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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

perguntas e respostas: tudo o que se sabe (e o que falta saber) sobre o regresso às aulas


A televisão e o ecrã do computador transformaram-se em salas de aulas quando, a 12 de março, as escolas fecharam portas devido à pandemia da Covid-19. Seguiram-se três meses de aulas à distância. Agora, estudantes, professores e pessoal não docente vão poder regressar às instituições de ensino entre 14 e 17 de setembro. O cenário que irão encontrar será diferente daquele que deixaram - sem saber quando voltariam - e as dúvidas são muitas.

A TSF respondeu a algumas questões recorrentes. 

Eis algumas questões que se conseguem responder. 

É obrigatório usar máscara durante todo o dia?

A lista de material escolar ganhou, este ano, um novo elemento. Todos os alunos, professores e pessoal não docente, bem como todos aqueles que precisem de entrar no recinto escolar, são obrigados a usar máscara nas escolas, durante todo o dia. 

A utilização constante deste equipamento de proteção individual é tão importante que, tal como afirma o presidente Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, a máscara adquiriu "um estatuto superior ao do manual escolar", até porque um estudante sem manual pode entrar na escola e arrisca-se apenas a ter uma falta de material, mas sem máscara "não pode sequer colocar os pés no espaço escolar".

Como vão ser as salas de aulas?

A troca de bilhetinhos e as conversas com o colega do lado vão agora ser menos frequentes, já que os alunos estarão, num cenário ideal, mais afastados uns dos ou

De acordo com as orientações do Governo, as aulas deverão decorrer, sempre que possível, na mesma sala e os alunos e professores devem ter um lugar ou uma secretária fixa, a, pelo menos, um metro de distância uns dos outros.

Além disso, deve privilegiar-se a utilização de salas amplas e arejadas, as mesas devem ser dispostas junto das paredes e janelas, e deve evitar-se que os alunos estejam de frente uns para os outros.

Filinto Lima admite que, dada a dimensão de algumas escolas, não será possível manter, em todos os casos, o distanciamento de um metro entre alunos. Ainda assim, o presidente da ANDAEP lembra as medidas complementares ao distanciamento físico para diminuir o risco de contágio, como é o caso da utilização obrigatória de máscara em todo o recinto escolar, da lavagem e da desinfeção frequente das mãos e da definição de circuitos de circulação dentro das instituições de ensino.

O que acontece à matéria que ficou para trás?

As primeiras semanas de aulas serão para relembrar e consolidar a matéria, uma vez que as aulas à distância trouxeram, em muitos casos, dificuldades acrescidas ao cumprimento dos programas das diferentes disciplinas. De acordo com a orientação da Direção-Geral de Educação, esta "recuperação e consolidação das aprendizagens deve ocorrer durante todo o ano letivo, com especial incidência no período inicial de cinco semanas".

Ainda assim, o representante dos diretores das escolas públicas considera fundamental a comunidade escolar concentrar-se também, durante os primeiros dias de aulas, em fazer um "trabalho de natureza emocional", já que os alunos "estiveram muito tempo fora do seu espaço escolar e sem conviver com pessoas de quem muito gostam, como colegas, professores e funcionários".

Os intervalos vão deixar de existir?

Os intervalos entre as aulas vão continuar a existir, mas devem ter a menor duração possível. Durante os intervalos, os alunos devem permanecer em zonas específicas, definidas pela escola, e deve evitar-se a concentração de alunos nos espaços comuns, como as bibliotecas e as salas de informática.

As cantinas vão continuar a funcionar?

Os estudantes vão poder continuar a almoçar nos refeitórios escolares, que reabrem já no início do ano letivo com novas regras.

A partir de agora, os períodos de almoço devem ser, sempre que possível, desfasados entre turmas, e algumas cantinas podem passar a servir refeições em regime takeaway. Todos os que utilizarem os refeitórios devem utilizar máscara no espaço, exceto durante o momento da refeição, bem como lavar e desinfetar as mãos antes e depois.

Os talheres e os guardanapos serão fornecidos dentro de uma embalagem, as mesas e cadeiras deverão ser higienizadas após cada utilização e não devem existir objetos ou elementos decorativos em cima das mesas. Além disso, as escolas devem assegurar uma boa ventilação e renovação do ar nestes espaços.

Os alunos podem frequentar o bar da escola?

À semelhança das cantinas, também os bares ou bufetes das escolas vão estar abertos a partir do dia 14 de setembro. As principais medidas para uma reabertura segura passam, por exemplo, por um aumento da frequência de limpeza e higienização destes espaços, sobretudo, após cada utilização dos balcões, mesas e cadeiras. Além disso, deve existir uma lotação máxima, definida de acordo com as características do espaço, a fim de evitar concentrações e deve estar assegurada uma boa ventilação e renovação do ar.

Quem frequenta os bares das escolas deve ainda higienizar as mãos à entrada e à saída, utilizar sempre máscara, exceto no momento da refeição, e manter o distanciamento físico.

Os encarregados de educação podem entrar nos estabelecimentos de ensino?

