Novo estudo indica que quem teve Omicron não está protegido de uma reinfeção.
Novo estudo sugere que uma infeção da variante Omicron não reduz necessariamente os riscos de reinfeção pela mesma variante e subvariantes. A descoberta contradiz a ideia amplamente discutida da imunidade de grupo.
Contrair a variante Omicron não aumenta a imunidade do portador e não reduz os seus riscos de reinfeção, indica um novo estudo realizado no Reino Unido. A afirmação aplica-se a qualquer pessoa, incluindo quem recebeu as três doses da vacina. De acordo com o estudo, as pessoas que contraíram Covid já na primeira onda da pandemia também não têm nenhum tipo de melhoria na sua resposta imunológica se eventualmente forem vítimas da variante Omicron.
O estudo, publicado esta terça-feira na Science, poderia ajudar a explicar o porquê de existirem tantos casos de reinfeção na onda Omicron, inclusive casos de pessoas que contraíram a própria Omicron duas vezes, assim como pode ser também essencial no debate à volta da imunidade de grupo.
A ideia de que contrair a nova variante pode ser uma forma de obter algum tipo de imunidade contra o vírus, evitando uma reinfeção, é posta em causa perante as descobertas da nova investigação. “Quando a Omicron começou a voar pelo país, as pessoas diziam que estava tudo bem, que era uma forma de melhor a imunidade das pessoas”, começa por explicar num comunicado da sua universidade, Imperial College London, Rosemary Boyton, coautora do estudo, concluindo: “O que estamos a dizer é que não é um bom reforço da imunidade”.
A quem foi vacinado triplamente e não teve uma infeção prévia por Covid, a Omicron forneceu um impulso imunológico mais evidente contra as variantes anteriores e um bastante mais reduzido contra a própria Omicron. Os infetados durante a primeira onda da pandemia e depois novamente com a Omicron não tiveram nenhum tipo de reforço. “Se fores infetado durante a primeira onda, não podes aumentar a tua resposta imune se tiveres uma infeção por Omicron”, reforça Boyton.
Ainda assim, e apesar de as vacinas não impedirem uma reinfeção, a equipa do estudo alertou para o facto de a vacinação continuar a ser essencial na proteção contra consequências mais graves resultantes da contração da Covid.
O histórico de infeções provou-se, no entanto, importante em algumas das outras descobertas feitas durante o estudo. De acordo com a equipa de investigadores, enquanto que uma infeção pela variante Omicron aumenta a proteção contra infeções futuras de outras variantes, não o faz contra uma reinfeção por Omicron, ou, pelo menos, não significativamente. No caso de terem sido infetados na primeira vaga do vírus e depois pela Omicron, essa imunidade ainda se encontrava mais enfraquecida.
A descoberta veio anular a ideia de que uma infeção por qualquer uma das variantes seria uma forma de aumentar a resposta imunológica de um indivíduo. Contrariamente, o que parece ocorrer é que a proteção de um dado indivíduo contra futuras infeções de qualquer uma das variantes varia de acordo com o historial de infeções e vacinação do mesmo, uma resposta conhecida por “imprinting imunológico”.
As descobertas indicaram que quem nunca havia sido infetado pela Covid-19 e que contraiu a Omicron apenas após ter recebido as três doses da vacina, apresentava boa imunidade às células B e T em testes de laboratório contra variantes anteriores como a Alpha e Delta, embora menos proteção contra a Omicron. Aqueles infetados com Alpha no início da pandemia tiveram menos resposta de anticorpos contra a Omicron. @ Sapo
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