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quarta-feira, 15 de maio de 2024

atualidade: menos de metade dos filhos de violência doméstica acabam o Secundário

Num estudo recente, conduzido pelo investigador pós-doutorado Miguel Rodrigues, do Centro de Investigação (ICPOL – Unidade ID&I) do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, foi analisado o impacto da violência doméstica no percurso educativo de jovens entre os 15 e os 20 anos. Os resultados apontam para uma disparidade alarmante entre aqueles que cresceram num ambiente familiar estável e os que foram expostos à violência entre os pais, que em geral têm menos hipóteses de concluir o ensino obrigatório.

Para Rodrigues, “é uma coisa fora do normal”. “E estamos aqui a juntar o 1.º ciclo, onde quase não há reprovações. É uma diferença abissal entre uns e outros, são quase cinco vezes mais. Alguma coisa tem de ser feita, em matéria de políticas públicas, para prevenir as consequências devastadoras sobre estes jovens”, explica sobre os resultados, citado pelo Público.

O estudo envolveu 1500 jovens de todo o país, abordando não apenas números, mas também as diversas dimensões afetadas. Por exemplo, enquanto no grupo que cresceu sem exposição à violência, apenas 10,3% em média repetiram o ano pelo menos uma vez, esse número de ‘chumbos’ aumenta significativamente para 49,6% entre os jovens provenientes de ambientes violentos.

Outro exemplo: no grupo dos estudantes que vivem com violência doméstica a probabilidade de não concluir o ensino secundário é de 44%. E apenas 6% desde entram no ensino superior, ou chegam a  completar o curso.

Rodrigues, que também é chefe da PSP na Divisão de Proximidade do Comando Metropolitano de Lisboa, salienta que o estudo é crucial para entender e mitigar os impactos da violência doméstica nas crianças e jovens.

A análise não se limitou a números; procurou também compreender as implicações nos comportamentos de risco. Os resultados revelam que os filhos da violência doméstica têm maior propensão para envolvimento em ilícitos criminais em meio escolar, consumo de drogas e álcool, bem como dependência de jogos online.

Por exemplo, a probabilidade de envolvimento em atividades criminais em ambiente escolar aumenta exponencialmente para um em cada cinco jovens vítimas de violência doméstica, uma correlação 48 vezes superior à encontrada nos jovens não expostos.

Em todas as idades analisadas, os jovens da amostra da população nacional inquiridos pelo ICAD afirmam ter consumido menos drogas, menos medicamentos e menos álcool do que aqueles que responderam ao inquérito do estudo.

Os resultados destacam a necessidade premente de políticas públicas direcionadas para prevenir e mitigar os impactos da violência doméstica na educação e bem-estar dos jovens. O estudo completo será divulgado no próximo ano, após a validação de todos os dados recolhidos. Fonte:  Sapo

 

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