A televisão e o ecrã do computador transformaram-se em salas de aulas quando, a 12 de março, as escolas fecharam portas devido à pandemia da Covid-19. Seguiram-se três meses de aulas à distância. Agora, estudantes, professores e pessoal não docente vão poder regressar às instituições de ensino entre 14 e 17 de setembro. O cenário que irão encontrar será diferente daquele que deixaram - sem saber quando voltariam - e as dúvidas são muitas.
A TSF respondeu a algumas questões recorrentes.
Eis algumas questões que se conseguem responder.
É
obrigatório usar máscara durante todo o dia?
A lista de material escolar ganhou, este
ano, um novo elemento. Todos os alunos, professores e pessoal não docente, bem
como todos aqueles que precisem de entrar no recinto escolar, são obrigados
a usar máscara nas escolas, durante todo o dia.
A utilização constante deste equipamento
de proteção individual é tão importante que, tal como afirma o presidente
Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP),
Filinto Lima, a máscara adquiriu "um estatuto superior ao do manual
escolar", até porque um estudante sem manual pode entrar na escola e
arrisca-se apenas a ter uma falta de material, mas sem máscara "não pode
sequer colocar os pés no espaço escolar".
Como vão ser as salas de aulas?
A troca de bilhetinhos e as conversas
com o colega do lado vão agora ser menos frequentes, já que os alunos estarão,
num cenário ideal, mais afastados uns dos ou
De acordo com as orientações do
Governo, as aulas deverão decorrer, sempre
que possível, na mesma sala e os alunos e professores devem ter um
lugar ou uma secretária fixa, a, pelo menos, um metro de distância
uns dos outros.
Além disso, deve privilegiar-se a
utilização de salas amplas e arejadas, as mesas devem ser dispostas
junto das paredes e janelas, e deve evitar-se que os alunos estejam de
frente uns para os outros.
Filinto Lima admite que, dada a dimensão
de algumas escolas, não será possível manter, em todos os casos, o
distanciamento de um metro entre alunos. Ainda assim, o presidente da ANDAEP
lembra as medidas complementares ao distanciamento físico para diminuir o risco
de contágio, como é o caso da utilização obrigatória de máscara em
todo o recinto escolar, da lavagem e da desinfeção frequente das mãos e
da definição de circuitos de circulação dentro das
instituições de ensino.
O que acontece à matéria que ficou para
trás?
As primeiras semanas de aulas serão para
relembrar e consolidar a matéria, uma vez que as aulas à distância trouxeram,
em muitos casos, dificuldades acrescidas ao cumprimento dos programas das
diferentes disciplinas. De acordo com a orientação da
Direção-Geral de Educação, esta "recuperação e
consolidação das aprendizagens deve ocorrer durante todo o ano letivo,
com especial incidência no período inicial de cinco semanas".
Ainda assim, o representante dos
diretores das escolas públicas considera fundamental a comunidade escolar
concentrar-se também, durante os primeiros dias de aulas, em fazer um "trabalho
de natureza emocional", já que os alunos "estiveram muito tempo
fora do seu espaço escolar e sem conviver com pessoas de quem muito gostam,
como colegas, professores e funcionários".
Os intervalos vão deixar de existir?
Os intervalos entre as aulas vão
continuar a existir, mas devem ter a menor duração possível. Durante
os intervalos, os alunos devem permanecer em zonas específicas, definidas pela
escola, e deve evitar-se a concentração de alunos nos espaços comuns, como as
bibliotecas e as salas de informática.
As cantinas vão continuar a funcionar?
Os estudantes vão poder continuar a
almoçar nos refeitórios escolares, que reabrem já no início do ano letivo com
novas regras.
A partir de agora, os períodos de almoço
devem ser, sempre que possível, desfasados entre turmas, e algumas cantinas
podem passar a servir refeições em regime takeaway. Todos
os que utilizarem os refeitórios devem utilizar máscara no espaço, exceto
durante o momento da refeição, bem como lavar e desinfetar as mãos antes e
depois.
Os talheres e os guardanapos serão
fornecidos dentro de uma embalagem, as mesas e cadeiras deverão ser
higienizadas após cada utilização e não devem existir objetos ou elementos
decorativos em cima das mesas. Além disso, as escolas devem assegurar uma boa
ventilação e renovação do ar nestes espaços.
Os
alunos podem frequentar o bar da escola?
À semelhança das cantinas, também os
bares ou bufetes das escolas vão estar abertos a partir do dia 14 de setembro.
As principais medidas para uma reabertura segura passam, por exemplo, por um
aumento da frequência de limpeza e higienização destes
espaços, sobretudo, após cada utilização dos balcões, mesas e cadeiras. Além
disso, deve existir uma lotação máxima, definida de acordo com as
características do espaço, a fim de evitar concentrações e deve estar
assegurada uma boa ventilação e renovação do ar.
Quem frequenta os bares das escolas deve
ainda higienizar as mãos à entrada e à saída, utilizar sempre máscara, exceto
no momento da refeição, e manter o distanciamento físico.
Os
encarregados de educação podem entrar nos estabelecimentos de ensino?
A circulação de pessoas externas dentro
das escolas deve ser evitada ao máximo. Por isso, o contacto telefónico
ou por via digital com os encarregados de educação deve ser o método
privilegiado.
No caso do ensino pré-escolar, as
crianças devem ser entregues à porta do estabelecimento de ensino pelo
encarregado de educação, ou por alguém por ele designado, e recebidas por um
profissional destacado para o efeito.
As
crianças mais pequenas podem levar brinquedos para a escola?
A orientação é clara: as escolas devem solicitar
aos encarregados de educação que não deixem as crianças levar
brinquedos ou outros objetos não necessários de casa para a escola.
Os estabelecimentos de ensino do
pré-escolar devem também remover das salas todos os acessórios não essenciais
às atividades ali desenvolvidas e os objetos que permanecerem naqueles espaços
devem ser higienizados e desinfetados com frequência.
Como vão
funcionar as aulas de educação física?
Sem máscara, mas com o maior
distanciamento físico possível. É assim que deverão ser as aulas de educação
física durante este ano letivo. De acordo com as orientações da
Direção-Geral da Educação, os professores deverão optar por
estratégias e metodologias de ensino que privilegiem o respeito pelo
distanciamento físico "de, pelo menos, três metros entre
alunos". Ainda assim, o cumprimento dos objetivos da disciplina devem
ser assegurados e, sempre que possível, as aulas devem ser dadas em espaços
exteriores.
As atividades desenvolvidas devem ser,
preferencialmente, individuais ou entre grupos reduzidos, simulando situações
de jogo "reduzidas e condicionadas".
Para evitar contacto físico, deve ser privilegiado
"o trabalho em circuito, possibilitando a execução de exercícios
através de estações que valorizem a estabilização de grupos de trabalho com os
mesmos propósitos".
Para os alunos, a máscara só é
obrigatória à entrada e à saída da aula, e não no decorrer da mesma. Já os
professores só podem dispensar o uso de máscara em momentos que impliquem a
realização de exercício físico, por exemplo, na demonstração de uma atividade.
O
que acontece aos grupos de risco?
As críticas sobre a ausência de medidas
concretas para os alunos, professores e funcionários de grupos de risco nas
escolas têm sido frequentes, nas últimas semanas. Por isso, a Confederação
Nacional das Associações de Pais (CONFAP), em entrevista à TSF, diz ser
urgente "perceber como é que vai ser trabalhada" a questão
dos grupos de risco, nomeadamente se os alunos nesta situação terão
aulas à distância.
Para já, há professores com patologias a
manifestar indisponibilidade para regressar à escola, sendo que
ainda não é claro se estes docentes poderão trabalhar a partir de casa ou se
terão de ser substituídos.
Um aluno
pode ir à escola se tiver tosse?
Todas as pessoas que tenham "sinais
ou sintomas sugestivos de Covid-19" devem manter-se afastadas dos
estabelecimentos de ensino. Caso um aluno tenha tosse, febre, dificuldade em
respirar ou outro sintoma comum à infeção provocada pelo novo
coronavírus, não deve ir para a escola e o encarregado de
educação deve contactar o SNS24 e seguir as indicações dadas pelos
profissionais de saúde.
O
que acontece se houver um suspeito de Covid-19?
A Direção-Geral da Saúde anunciou que
está a preparar um manual com regras sanitárias para o
regresso às aulas, que "fará a ligação entre autoridades locais de saúde e
agrupamentos de escolas". Graça Freitas explicou, esta
quarta-feira, em conferência de imprensa, que a DGS está a
ultimar um "referencial que permite atuar com uma cadeia de comunicação
simples perante um caso suspeito, um caso confirmado ou um surto" numa
escola.
O documento só será conhecido a 7
de setembro, uma semana antes do arranque do ano letivo, mas as escolas já
receberam em julho algumas orientações sobre como devem atuar caso haja um
suspeito de Covid-19, uma vez que todas as instituições de ensino têm de ter
um Plano de Contingência, com todos os procedimentos a adotar
nestes casos.
Quando é identificado um caso suspeito
de Covid-19 dentro do estabelecimento de ensino, a pessoa em causa deve
encaminhar-se ou ser encaminhada para a área de isolamento -
que deve estar equipada com telefone, cadeira, água e alguns alimentos
não perecíveis, e ter acesso a instalação sanitária - pelos circuitos
definidos no Plano de Contingência.
Se o caso suspeito for uma criança, deve
permanecer junto da mesma um responsável, cumprindo todas as precauções,
nomeadamente a higienização frequente das mãos e a utilização de máscara. De
seguida, deve ser contactado o SNS24, as autoridades de
saúde locais devem ser informadas e os encarregados de educação
contactados.
As superfícies mais utilizadas
pelo caso suspeito devem ser limpas e desinfetadas e os resíduos por
ele produzidos devem ser acondicionados em dois sacos de plástico, resistentes,
fechados com dois nós apertados, e, posteriormente, devem ser depositados em
contentores de resíduos coletivos e nunca em ecopontos.
O próximo ano letivo inicia-se entre 14
e 17 de setembro, com a retoma das atividades letivas presenciais que em março
foram suspensas devido à pandemia da Covid-19. @ TSF
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