As fronteiras planetárias são os limites dos principais sistemas globais – como o clima, a água e a diversidade da vida selvagem – para além dos quais a sua capacidade de manter o planeta saudável corre o risco de falhar.
De acordo com os investigadores, a
avaliação foi a primeira de todas as nove fronteiras planetárias e representou
o “primeiro exame científica de saúde para todo o planeta”: seis dos limites
estão ultrapassados e dois sob ameaça – a poluição atmosférica e a acidificação
dos oceanos. A única fronteira que não está ameaçada é a do ozono atmosférico,
depois de as medidas para eliminar progressivamente os produtos químicos
destrutivos nas últimas décadas terem levado à redução do buraco na camada de
ozono.
Os cientistas salientaram que a
descoberta “mais preocupante” foi a de que todos os quatro limites biológicos,
ou seja os que cobrem o mundo vivo, estão no nível de risco mais alto: o mundo
vivo é particularmente vital para a Terra pois proporciona a resiliência para
compensar algumas mudanças físicas, como por exemplo o desflorestamento.
As fronteiras planetárias não são
pontos de inflexão irreversíveis, além dos quais ocorre uma deterioração súbita
e grave, alertaram os cientistas: são sim pontos a partir dos quais os riscos
de mudanças fundamentais nos sistemas físicos, biológicos e químicos de suporte
à vida na Terra.
“A ciência e o mundo em geral estão
realmente preocupados com todos os eventos climáticos extremos que atingem as
sociedades em todo o planeta. Mas o que nos preocupa ainda mais são os sinais
crescentes de diminuição da resiliência planetária”, frisou Johan Rockström,
ex-diretor do Centro de Resiliência de Estocolmo, que liderou a equipa que
desenvolveu o quadro de fronteiras, citado pelo jornal britânico ‘The
Guardian’. De acordo com o atual diretor-adjunto do Instituto Potsdam para a
Investigação do Impacto Climático, na Alemanha, esta falta de resiliência
poderia tornar impossível restringir o aquecimento global ao objetivo climático
de 1,5 graus Celsius e aproximar o mundo de verdadeiros pontos de viragem.
Katherine Richardson, da
Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, que liderou o estudo, salientou que
“sabemos com certeza que a humanidade pode prosperar sob as condições que
existem há 10.000 anos. Mas não sabemos se podemos prosperar sob alterações grandes
e dramáticas. Os impactos humanos no sistema terrestre como um todo estão a
aumentar neste momento”, referindo que a Terra “pode ser considerada um
paciente com pressão arterial muito alta. Isso não indica um ataque cardíaco
certo mas aumenta muito o risco.”
A conclusão dos cientistas é clara: “Esta atualização constata que seis dos nove limites foram transgredidos, sugerindo que a Terra está agora bem fora do espaço operacional seguro para a humanidade”, apontou Rockstrom. “Se se quiser ter segurança, prosperidade e equidade para a humanidade na Terra, tem de se voltar para o espaço seguro. Mas não estamos a ver esse progresso atualmente no mundo.” Fonte: Sapo
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