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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

clima: aquecimento global será de 1,5°C antes de 2030

O planeta poderá atingir os 1,5°C de aquecimento acima dos valores da era pré-industrial antes de 2030 se não houver reduções rápidas de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), indica um estudo hoje divulgado.

As Nações Unidas consideram que alimentar um planeta faminto é cada vez mais difícil, porque as mudanças climáticas e o esgotamento dos solos e outros recursos estão a enfraquecer os sistemas alimentares.

Publicado na revista “Nature Climate Change”, o estudo adverte que, por volta de 2029, sem reduções de emissões de dióxido de carbono (CO2), há 50% de hipótese de se registar um aquecimento superior a 1,5°C em relação à época pré-industrial, um valor que foi estabelecido no Acordo de Paris sobre o clima, como limite que não deve ser ultrapassado por ter consequências nefastas no planeta e nos seus habitantes.

Conduzido por investigadores da universidade britânica “Imperial College London”, o estudo faz uma análise atualizada e exaustiva do orçamento global do carbono, que é uma estimativa da quantidade de emissões de CO2 que podem ser libertadas mantendo o aquecimento global abaixo de determinados limites de temperatura.

No documento estima-se que para que haja 50% de hipóteses de limitar o aquecimento a 1,5°C, restam menos de 250 gigatoneladas de CO2 no orçamento global de carbono. Se as emissões se mantiverem como em 2022, cerca de 40 gigatoneladas, o orçamento esgota-se em 2029, levando a um aquecimento global acima dos 1,5°C.

Para uma hipótese de limitar o aquecimento a 2°C o orçamento é de aproximadamente 1.200 gigatoneladas, pelo que com as emissões aos níveis atuais o orçamento esgotar-se-ia em 2046.

Robin Lamboll, investigador do Centro de Política Ambiental da universidade e principal autor do estudo, afirmou, citado no documento de divulgação: "A nossa descoberta confirma o que já sabemos - não estamos a fazer o suficiente para manter o aquecimento abaixo de 1,5°C”.

Alertando que a margem é agora muito pequena, o investigador frisou que as estimativas apontam para menos de uma década de emissões aos níveis atuais, concluindo: “A falta de progressos na redução das emissões significa que podemos ter cada vez mais a certeza de que a janela para manter o aquecimento a níveis seguros está a fechar-se rapidamente".

No documento nota-se que tem havido muitas incertezas no cálculo do orçamento do carbono devido à influencia de outros fatores e de outras emissões que não só CO2, afirmando-se que o atual estudo usou modelos melhorados e metodologia reforçada, conduzindo a projeções sobre as reações do clima ao zero líquido, quando houver um equilíbrio entre as emissões globais e as emissões eliminadas (neutralidade carbónica).

Os investigadores dizem que é possível que o clima continue a aquecer devido a efeitos como a fusão do gelo, a libertação de metano e as alterações na circulação oceânica.

No entanto, os sumidouros de carbono, como o aumento do crescimento da vegetação, poderão também absorver grandes quantidades de dióxido de carbono, conduzindo a um arrefecimento das temperaturas globais antes de se atingir o zero líquido.

Incertezas que, diz Robin Lamboll, realçam ainda mais a necessidade urgente de redução rápida de emissões. Fonte: Sapo 

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