A circulação de pessoas externas dentro das escolas deve ser evitada ao máximo. Por isso, o contacto telefónico ou por via digital com os encarregados de educação deve ser o método privilegiado.

No caso do ensino pré-escolar, as crianças devem ser entregues à porta do estabelecimento de ensino pelo encarregado de educação, ou por alguém por ele designado, e recebidas por um profissional destacado para o efeito.

As crianças mais pequenas podem levar brinquedos para a escola?

A orientação é clara: as escolas devem solicitar aos encarregados de educação que não deixem as crianças levar brinquedos ou outros objetos não necessários de casa para a escola.

Os estabelecimentos de ensino do pré-escolar devem também remover das salas todos os acessórios não essenciais às atividades ali desenvolvidas e os objetos que permanecerem naqueles espaços devem ser higienizados e desinfetados com frequência.

Como vão funcionar as aulas de educação física?

Sem máscara, mas com o maior distanciamento físico possível. É assim que deverão ser as aulas de educação física durante este ano letivo. De acordo com as orientações da Direção-Geral da Educação, os professores deverão optar por estratégias e metodologias de ensino que privilegiem o respeito pelo distanciamento físico "de, pelo menos, três metros entre alunos". Ainda assim, o cumprimento dos objetivos da disciplina devem ser assegurados e, sempre que possível, as aulas devem ser dadas em espaços exteriores.

As atividades desenvolvidas devem ser, preferencialmente, individuais ou entre grupos reduzidos, simulando situações de jogo "reduzidas e condicionadas".

Para evitar contacto físico, deve ser privilegiado "o trabalho em circuito, possibilitando a execução de exercícios através de estações que valorizem a estabilização de grupos de trabalho com os mesmos propósitos".

Para os alunos, a máscara só é obrigatória à entrada e à saída da aula, e não no decorrer da mesma. Já os professores só podem dispensar o uso de máscara em momentos que impliquem a realização de exercício físico, por exemplo, na demonstração de uma atividade.

O que acontece aos grupos de risco?

As críticas sobre a ausência de medidas concretas para os alunos, professores e funcionários de grupos de risco nas escolas têm sido frequentes, nas últimas semanas. Por isso, a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), em entrevista à TSF, diz ser urgente "perceber como é que vai ser trabalhada" a questão dos grupos de risco, nomeadamente se os alunos nesta situação terão aulas à distância.

Para já, há professores com patologias a manifestar indisponibilidade para regressar à escola, sendo que ainda não é claro se estes docentes poderão trabalhar a partir de casa ou se terão de ser substituídos.

Um aluno pode ir à escola se tiver tosse?

Todas as pessoas que tenham "sinais ou sintomas sugestivos de Covid-19" devem manter-se afastadas dos estabelecimentos de ensino. Caso um aluno tenha tosse, febre, dificuldade em respirar ou outro sintoma comum à infeção provocada pelo novo coronavírus, não deve ir para a escola e o encarregado de educação deve contactar o SNS24 e seguir as indicações dadas pelos profissionais de saúde.

O que acontece se houver um suspeito de Covid-19?

A Direção-Geral da Saúde anunciou que está a preparar um manual com regras sanitárias para o regresso às aulas, que "fará a ligação entre autoridades locais de saúde e agrupamentos de escolas". Graça Freitas explicou, esta quarta-feira, em conferência de imprensa, que a DGS está a ultimar um "referencial que permite atuar com uma cadeia de comunicação simples perante um caso suspeito, um caso confirmado ou um surto" numa escola.

O documento só será conhecido a 7 de setembro, uma semana antes do arranque do ano letivo, mas as escolas já receberam em julho algumas orientações sobre como devem atuar caso haja um suspeito de Covid-19, uma vez que todas as instituições de ensino têm de ter um Plano de Contingência, com todos os procedimentos a adotar nestes casos.

Quando é identificado um caso suspeito de Covid-19 dentro do estabelecimento de ensino, a pessoa em causa deve encaminhar-se ou ser encaminhada para a área de isolamento - que deve estar equipada com telefone, cadeira, água e alguns alimentos não perecíveis, e ter acesso a instalação sanitária - pelos circuitos definidos no Plano de Contingência.

Se o caso suspeito for uma criança, deve permanecer junto da mesma um responsável, cumprindo todas as precauções, nomeadamente a higienização frequente das mãos e a utilização de máscara. De seguida, deve ser contactado o SNS24, as autoridades de saúde locais devem ser informadas e os encarregados de educação contactados.

As superfícies mais utilizadas pelo caso suspeito devem ser limpas e desinfetadas e os resíduos por ele produzidos devem ser acondicionados em dois sacos de plástico, resistentes, fechados com dois nós apertados, e, posteriormente, devem ser depositados em contentores de resíduos coletivos e nunca em ecopontos.

O próximo ano letivo inicia-se entre 14 e 17 de setembro, com a retoma das atividades letivas presenciais que em março foram suspensas devido à pandemia da Covid-19. @ TSF

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