O Adamastor Furia, novo 'supercarro' português fruto de 17 milhões de euros de investimento e com produção estimada em 60 veículos de estrada, será apresentado na terça-feira e produzido em Matosinhos, disse à Lusa um responsável pelo projeto.
Segundo Ricardo Quintas, o automóvel, cuja velocidade máxima pode ir até aos 300 quilómetros por hora, "é todo ele construído em carbono, com um motor de posição central e tração traseira", sendo fruto de um investimento que rondou os 17 milhões de euros desde 2019 até este ano.
"Nós vamos apresentar, no dia 14 [terça-feira] a
versão de estrada, mas duas versões foram desenhadas e vão entrar em produção:
a versão de estrada, limitada a 60 unidades, e a versão de competição, que em
princípio não terá limite, porque as equipas podem sofrer acidentes e ter que
necessitar de reparar ou substituir chassis", explicou à Lusa o
empresário.
A opção comercial da empresa, que conta atualmente com
14 trabalhadores, foi "atacar num mercado de nicho e fazer séries
limitadas, direcionadas para um mercado específico", conjugando um custo
industrial "não muito alto", por não haver produção em série, com um
investimento maior na investigação.
"Adquirimos um espaço [em Perafita, Matosinhos],
dotámos o espaço de todas as máquinas e equipamentos necessários, alguns dos
equipamentos foram desenhados e produzidos por nós. Todo o 'tooling'
[equipamentos para produção, como moldes] deste carro foi desenvolvido por nós
internamente e produzido parcialmente por nós, e outras partes produzidas
fora", no caso componentes como o motor, travões, jantes, pneus,
eletrónica ou a matéria prima do 'tooling'.
Para "alguns componentes em metal" houve
recurso a parceiros nacionais, mas o desenho, fabricação dos moldes, é
totalmente nacional, fazendo com que "90% do valor acrescentado do projeto
seja português", segundo o responsável.
O processo de desenvolvimento contou inclusivamente
com recurso à realidade virtual: "os nossos engenheiros enfiavam uns
óculos e, na sala que nós tínhamos, eles conseguiam ver se havia algum
conflito" técnico, algo que "ajudou a poupar muito dinheiro no
desenvolvimento do carro", partilhou.
"Como o carro foi criado de raiz, tudo teve que
ser reinventado. Nós reinventámos todo o processo produtivo", com recurso
a compósitos, ao invés de aço e alumínio (como sucede na indústria automóvel),
produzindo moldes "muito mais rapidamente" e podendo corrigi-los
muito mais rapidamente.
O motor estará "preparado para usar combustíveis
sintéticos" e também etanol, não permitido para já em Portugal.
De acordo com Ricardo Quintas, o projeto é
"viável com uma produção anual de 25 carros, mais a versão de competição e
peças de reposição", e, "consoante a reação do mercado", a
empresa poderá ser equipada com "mais meios ou menos meios
produtivos".
A empresa fez "um estudo de mercado para
identificar a dimensão do mercado e as exigências desse mercado", e
imediatamente após isso o carro começou a ser desenhado sob o princípio da
"função definir a forma".
"Nós quando fizemos o estudo de mercado não
olhámos para Portugal, olhámos para o mundo inteiro", disse à Lusa, tendo
já sinalizados mercados como o europeu e os Emirados Árabes Unidos como os
inicialmente mais atrativos para a venda, e, numa fase seguinte, decorrendo das
homologações, "Américas, Oceânia e Ásia".
Detalhes como o preço do veículo, o seu 'design' e demais características serão revelados na terça-feira. Fonte: Sapo
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