O historiador Ramón Fraile, que investigou as origens de Fernão de Magalhães e descobriu que o navegador era descendente da linhagem portuguesa dos Pimentel, lamenta que não tenha sido construída uma “história ibérica” sobre a primeira volta ao mundo.
Ramón Jiménez Fraile apresentou, em Madrid, a sua obra "A Vitória de Magalhães”, na qual, coincidindo com os 500 anos da primeira viagem de circum-navegação, desmantela "a forma como a façanha foi contada ao longo dos séculos" e resgata a memória de personagens "injustamente esquecidos".
Este livro dá conta da descoberta, em Portugal, de um documento que mostra que o marinheiro era bisneto de Juan Alfonso Pimentel [João Afonso Pimentel, em português], primeiro conde de Benavente, fidalgo de origem portuguesa que se deslocou para Castela no final do século XIV.
A obra também narra o destino do navio Vitória, e não do ‘Victoria’, já que o ‘c’ foi acrescentado, como uma erudição, ao registar-se a façanha em latim.
Segundo o investigador, existem inúmeros testemunhos, entre eles, um anónimo que encontrou na Califórnia, que dão a entender que o histórico navio não desapareceu num naufrágio, mas terminou os seus dias nos estaleiros de Sevilha.
Na apresentação da sua obra, Jiménez Fraile quis aprofundar a dimensão ibérica de Fernão de Magalhães e lamentou que não se tenha construído uma “história ibérica”, muito menos europeia e universal, sobre a primeira circum-navegação durante as celebrações dos 500 anos.
A primeira volta ao mundo terminou fez 500 anos, em 08 de setembro, em Sevilha, depois de três anos de navegação que comprovou, pela primeira vez, que a Terra é redonda, numa expedição comandada inicialmente pelo português Fernão de Magalhães e, depois da sua morte nas Filipinas, pelo espanhol Juan Sebastián Elcano.
A cerimónia de apresentação em Madrid contou com a presença do ex-ministro do Trabalho Manuel Pimentel, autor do prólogo, e do professor de Literatura Portuguesa Gabriel Magalhães, com quem o autor está a trabalhar na edição portuguesa do livro.
Pimentel destaca no prólogo como Jiménez Fraile considera "que a história não é coisa do passado, que está sempre a ser escrita" e, como o autor demonstrou, "que documentos que descansam em arquivos públicos ou coleções particulares podem vir à tona em qualquer momento, para questionar as convicções".
Jiménez Fraile, que foi correspondente em Bruxelas da agência de notícias espanhola Efe e "El Correo" antes de ingressar nas instituições da União Europeia na década de 1980, e tem vários livros publicados. @ Sapo
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