No âmbito das comemorações dos 50 anos da ESÁS, o CRESCER continua a conversar com aqueles que por cá passaram, desde os fundadores até aos atuais alunos, funcionários e professores.
Carla Maciel |
Desta vez a conversa foi com Carla Maciel, ex-aluna ESÁS entre os anos 1986/87 e 1992/93, desde o seu 7.º ano até ao 12.º ano. Saiu da ESÁS ainda com 17 anos, faria 18 em setembro.
A Carla Maciel é hoje uma atriz consagrada no panorama do cinema, telenovela e teatro, vive em Lisboa com o marido (também ele ator) e filhos e nem por isso quis deixar de conversar connosco.
Disse: “Fico muito feliz por me terem contactado. Recordo com saudade a escola de Águas Santas. Hoje, por oposição ao que eu vivenciei na ESÁS, a escola é muito diferente, não oferece aos alunos a possibilidade de eles encontrarem caminhos. Na ESÁS tínhamos tudo: teatro, jornalismo, música, dança, trabalhos oficinais, festas temáticas..."
Segundo a Carla, no seu tempo, o professor Ferreira, que "está sempre no nosso coração, dava-nos liberdade para sermos criativos". “Ele acreditava em nós. Era uma pessoa muito presente, era muito cuidadoso, também nos 'dava na cabeça' quando era preciso. Mas para compreenderem a confiança que depositava em nós, ele dava-nos a chave da escola para podermos ensaiar às horas que entendêssemos”.
Claro que havia um funcionário que fazia a vigilância, o senhor Hernâni, mas "nós cuidávamos uns dos outros”. O mais interessante era que este grupo fazia os seus espetáculos orientados/coordenados por outros colegas – a Sandra Rocha, a Denize, a Nany, o Serginho - e o sucesso era tal que iam pessoas de fora assistir.
“Eu era muito observadora e desde os seis anos que fazia palhaçadas. O meu pai pertencia a um grupo amador de teatro e desde cedo estive envolvida em espetáculos. Cantava música popular com o meu pai e irmãos (a capella). Foi na música que comecei". Nesse sentido, quando convidada a pensar numa música associada ao tempo da escola, a Carla evoca "Restolho", de Mafalda Veiga, e voa até lá. A passagem pela escola, segundo ela, intensificou o desejo latente desde jovem para seguir o caminho artístico.
Atualmente, diz, "os jovens não gostam tanto da escola como nós gostávamos. Talvez porque não lhes seja oferecida a oferta que tínhamos e também porque os jovens têm muitas solicitações (YouTube; plataformas; jogos…)."
“Eu gostei tanto da escola que, ainda hoje, quando vou a casa dos pais, faço o percurso que fazia de casa deles para a escola e levo os meus filhos. Nunca entrei, mas gostava…”
(Carla, fica desde já convidada a fazê-lo, pois a ESÁS nunca fecha a porta a ninguém, muito menos aos seus ex.)
A Carla Maciel frequentou a escola desde o seu 7.º ano até ao 12.º ano. Ainda foi praxada no Curso de Solicitadoria no ISMAI, mas a avó (senhora atenta) tinha-lhe mostrado que a Companhia de Teatro Seiva Trupe estava a oferecer um curso de teatro, para maiores de 18 anos. A Carla concorreu, apesar de ainda não ter os 18, e o seu bom desempenho bem como o facto de ter sido transparente dizendo que não tinha 18 anos, mas que os faria em breve, ditaram a sua sorte. Foi convidada a ficar. E lá permaneceu como atriz ao longo de cinco anos, desistindo do Curso de Solicitadoria. No entretanto, a expensas próprias, ia a Lisboa para alguns castings e acabou por estabelecer-se em Lisboa como profissional do meio, constituindo uma família com raízes na capital.
Nunca se deixou deslumbrar. A família sempre lhe disse para fazer o percurso com calma. “Um degrau de cada vez”, dizia-lhe o pai. E assim fez.
As suas ligações à ESÁS são tão fortes que ainda hoje mantém o grupo de amigos desse tempo, que a vão ver sempre que ela vem ao Porto em espetáculos e com quem convive proximamente, recordando os tempos em que dançavam e representavam na escola. O grupo de dança era o “Lustig” e arrojaram representar o “Grease” e o “Dirty Dancing”.
Por tudo quanto contou, a ESÁS está no seu coração e no dos seus amigos. Bem como o professor Ferreira. Esta escola “tinha tudo, incentivava a fazer o que gostávamos de fazer e aquilo para que nos sentíamos mais aptos. E nós, entre nós, também fomentávamos isso: “Queres colaborar? Anda. Gostas de produção? Luzes? Som? Cenários? Então fazes isso. Outros davam a cara. E era assim…”
“Éramos muito livres, mas também muito responsáveis. Na escola, cada aluno pode definir o seu futuro, a parte prática deve ajudá-lo a mostrar as suas potencialidades. E a ESÁS era assim.”
Já na despedida, conversámos sobre outras coisas e dissemos à Carla que haveria uma festa aquando dos 50 anos da escola (provavelmente em maio de 2025) e ela desde logo solicitou que a avisássemos da data exata para poder estar, caso não tivesse compromissos, bem como os seus amigos. E nós não poderíamos ficar mais felizes!
Obrigada, Carla, pela sua disponibilidade e boa disposição. Continuaremos a seguir as suas pisadas, como até aqui.
Joaquim Sampaio 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (1)
Aurora Sereno 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (2)
José Manuel Cunha 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (3)
Rui Barreto Costa 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (4)
1 comentário:
Muito obrigada, Carla Maciel, pelo tempo que me concedeu.
Espero que tenha gostado de ler a nossa conversa e tenha gostado de reviver um pouco da história da sua/nossa ESÁS.
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