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sexta-feira, 21 de junho de 2024

50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (5)

No âmbito das comemorações dos 50 anos da ESÁS, o CRESCER continua a conversar com aqueles que por cá passaram, desde os fundadores até aos atuais alunos, funcionários e professores.

Sra. D. Rosa Oliveira (Rosinha)

Desta vez a conversa foi com a Sra. D. Rosa Oliveira (Rosinha, como todos carinhosamente a tratam), atualmente aposentada, que fez percurso e carreira na ESÁS desde 1974/75.

A Sra. D. Rosa Oliveira fez questão de vir até à escola conversar com a equipa do “conta-me como foi…” e foi com grande alegria que recordamos muitas histórias: as que aqui se publicam e outras mais particulares que ficam só para nós. Sim, porque esta equipa é formada por dois professores que contam com muitos anos de casa e, por isso, guardam alguns tesourinhos.

A Rosinha começou a trabalhar na ESÁS no ano letivo 1974/75, já na escola que ficava “ao lado da D. Paio”, escola essa que existia desde 1972/73.

“Nós iniciamos a nossa escola em 73/74, nas Enxurreiras, e eu entrei ao serviço no dia 12 de agosto de 1974, na altura em que íamos mudar para as instalações ao lado da escola de D. Paio. Foi o professor José Manuel Dias da Cunha que me entrevistou. Lá, só a cantina e o pavilhão desportivo eram partilhados. Tínhamos pavilhões distintos. E depois mudamos para aqui em 1986/87. Fizemos a mudança antes do ano letivo começar.”

Como aqui o CRESCER revelara, a ESÁS inicia-se nas Enxurreiras em 1973/74 como uma secção da Escola da Maia e muda-se no ano seguinte para Pedrouços (ao lado da Escola D. Paio) onde esteve de 1974/75 a 1985/86.

a palmeira antes de 2011
Como já dizia professor Rui Costa, quem veio para o Corim, andou literalmente com “a casa às costas”. “É verdade! Até trouxemos a palmeira. Ai, aquela palmeira! Tão simbólica!”

Assim sendo, a Escola Secundária de Águas Santas, com morada na Rua Nova do Corim, nasce em 1986/87 sob a presidência do professor Rui Costa e com o professor Ferreira como vice-presidente. No ano letivo seguinte, 1987/88, assume a presidência o professor Ferreira, com o professor Rui Costa como vice-presidente. E desde aí até aos dias de hoje, o professor Ferreira manteve-se sempre como presidente/diretor das várias equipas que democraticamente foram eleitas.

Nesse sentido, apelando à sua prodigiosa memória, a Rosinha foi recordando alguns professores que participaram das várias equipas diretivas, desde a formação da ESÁS, referindo-se a eles pelos nomes e apelidos ou pela associação à disciplina que lecionavam: Elisabete (de Matemática), Helena Coutinho (como presidente), Rui Costa, Rute Teles, Abílio da Fonseca, Manuela Marques (como presidente), Manuela Eirola, Maria Ana Pacheco, Elisabete Almeida, Eugénia (de Trabalhos Oficinais), Carlos Cardoso, Isabel Agrelos, Isabel Azevedo, Judite Cardoso, Manuela Couto, Helena Coelho, Manuela Barbosa…

Recordou também alguns colegas de profissão: o peculiar senhor Hernâni – guarda-noturno; o senhor Pilar – chefe dos serviços administrativos; o senhor Agostinho – que começou como guarda-noturno e depois passou para o dia; o filho do sr. Agostinho, Bruno Alves, que foi aluno da escola e depois foi segurança; a D. Arminda, a Rosinha e a Teresa – da cozinha que foi aberta em Pedrouços em 1975…

Neste jogo de memórias, a Sra. D. Rosa Oliveira também recordou alguns episódios menos bons, nomeadamente, algum “sururu” nas festas em Pedrouços. “O ambiente à volta da escola não era grande coisa!”

