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quinta-feira, 27 de junho de 2024

escola sede: "ali" há um lugar especial

Não havia alunos no corredor. Era um dia de exames nacionais. Deviam ser 11 horas e poucos minutos e, ali, naquele corredor dos alunos, totalmente vazio, num gabinete ao lado dos serviços administrativos, vi ("claramente visto") um lugar especial.

Uma professora cosia à máquina um vestidinho que devia servir a uma menina de 3 ou 4 anos. Pendurado numa cruzeta, havia já um outro, pronto, em tons de azul. Parei, estupefacta. 

Atentei. Uma tábua para passar a ferro. Um ferro. Estantes com tecidos, lãs, linhas e... corações. Muitos corações feitos em tecido.

Só podia haver ali muito Amor. 

Foi num espaço assim, mais rústico e sem paredes envidraçadas, que aprendi a coser e a fazer crochet. Era a casa da minha avó. E a casa da minha avó transpirava calma e sossego e cheirava a... cevada e torradinhas.

Entrei. "Como era possível nunca ter reparado (bem) naquele lugar???" 

Quis saber. 
O que fazem? Quem vem até aqui? Quem dinamiza o espaço? Para quem são os vestidinhos? Quem faz o crochet? E o tricot? E os bordados? E os peitilhos (iguais aos que a minha avó fazia!)? E o que são aquelas etiquetas?

E a colega respondeu.
Fazemos crochet. Cosemos. Há professoras que colaboram. Há alunas que vêm aprender crochet. Há outras que vêm só para conversar. Há colegas que nos trazem peitilhos para os vestidos. Também fizemos esses corações. Vendemo-los numa Feirinha Solidária para arranjarmos dinheiro para comprar tecidos. Agora, seguindo as instruções do "Manual da Costureira Dress" fazemos os vestidinhos, que vão para meninas de países carenciados, levando lhes dignidade, proteção e esperança. Colocamos as etiquetas para os distinguir. E até conseguimos saber para onde vão, se acompanharmos a ONG Dress a Girl Around the World.

E saí. Tinha de ir tratar de papeis! Mas vinha tão surpreendida com o lugar que até trouxe, por engano, os óculos da colega que ali costurava. Voltei atrás para devolver o que trouxera e só me apetecia que ali houvesse... cevada e torradinhas.

Ah, ainda não disse! Aquele é o lugar da "Oficina dos Afetos" e as professoras dinamizadoras são Maria do Carmo Barbosa, Luísa Ferreira e Ilda Santos. Bem hajam por este espaço de Amor!












texto de Manuela Couto, docente de Português
fotos de Maria do Carmo Barbosa, dinamizadora do projeto

3 comentários:

lufraga disse...

Obrigada, Crescer! A ideia das torradinhas e da cevada parecia-me bem, não fosse o caso de tirarmos a clientela à Ritinha.

mc disse...

;)

Natividade Meinedo disse...

Há lugares que enchem o coração!