Estudo da Universidade de Vigo conclui que o Mirandês vai desaparecer porque apenas 2% dos jovens usam a língua.
O mirandês, reconhecido há 24 anos como a segunda língua oficial de Portugal, pode vir a desaparecer dentro de 20 anos devido ao abandono a que foi votada por parte de entidades públicas e privadas.
É pelo menos esta a conclusão a que chegou um estudo efetuado pela Universidade de Vigo, em Espanha, que aponta o dedo ao estudo da língua nas escolas por considerar que foi um fracasso.
A solução para inverter esta tendência, diz o mesmo estudo, é a ratificação da Carta Europeia das Línguas Minoritárias e a necessidade de uma nova Lei do Mirandês, atualizada de acordo com ações e medidas planificadas.
De acordo com o Xosé Henrique Costa, professor catedrático da Universidade de Vigo, que coordenou o estudo "Presente e Futuro da Língua Mirandesa", o mirandês está a cair em desuso, principalmente entre os jovens. Estima em cerca de 3.500, o número de pessoas que conhecem a língua, com cerca de 1.500 a usá-la regularmente. "Acontece por duas coisas, primeiro há uma queda brutal do uso. Entre a geração dos maiores o uso da língua está por volta dos 70 ou 80%, entre a geração dos mais novos está nos 2%. Neste momento há 1 ou 2% de falantes com menos de 18 anos. A língua não tem um futuro garantido", salientou.
O investigador considera que o estudo da língua nas escolas foi "um fracasso" e para que se salve é preciso haver um compromisso de toda a gente, principalmente do Governo. "Uma ou duas horas da semana para uma língua minoritária não é nada, tem que ser pelo menos metade da adolescência. Se se quer salvar a língua, têm que se comprometer a sério, um compromisso do aluno, dos pais do aluno, sobretudo da classe política, que são os que têm que tomar medidas e têm que aprovar os orçamentos necessários para levar a cabo essas campanhas, inclusive medidas fiscais", disse.
Por isso defende a criação de uma lei para a língua, uma vez que o despacho de 1999, que reconheceu o mirandês como segunda língua oficial de Portugal, "não é de todo suficiente".
Para Xosé Costa, "o despacho é muito vago, indica apenas que se reconhecem direitos à comunidade linguística mirandesa, e que podem receber ensino mirandês, mas não diz sequer quantas horas, quantas matérias, não especifica nada", diz.
Este estudo teve por base 350 inquéritos feitos à população do concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, por uma equipa de alunos da Universidade de Vigo, designada por Brigada da Língua. Contou ainda com o apoio da Associação da Língua e Cultura Mirandesa. @ TSF
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