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sexta-feira, 4 de março de 2022

"hábitos simples para miúdos extraordinários" (3)

 Dando continuidade ao que o CRESCER aqui iniciou, para pais e filhos, educadores e professores, aqui fica o 3º conjunto "dos hábitos simples para miúdos extraordinários" que a Visão fez publicar.


O verdadeiro ato de dar significa não esperar nada em troca.

Super-hábitos de nível 3: super-hábitos de conexão

Este nível corresponde ao nível das necessidades básicas (de Maslow) de amor e relacionamentos sociais. A conexão refere-se à troca de energia emocional entre duas ou mais pessoas. Trata-se de um dos aspetos centrais na vida escolar e espiritual/religiosa, em projetos com propósito ou em trabalhos de equipa de todo o tipo. Importa lembrar que a obsessão que existe atualmente com ecrãs afeta grandemente a qualidade dos hábitos relacionados com a conexão.

Exemplos de super-hábitos de nível 3:

  • Inatividade, solidão e silêncio: é imprescindível que o seu filho usufrua pelo menos de 20 ou 30 minutos diários de total solidão e silêncio sem fazer nada ou mesmo sonhar acordado. Este é talvez o maior segredo guardado pelo cérebro, usado há milhares de anos pelos sábios e religiosos de várias culturas que prezam o bem-estar, a plenitude e a felicidade. Curiosamente, para haver conexão com os outros, a criança ou o adolescente tem de aprender a interagir consigo mesmo. Ele deve escolher algo agradável para fazer sozinho diariamente, como ler um livro, escrever ou simplesmente passear.

Benefícios: gerar muita energia; aumentar os níveis de felicidade; melhorar o relacionamento com os outros.

  • Servir: ao contrário do que possa parecer, servir não tem de estar relacionado com nada grandioso, mas apenas em servir o outro de uma forma mais pragmática, como, por exemplo, oferecer umas explicações a um colega ou irmão; confecionar uma refeição ou sobremesa para alguém que precise de atenção e carinho; ou preparar um bom brunch para os pais. Lembre ao seu filho que se trata de «serviço ao outro» e não de self-service e que o verdadeiro ato de dar significa não esperar nada em troca. A mudança de comportamento para que o seu filho se habitue a servir não é tão complicada como a maior parte dos adultos acha. Mas tem que existir um método que ajude os pais a implementarem hábitos de tarefas domésticas e vida familiar, de forma a que a criança e o adolescente se sintam motivados.

Como já sabemos, o primeiro elemento do ciclo do hábito é a pista – isto é, uma sugestão (já vimos que existem vários tipos de pistas) que chame a atenção da criança ou do adolescente e que o leve a perceber o que é que tem de fazer imediatamente a seguir (comportamento ou rotina). Naturalmente, as pistas mais óbvias, visíveis e atrativas têm mais probabilidades de serem avistadas e levar assim ao comportamento desejado do que outras que sejam menos visíveis, menos óbvias e menos atrativas. E lembre-se: uma das formas mais simples e confiáveis de mudança de hábitos é a mudança de ambiente físico. Não é por acaso que nos jardins de infância e escolas se usa a metodologia de criar e de assinalar as zonas específicas para cada atividade; a altura do dia ou o horário em que devem ser realizadas; e também o uso das cores e de instruções claras, detalhadas, simples e ilustrativas.

Em casa, por exemplo, podem empregar-se etiquetas codificadas por cores ou diferentes post-its ou outros marcadores óbvios. Uma das melhores formas de ensinar ao seu filho a colaborar com as tarefas domésticas é criar-lhe um hábito. Deve ser um sistema simples de delegação de tarefas que seja justo, revezando-se semanalmente para que todos os membros da família tenham a sua oportunidade de fazer um pouco de tudo.

A ideia base é separar a sua casa por zonas. Cada casa tem as suas zonas. Não existe uma forma única de criar zonas. Podem criar-se zonas com base nas divisões da sua casa ou dividir as tarefas e tipo de trabalho que envolve. Depois de decidir quais as diferentes zonas, precisa de acrescentar tarefas específicas a cada uma delas. Tente manter cinco tarefas por cada zona. Assim torna-se fácil de ver, no início, uma tarefa apenas por dia. Numa folha de papel ou cartaz, pode rotular diariamente cada tarefa (se for diária) ou com o nome do dia da semana em que a tarefa deverá ser feita.

Os quartos individuais devem ser da responsabilidade de cada um e devem ser limpos e arrumados ao fim de semana. Também deve haver uma limpeza profunda de cada quarto de tempos a tempos (defina as semanas de intervalo como pista do hábito). (...)

Use cartas ou fichas coloridas: com a descrição simples e detalhada de cada tarefa/assoalhada. Lembre-se de que as tarefas não são um castigo, mas sim uma forma de treinar competências importantes para a vida.

Coloque o quadro num lugar visível. Depois de alguns dias, tornar-se-á natural o seu filho olhar para o quadro assim que chega da escola ou em qualquer outra altura do dia que tenha sido definida (pista). E depois de algumas semanas tornar-se-á num hábito.

As recompensas são fundamentais no processo, pois constituem o terceiro elemento do hábito e podem variar, de acordo com o que ficar combinado: entre celebrar imediatamente (o bolo ou o prato preferidos) ou ter acesso a tecnologia (mais tempo de ecrã).

Rode as zonas: no domingo troque de zonas para a semana seguinte. Comece com uma zona por cada filho até que ele automatize o hábito.

Benefícios para o seu filho: Ensina-o a ser mais independente; ganha orgulho com o trabalho realizado; treina competências importantes para a vida; passa a ser mais cuidadoso com as áreas que ele limpa; conecta-o mais facilmente a outras pessoas, em relacionamentos de maior qualidade; liga-o a algo que está para além do seu próprio mundo interior.

Advertências:

  • Seja flexível, sobretudo quando há dias mais cansativos e difíceis, mas o objetivo é que, na maior parte das vezes, o seu filho saiba exatamente o que há para fazer e que o faça;
  • Não espere que a rotina funcione todos os dias ou para cada filho e mude se não estiver a funcionar como o previsto. Isso mostra que o adulto está a prestar atenção e a ser flexível. O objetivo é a rotina funcionar para o seu filho, por isso ele deve continuar a fazer até que se torne um hábito;
  • Como qualquer hábito, irá ser preciso um pouco de treino e paciência. E, claro, algumas tarefas não poderão ser realizadas por crianças mais pequenas sem ajuda e supervisão. @ Visão

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