Mais emigrantes, trabalhadores e jovens com crédito à habitação. Banco Alimentar enfrenta nova realidade de aumento de pedidos de ajuda.
Isabel Jonet, presidente da FPBACF |
Acrescido de outros fatores conjunturais, o que resulta são mais famílias que chegam ao final do mês a ter de optar entre pagar casa ou alimentação, e uma consequente subida de pedidos de ajuda que chegam ao Banco Alimentar Contra a Fome.
Em entrevista à Multinews, Isabel Jonet, presidente do Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome ( FPBACF) relata uma mudança na realidade de quem procura ajuda neste tipo de suportes e estruturas de solidariedade: são pessoas mais novas, com trabalho fixo, que não têm forma de chegar ao final do mês e responder a todas as despesas.
A responsável recusa que o aumento de pedidos de ajuda ao Banco Alimentar esteja relacionado com a guerra na Ucrânia. “Tem a ver com a inflação, tem a ver com a pandemia da Covid-19. Na altura da pandemia injetou-se grandes quantidades de dinheiro na economia, e o que agora vemos é o efeito dessa injeção, que agora não ocorre. O incremento de preços em alguns produtos básicos, ou aumentos na energia, sim, são efeitos da guerra. Mas não ligo nada diretamente à guerra, eventualmente apenas contribui para alguma instabilidade e nervosismo, e algumas quebras nas cadeias logísticas. Mas o resto é tudo a inflação”, aponta Isabel Jonet.
A responsável destaca outro conjunto de fatores da atualidade que resultam em mais famílias em risco: Mais aumentos dos preços, acréscimos das taxas de juro dos créditos à habitação. “Os que compraram casa, antes da pandemia e nessa altura, porque não conseguiam arrendar perante os preços do mercado, representam um aumento muito grande [nos pedidos de ajuda], mas com um ‘delay’ de seis meses, só agora estamos a ver os reflexos da última atualização das taxas de juro”, explica a presidente do banco Alimentar à Multinews.
Todos os dias chegam em média 25 pedidos de ajuda ao Banco Alimentar todos os dias, mais de 500 por mês. Nos últimos tempos, o aumento verifica-se também no número de instituição que procuram apoio desta organização. Mas nada que recorde os tempos de pandemia, quando “chegou a registar-se 300 pedidos de ajuda num só dia” no Banco Alimentar.
Lisboa, Porto, Setúbal e a região do Algarve são os locais de onde chegam mais pedidos de ajuda ao Banco Alimentar.
Nos que procuram a ajuda do banco Alimentar pela primeira vez há uma grande diversidade de realidades socioeconómicas: “Temos muitos imigrantes, famílias de nacionalidade brasileira, também muitas mulheres sozinhas com filhos, e pessoas mais novas que tem trabalho mas o que ganham não chega para acomodar a prestação do crédito à habitação”. Há também “um aumento preocupante, que se mantém de pessoas com baixas pensões de reforma”, aponta Isabel Jonet.
“É muito difícil ver a situação de pessoas mais novas, desesperadas, sem dinheiro para pagar a renda e chegar ao fim do mês, não sabem como vão conseguir sobreviver. São situações que, como é óbvio, queríamos que fossem pontuais. Queríamos que estas pessoas pudessem dará a volta por cima. Mas agora essa expectativa, a curto-prazo, até a médio-prazo é praticamente inexistente. É um desânimo muito grande que nos chega, de trabalhadores que não conseguem fazer esticar o orçamento familiar, sem perspetivas de melhorar a vida. É muito triste”, relata Isabel Jonet à Multinews.
Por outro lado, os portugueses mantêm-se solidários e as doações ao Banco Alimentar não têm registado reduções. @ Sapo
Lisboa, Porto, Setúbal e a região do Algarve são os locais de onde chegam mais pedidos de ajuda ao Banco Alimentar.
Nos que procuram a ajuda do banco Alimentar pela primeira vez há uma grande diversidade de realidades socioeconómicas: “Temos muitos imigrantes, famílias de nacionalidade brasileira, também muitas mulheres sozinhas com filhos, e pessoas mais novas que tem trabalho mas o que ganham não chega para acomodar a prestação do crédito à habitação”. Há também “um aumento preocupante, que se mantém de pessoas com baixas pensões de reforma”, aponta Isabel Jonet.
“É muito difícil ver a situação de pessoas mais novas, desesperadas, sem dinheiro para pagar a renda e chegar ao fim do mês, não sabem como vão conseguir sobreviver. São situações que, como é óbvio, queríamos que fossem pontuais. Queríamos que estas pessoas pudessem dará a volta por cima. Mas agora essa expectativa, a curto-prazo, até a médio-prazo é praticamente inexistente. É um desânimo muito grande que nos chega, de trabalhadores que não conseguem fazer esticar o orçamento familiar, sem perspetivas de melhorar a vida. É muito triste”, relata Isabel Jonet à Multinews.
Por outro lado, os portugueses mantêm-se solidários e as doações ao Banco Alimentar não têm registado reduções. @ Sapo
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