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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

atualidade: polémica em torno da estátua de Camilo

Se não fosse verdade, até tinha graça! Assim... 

Primeira petição: retire-se a estátua!

Foram várias os ilustres do Porto que assinaram uma primeira petição pública para pedirem a retirada da estátua de Camilo Castelo Branco, do Largo Amor de Perdição. Num total de 37 signatários, figuras como o escritor Mário Cláudio, a vereadora da CDU na autarquia Ilda Figueiredo e o advogado e ex-político do CDS António Lobo Xavier, justificaram este pedido com a "desaprovação moral" da mesma, salientando o "ultraje" de Camilo Castelo Branco estar "abraçado a um exemplar mais ou menos pornográfico".

Perante esta petição, o presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, enviou a mesma para o gabinete de urbanismo da autarquia, solicitando a retirada da estátua.

Decisão de Rui Moreira (terça-feira)

“Não tendo havido qualquer deliberação municipal para erigir tão deselegante obra, e concordando com o que tão ilustres cidadãos nos suscitam, solicito que se proceda à remoção daquele objeto, que deverá ficar nas reservas municipais”, escreveu Rui Moreira na quinta-feira, tendo hoje voltado a falar sobre o assunto. É uma decisão minha. Há coisas em que tenho de ouvir os órgãos, há coisas em que tenho de ouvir a população, há coisas em que tenho de decidir quando sei que há posições extremadas dos dois lados." 

Segunda petição: mantenha-se a estátua!

Mas houve uma nova petição pública, desta feita para a manter, com milhares de signatários.

O autor desta segunda petição, cuja identidade é desconhecida, nota que a estátua existe “há 11 anos” e que Camilo surge abraçado a uma jovem nua “nada pornograficamente”. Acrescenta que “o homem estar vestido e a mulher estar nua, não tem que parecer, só agora, ao fim de 11 anos, que se trata de uma humilhação da mulher desnuda em favor de um homem vestido. Não pareceu na altura, não parece hoje“, lê-se na petição.

Nova decisão de Rui Moreira (sexta-feira)

Pelos vistos havia uma deliberação municipal de 2012 que aprovara por unanimidade a implantação da escultura no atual Largo Amor de Perdição, que o autarca Rui Moreira desconhecia. Por isso, Rui Moreira reverte a decisão de remoção da estátua de Camilo. 

Assim, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, revogou sexta-feira à tarde a decisão assumida na terça-feira de mandar remover a estátua de Camilo Castelo Branco, doada pelo escultor Francisco Simões à cidade, instalada desde 2012 no atual Largo Amor de Perdição, em frente à cadeia onde o escritor esteve preso.

A remoção fora solicitada por 37 "cidadãos ilustres", numa petição dirigida ao autarca em que se invocava o "desgosto estético" e a "desaprovação moral" suscitados pela obra, pedindo a Rui Moreira "o favor higiénico de mandar desentulhar aquele belo largo de tão lamentável peça e despejá-la onde não possa agredir a memória de Camilo”. Fontes: Sapo e Público

Se não fosse verdade, até tinha graça! 

1 comentário:

Helena B. disse...

A estátua ilustra bem a tentação (a maçã) que a formosíssima Vénus (Eva) foi para o incauto, inocente e puro Camilo que em sonhos inconfessáveis se deixava atormentar pelos seus pecaminosos encantos, o que o inundava de um sentimento de culpa profundo ou não fora o seu incondicional e intocável amor pela sua casta e anafadinha Ana Plácido. E só por isso foi parar ao inferno dos maledicentes, dos pseudodefensores dos bons costumes, da ausência, digo, da pluralidade e igualdade de género, de tudo o que num determinado espaço e momento confere mediatismo e influência, sem reflexão nem debate de ideias.

Se a arte «é uma construção cultural sem significado preciso ou constante, variando com o tempo e de acordo com as várias culturas humanas, dependendo do resultado das interações do "campo" onde são sacramentados, ou não, as obras e seus artífices» (wikipedia), deixem-na estar a aquietar ou inquietar mentes e almas, das pessoas que, ao contrário da arte, se destinam a passar e não a permanecer.