Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 14 de março de 2023

país: “Portugal está a viver um verdadeiro inferno demográfico”

A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), que representa 42 das maiores empresas e grupos empresariais em Portugal, apresentou um conjunto de propostas de soluções para empresas e Estado português.

De acordo com a organização, estas têm como objetivo criarem melhores condições para atrair e reter o talento nacional, face à perda de talento qualificado e ao agravamento da evolução demográfica, que penalizam o crescimento e a escala das empresas portuguesas.
“Portugal está a viver um verdadeiro inferno demográfico, que tem vindo a agravar-se ao longo dos anos. Se, por um lado, temos as gerações mais qualificadas de sempre, por outro lado, mantém-se a falta de capacidade do país para atrair e reter o talento que, lá fora, consegue encontrar uma qualidade de vida bastante superior àquela que Portugal está a conseguir oferecer”, refere Vasco de Mello, Presidente da Associação BRP.
De acordo com dados do Observatório da Emigração, Portugal é o 8º país com maior taxa de emigração do mundo (5º da Europa), com cerca de 25% da população a residir fora do país, o que representa, em termos de investimento do Estado, uma perda de 1,9 mil milhões de euros por ano.
Conheça as propostas de soluções da Associação BRP para empresas e Estado.

Empresas
– Que as empresas possam oferecer pacotes de benefícios em espécie, que podem ir desde a disponibilização de automóvel, até soluções mais inovadoras, como um cartão mobilidade, um subsídio de habitação ou até mesmo a disponibilização direta de casa aos trabalhadores;
– Implementação de uma política flexível de trabalho, incluindo o trabalho remoto, que permita acomodar as preferências dos trabalhadores às necessidades da empresa, ao mesmo tempo que possibilita aos primeiros residir em áreas geográficas com menor especulação imobiliária;
– Estabelecimento de modelos de trabalho orientados para objetivos, dando maior flexibilidade horária ao trabalhadores;
– Adoção de uma estrutura organizacional menos hierarquizada, mais horizontal e ágil, que crie mais oportunidades para os trabalhadores;
– Possibilitar a mobilidade de funções como forma de manter o talento na empresa;
– Incentivos à progressão na carreira dos trabalhadores, a começar pela oferta de um Dual Career Path, (Modelo de Carreira Dual) que consiste num plano de progressão de carreira dentro da empresa sem que essa progressão implique responsabilidades de gestão;
– Promover maior transparência nos planos de progressão de carreira, um acompanhamento mais individualizado de cada trabalhador (mentoring, realização de dias de trabalho com a administração), e, no caso de empresas com presença internacional, promover programas de mobilidade internacional.

Estado
– Por parte do Estado, a agilização dos licenciamentos de construção e reabilitação de habitações, e um enquadramento legal favorável ao arrendamento, de modo a aumentar a oferta de habitação e, consequentemente, reduzir os preços;
– Definição de um comfortable living wage (remuneração para um nível de vida confortável), um nível salarial que permita a cada trabalhador obter um nível de vida confortável e ter acesso a benefícios essenciais;
– Redução do tax wedge (hiato fiscal), isto é, do peso do IRS e da Segurança Social no custo total de cada trabalhador, sobretudo para os níveis salariais mais baixos e com prioridade para os jovens qualificados;
– Alargamento do pacote de complementos salariais que beneficiam de isenção de IRS e/ou Segurança Social, com destaque para as áreas da habitação e mobilidade;
– Revisão da lei laboral, no sentido de a modernizar, facilitando a emergência de novos modelos de trabalho, adequados às necessidades e expectativas de trabalhadores e empresas, e dinamizar o mercado laboral.
“Acreditamos que os caminhos de solução que apresentamos apontam o caminho para que, a médio prazo, empresas e governo possam criar um ecossistema laboral vantajoso e competitivo que torne Portugal e as empresas portuguesas atrativas – quer para o talento interno, como para o talento estrangeiro”, afirma Paulo Rosado, membro do Grupo de Trabalho Pessoas e da Direção da Associação BRP, e CEO da Outsystems. @ Sapo 

Sem comentários: