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Dele recordo a serenidade e o dom de palavra. Um verdadeiro "príncipe da palavra", um orador de exceção, um revolucionário do seu tempo. Hoje, que leciono o Padre António Vieira aos jovens de 11º ano, apraz-me fazer a comparação. Ambos viveram 89 anos de integridade, de humanidade e de solidariedade.
O Público faz este apontamento: "Dizia de si próprio que tinha o “hábito fantástico” de ver sempre o lado positivo das coisas. Concomitantemente, encarava a morte como “apenas uma porta” que abria para “a ternura de Deus”. O padre Vítor Feytor Pinto, apontado como uma das “figuras mais importantes” da Igreja Católica portuguesa, morreu esta quarta-feira, aos 89 anos de idade, na sequência de uma indisposição."
Já o Expresso identifica-o assim: "Foi um homem de pontes entre o mundo real e a Igreja, porque só concebia ser católico como forma de intervir na realidade e torná-la melhor. Seguiu o Concílio Vaticano em direto. Deu a notícia do 25 de abril aos bispos portugueses. Admitiu o uso do preservativo e condenou a criminalização do aborto, o que lhe valeu queixas diretas junto do Papa. E deixou um testamento vital feito. Vitor Feytor Pinto morreu esta quarta-feira, aos 89 anos, deixando o seu nome marcado na História da Igreja portuguesa dos séculos XX e XXI."
Gosto de acreditar que "os homens de pontes" são sempre irreverentes, pois veem no Outro aquilo que ninguém mais vê. Para além disso, este nosso Padre era guloso e adorava comer trouxas de ovos, o que me faz sorrir, pensando que essa era uma característica bem vulgar. Afinal, os grandes homens têm vidas vulgares. O que os distingue é o caráter.
Oxalá o Céu lhe reserve em abundância muitas trouxas de ovos para o receber!
Manuela Couto, docente de Português
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