Mas a Rosinha também se recorda da autoridade que conseguia ter. “Às vezes, eu chegava às confusões e punha tudo na ordem.” É importante registar que a Rosinha foi chefe dos funcionários depois do Sr. Lívio ter saído. Ele também veio de Pedrouços, como tantos. Agora, o Sr. Lívio já tem 91 anos. “O senhor Agostinho e eu fazíamos parte da equipa de chefia.”

“A minha vida dava um filme”

A Sra. D. Rosa Oliveira tem um longo percurso profissional. Começou a trabalhar aos 11 anos, numa fábrica de candeeiros e noutra de tecidos, e só depois chegou à escola. Anos depois de aqui trabalhar, foi-lhe sugerido que fizesse formação no CNO (Centro das Novas Oportunidades), para ficar com mais habilitações, mas isso não a atraía. “Tinha vergonha de dizer que tinha apenas a 4.ª classe e que tinha começado a trabalhar tão cedo. As lágrimas rolavam-me como pérolas.”

Mas a Rosinha obteve o certificado de frequência do 5.º e 6.º ano, orientada pela formadora Cristina ("uma joia de senhora”), só não quis prosseguir. “Tinha vergonha, mas reconheço que às vezes sabia mais que algumas colegas com mais habilitações. Foi a vida que me ensinou.”

Aqui na escola “adaptei-me muito bem, mas sempre me senti diminuída apesar de ser muito acarinhada por todos. É feitio! Talvez fosse porque em casa éramos necessitados e era preciso levar pão para a mesa. Os meus pais deram-me a emancipação total para poder trabalhar.”

A escola e a família

A Rosinha sente muito amor pela instituição Escola. “Toda a minha família esteve e está ligada ao trabalho nas escolas: a minha mãe, a minha irmã, eu, o meu filho, a minha nora, a minha sobrinha e o meu sobrinho.”

“Por isso, eu sinto esta escola como uma família e vivi-a como tal.”

Quando convidada a definir o tempo que viveu na ESÁS disse: “Éramos uma família!Esta não foi a primeira vez que o CRESCER ouviu esta expressão. Curiosamente, outros entrevistados a usaram também.

De outros tempos, recorda a grande agitação e as muitas atividades. Era o tempo da Escola Cultural. “Os pais faziam muitas coisas. Havia folclore. Os meninos dançavam e faziam mais coisas. Também havia teatro. Lembro-me da Denise, da Carla Maciel (que agora é atriz, assim como o marido)...” E tinha muito trabalho, Rosinha?  “Não, não tinha muito trabalho. Era bom! Éramos poucos, todos se conheciam. Isso antes de sermos agrupamento, claro!” (riu)

a palmeira em 2011

Antes de terminarmos esta conversa, a Rosinha recordou outros momentos/outras fases vividas na escola: as festas - do final de ano e do início do ano; as pessoas que vinham de fora para assistir; o polivalente, sempre tão cheio de meninos nos intervalos; o seu bufete; o nascimento do pavilhão B (atual A2); a rádio escola; o jornal em papel; as obras de reabilitação; a palmeira…

A Rosinha, a Sra. D. Rosa Oliveira, pessoa muito querida por toda a comunidade, guarda no coração as vivências da ESÁS e “numa moldura, na minha sala, uma fotografia que a senhora me tirou, quando me fui embora." (Ora veja se foi a que o CRESCER usou nesta notícia de 31.03.2014. 😉)

Sra. D. Rosa Oliveira, saiba que a ESÁS não a esquece. Em nome da escola, o CRESCER agradece a sua disponibilidade e o tempo concedido a esta tão bela conversa, deseja-lhe muita saúde e boa disposição para o tempo presente e para o tempo futuro e espera que continue a guardar no seu coração - ou numa moldura - esta "fotografia" que, hoje, lhe oferecemos. 

texto de Manuela Couto, docente de Português
colaboração de Cândido Pereira, diretor do centro de formação maiatrofa

1 comentário:

mc disse...

Muito obrigada, Rosinha, pelo tempo que nos concedeu.
Espero que tenha gostado de ler a nossa conversa e tenha gostado da manhã que a fez voltar à sua ESÁS.
Saiba que para nós, mais provectos, será sempre uma referência da escola.
Um beijinho