito e podem
variar, de acordo com o que ficar combinado: entre celebrar imediatamente (o
bolo ou o prato preferidos) ou ter acesso a tecnologia (mais tempo de ecrã).
Rode as zonas: no domingo
troque de zonas para a semana seguinte. Comece com uma zona por cada filho até
que ele automatize o hábito.
Benefícios para o seu
filho: Ensina-o a ser mais independente; ganha orgulho com o trabalho
realizado; treina competências importantes para a vida; passa a ser mais
cuidadoso com as áreas que ele limpa; conecta-o mais facilmente a outras
pessoas, em relacionamentos de maior qualidade; liga-o a algo que está para
além do seu próprio mundo interior.
Advertências:
- Seja flexível,
sobretudo quando há dias mais cansativos e difíceis, mas o objetivo é que,
na maior parte das vezes, o seu filho saiba exatamente o que há para fazer
e que o faça;
- Não espere que a
rotina funcione todos os dias ou para cada filho e mude se não estiver a
funcionar como o previsto. Isso mostra que o adulto está a prestar atenção
e a ser flexível. O objetivo é a rotina funcionar para o seu filho, por
isso ele deve continuar a fazer até que se torne um hábito;
- Como qualquer
hábito, irá ser preciso um pouco de treino e paciência. E, claro, algumas
tarefas não poderão ser realizadas por crianças mais pequenas sem ajuda e
supervisão. @ Visão
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