“Era uma vez” é uma forma de começar a história normalmente usada em contos de fadas ou histórias fictícias. Tudo o que vem depois dessas três palavras é uma história com início, meio e fim criada por alguém. Mas e se em vez de uma história feita onde sabemos tudo o que vai acontecer, ouvíssemos uma história onde ninguém tem controlo sobre o que vai acontecer? Isso é mais ou menos o que acontece em Tabletop RPG’s, mais conhecidos como RPG’s de mesa. Um jogo onde se segue uma proposta inicial de uma história, mas ninguém, nem mesmo o seu criador, pode prever como vai acabar.
RPG de mesa ou “Tabletop RPG’s”, também conhecido como
pen-and-paper role-playing game, é uma forma de jogo de interpretação (RPG),
onde os participantes/protagonistas descrevem as suas ações por meio da fala.
As suas ações são bem-sucedidas ou fracassam de acordo com um sistema formal
definido por regras e diretrizes. Dentro das regras, os jogadores têm liberdade
para improvisar. Todas as escolhas dos personagens moldam a direção e o
resultado do jogo.
História
Os jogos de RPG de mesa têm as suas origens em jogos que
simulam guerra, particularmente o xadrez (que por sua vez se originou do antigo
jogo indiano Chaturanga). No final do século 18 até ao século 19, as variantes
do xadrez evoluíram para jogos de guerra modernos, mais notavelmente Kriegsspiel.
Mais de um século depois, o jogo de guerra Chainmail, lançado em 1971, acabou se tornar a base para Dungeons & Dragons, um dos RPG 's de mesa mais populares de todos os tempos.
Tabletop RPG’s são mais propriamente uma categoria de jogos
em vez de um jogo. Existem milhares de jogos de RPG conhecidos e espalhados
pelo mundo, cada um com as suas diferentes regras. Os dois RPG ‘s que mais se
popularizaram no mundo foram Call of Cthulhu e principalmente Dungeons & Dragons. Cada jogo tem as suas próprias
regras mas todos eles têm algumas regras comuns. Em todos os RPG ‘s de mesa
normalmente apenas são necessárias três coisas: dados, um personagem e um mínimo
de criatividade. Os dados são usados exatamente como em jogos de mesa normais,
como o monopólio. Rolam-se os dados e os valores representam um valor de um
ataque ou uma habilidade. Todos os jogadores do RPG estão basicamente a atuar como um personagem criado pelo próprio jogador. Através de uma ficha fornecida pelo
próprio jogo, o jogador preenche com as informações do seu personagem (altura,
força, descrição física, descrição psicológica, ETC...), e começa a atuar
conforme essas informações. Os jogos também possuem sempre um Dungeon Master,
uma pessoa que controla não um personagem, mas sim o mundo, os NPC’s e os
eventos que no mundo acontecem. Após os personagens criados, o Dungeon Master
começa a contar a história, que grande parte das vezes nunca corre como
planeado.
Por que razões podemos gostar do jogo
Apesar de RPG ‘s de mesa serem jogos onde é necessário dedicar muito estudo e criatividade, o jogo é sempre divertido de jogar com pessoas com quem que se tem afinidade. Não só porque é divertido de jogar com amigos, mas porque criar memórias é sempre divertido. As melhores partes destes jogos normalmente acontecem quando menos se espera. Já que normalmente os jogadores têm sempre uma ideia estranha ou engraçada que torna o jogo e a aventura única. Uma das maiores vantagens do jogo é a imprevisibilidade. Todos os jogos proporcionam uma aventura única já que, como a história é criada pelo Dungeon Master, nenhuma campanha vai ser igual à outra.
Dungeons & Dragons nos outros media
Apesar de não ser super mainstream (super popular), Dungeons
& Dragons é um RPG que muita gente já jogou e já teve várias paródias
feitas em outros jogos ou séries. No jogo Watch Dogs 2, a entrada para a base
do grupo principal localiza-se dentro de uma loja de jogos de RPG. No início da
série Stranger Things, o grupo principal jogava um jogo de Dungeons and Dragons
na cave do protagonista, na verdade, muitos elementos da série têm bastantes
semelhanças com criaturas e elementos presentes no universo de Dungeons &
Dragons. Também existem muitas pessoas famosas que jogam RPG 's de mesa. Por
exemplo, o ator, argumentista e produtor cinematográfico, Vin Diesel é famoso por no seu tempo livre jogar RPG ‘s de mesa
RPG ‘s em Portugal nunca foram bastante populares, mas noutros países, principalmente na América do Norte, RPG ‘s eram e ainda são
bastante populares. Uma das figuras mais populares de Dungeons & Dragons é
o Matthew Mercer que já foi Dungeon Master em muitas
campanhas transmitidas para a internet. A sua personalidade e a dinâmica que
ele tem com os jogadores torna o jogo muito interessante de se acompanhar. No
Brasil o criador de conteúdo Jovem Nerd já trouxe muitos Podcasts dos mais
diversos RPG 's. Vale a pena realçar que segundo o próprio Jovem Nerd as suas histórias, principalmente as que falam sobre Call of Cthulhu não são
recomendados para menores de 16 anos pelo seu conteúdo mais sinistro.
Recentemente, em março de 2020, no Brasil, uma série de RPG 's criada
inteiramente por um streamer ficou conhecida por dar uma nova vida aos RPG' s
de mesa no país, dando a conhecer a um público novo e jovem (incluindo eu) este
tipo de jogo. Cellbit, um streamer brasileiro criou não só a história como o
próprio RPG com as suas próprias regras (o RPG tem elementos inspirados em Call
of Cthulhu e Tormenta). A ordem paranormal foi um projeto de criar uma campanha
de RPG que juntou vários youtubers e streamers populares do Brasil. A série
ficou tão popular que se estendeu por mais três temporadas, sendo que
atualmente a terceira está a ser lançada. O projeto ficou tão popular que o
streamer começou a desenvolver-se no seu próprio jogo baseado no universo, “O Enigma do Medo”. Em menos de 5 horas do anúncio do
seu lançamento, o jogo já tinha conseguido o valor que precisava para a sua
finalização (50 mil reais) e hoje o dinheiro angariado para o desenvolvimento
do jogo ronda os 4.2 milhões de reais.
Hoje em dia, os RPG 's de mesa são possíveis de jogar até na quarentena, já que não é preciso jogar fisicamente. Existem vários sites que simulam a experiência de Dungeons & Dragons como Roll20 ou o D&D Beyond.
Como já disse anteriormente, apesar de ser um jogo que exige estudo, paciência e criatividade, com um grupo certo de amigos e uns tutoriais na internet, jogar tabletop RPG’s pode ser uma experiência única de vida que todos deviam experimentar. Para todos os que se mostram fortes o suficiente para pegar num papel e caneta, ler um livro gigantesco de regras e depender 100% da sorte, desejo-vos uma boa vinda aos RPG 's de mesa, e boa sorte.
Mais uma vez, obrigado
por acompanharem mais uma rubrica do jornal
CRESCER e, não se esqueçam, joguem,
leiam, ouçam, vejam e,
principalmente, divirtam-se!
Daniel Barbosa, aluno de 12º ano
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