São docentes do quadro que o Governo quer proibir de concorrer a nível nacional e que veem assim cair por terra as aspirações de aproximação à residência.
São professores do Norte, por exemplo, que estão colocados em Lisboa ou no Algarve, com esperança de um dia ficarem perto da família. Mas, se o diploma do Governo avançar, vão ser obrigados a concorrer, no máximo nos três quadros de zona pedagógica adjacentes àqueles onde estão agora. Se forem em frente, vão engrossar a fileira de professores que estão de saída da escola pública por atingirem a idade de reforma. Só este ano, devem reformar-se mais de 3500 docentes.
Há muitos professores ainda longe da idade de reforma que estão a ponderar deixar a profissão e alguns já estão mesmo a tomar medidas para o fazer. O alerta é do Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE), que assegura ter recebido, nas últimas semanas, "inúmeros" pedidos de esclarecimento sobre as consequências de se demitirem.
“Alguns por email e muitos por telefone. Temos recebido inúmeros pedidos para saberem quais as consequências de se despedirem, mesmo estando nos quadros. Com o novo diploma, são proibidos de concorrer a nível nacional. Não podem tentar a mobilidade interna e não podem tentar a aproximação à residência. São do Norte e são obrigados a ficar em Lisboa, ou no Algarve, por exemplo, ou nos três quadros de zona pedagógica adjacente”, diz à CNN Portugal Júlia Azevedo, dirigente do SIPE.
“Na minha geração, já havia mais professores no Norte do que em Lisboa e no Sul. E éramos obrigados a afastar-nos da nossa residência. Mas os vencimentos davam para arrendar uma casa e os professores tinham outra idade. Nada foi feito para mudar o cenário e os professores agora têm 40 e muitos anos e as famílias formadas. E o vencimento, proporcionalmente, é muito menor. Como se pode pedir a um professor que, aos 40 anos, abandone a sua família, com um salário que não dá para pagar uma casa?”, questiona Júlia Azevedo.
A responsável sindical assegura que se o diploma avançar, muitos professores dos quadros vão engrossar a lista de professores que estão prestes a abandonar a profissão, por atingirem a idade limite para a reforma. E só este ano devem passar à reforma 3.500 docentes. Em janeiro, de acordo com a Caixa Geral de Aposentações, reformaram-se cerca de 300 professores. @CNNP
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