Em curso desde outubro de 2022, o projeto de duplas de cães de assistência na Ala Pediátrica do Hospital São João, no Porto, ultrapassou as expectativas, com os profissionais de saúde a admitirem ganhar também com isso.
O impacto da Zazu, uma golden retriever de 2 anos de idade, e da Tika, uma labrador retriever de 3 anos, há muito que deixou de se cingir às crianças e familiares presentes na Ala Pediátrica, contribuindo também para momentos de relaxamento e de afeto dos profissionais de saúde, revelaram várias das fontes contactadas.
Catarina Cascais, tutora da Zazu, relatou à Lusa o trajeto de afeto conseguido entre os profissionais que trabalham no Internamento, Hospital de Dia, Neonatologia e consultas externas pediátricas que, às segundas e sextas-feiras, na companhia de Sílvia Peça, tutora da Tika, são visitados no âmbito do projeto.
“Começámos a apercebermo-nos que, para além dos benefícios diretos nas crianças, eles eram extensíveis também aos familiares e aos profissionais de saúde e de todo o hospital”, descreveu a voluntária da Ânimas, uma associação que forma cães de assistência para pessoas com deficiência que se candidatem a este auxílio, sendo que estes, terminada a formação, são entregues gratuitamente aos novos donos.
Esta perceção, segundo Catarina Cascais, alterou a “forma de pensar o projeto”, conseguindo perceber que, para além dos benefícios descritos na literatura que as crianças poderiam obter, “aos profissionais de saúde — que apresentam possibilidades de ‘burnout’ [exaustão física e mental], de ‘stress’ e de desmotivação no trabalho -, fazer festas durante cinco minutos a um cão de terapia equivale ao relaxamento conseguido em 20 minutos de descanso ou sesta. Ou seja, para além dos benefícios ao nível físico e psicológico, também lhes dá muito prazer”. Esta ideia é partilhada pela pediatra Irene Carvalho, para quem “é muito bom ter a presença dos cães”, pois não só “fazem a diferença no dia de trabalho”, como “ajudam a melhorar o bem-estar através de um carinho e de um sorriso”.
“Dão-nos conforto”, resumiu antes de reiterar que os dias em que os cães ali estão “são os melhores da semana”.A enfermeira Madalena Pacheco considerou à Lusa tratar-se de um projeto “há muito tempo ansiado”, descrevendo-o como “uma forma diferente de quebrar a rotina e, até, de poder mostrar as emoções, tanto dos profissionais como, eventualmente, dos pais”.
Fazer-lhes uma “festinha”, garante a enfermeira, “é um momento, por pouco tempo que seja, que quebra um pouco esta rotina”, e a “saúde mental destes profissionais tem de ser cuidada e são coisas destas que ajudam a cuidar”.
“Se pudessem vir todos os dias acho que ninguém se aborrecia”, disse, entre sorrisos. @ Sapo
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