Alunos do 11.º ano ainda não sabem quais os exames que têm de fazer para concorrer ao ensino superior. Regras que mudam e dúvidas que se mantêm.
As regras de acesso ao ensino superior vão mudando a conta gotas todos os anos. Depois do período de exceção durante a pandemia que durou vários anos e que ainda se aplicam a quem se candidata este ano ao ensino superior, os alunos do 11.º vão já ter de fazer contas novas. E a meio do ciclo. As regras para os que frequentam este ano o 10.º ano também serão diferentes. Como será, quais as regras e que exames têm de fazer, está a deixar escolas e alunos baralhados e vão ter de se preparar e fazer opções desenhando cenários hipotéticos.
Uma das questões ainda por responder é saber quais os exames que os alunos do 11.º terão de realizar no final deste ano letivo para se poderem candidatar ao ensino superior. O que se sabe e é certo é que estes alunos terão de realizar três provas, que servem para concluir três disciplinas – valendo 30% da nota final – e servem também como exames de candidatura à universidade. Ora, estes exames, que servem para concluir cadeiras, têm de ser das disciplinas trienais (Matemática ou Português, por exemplo) ou das específicas bienais (como seja Filosofia ou Economia entre outras). Inglês, no entanto, é exceção uma vez que não é uma disciplina de caráter geral nem específico.
Destas três, está incluído o exame de Português, uma vez que é o único obrigatório para todos os alunos do secundário. O que fica por esclarecer é se o Português pode servir apenas como prova de ingresso ou se tem obrigatoriamente de contar para ‘fechar’ a disciplina – caso os alunos escolham fazer quatro exames, mais do que os obrigatórios, e não queiram contar com o de Português para a média da disciplina.
A grande mudança, no entanto, tem a ver com a obrigatoriedade de as universidades passarem a pedir duas provas de ingresso para os seus cursos que passam a contar entre 60% a 50% da média total de ingresso – e não 40% ou 60% como ainda será este ano. Esta exigência dos dois exames é diferente do regime atual aplicado aos alunos do 12.º, aos quais, em muitos cursos, era apenas exigido um exame – como é o caso de Gestão na Universidade Nova onde só é requerido o exame de Matemática A. O problema é que ainda não são conhecidas as novas duplas de exames e os alunos do 11.º têm de os realizar já no final deste ano. Sendo que o tempo para se preparem para essas provas escasseia. É o caso de alunos agora no 11.º ano que tenham escolhido uma área específica com vista a candidatarem-se se um determinado curso que exige apenas um exame do 11.º e agora ficam às escuras sem saber qual o segundo exame que tenham de realizar. Nas áreas científicas, engenharia ou tecnológicas em que o exame de Português dificilmente seria a aposta destes alunos, as opções que se irão apresentar a estes alunos é uma incógnita e todas os cenários são possíveis enquanto as universidades não revelarem quais as provas de ingresso que exigem.
Outra questão que não está clarificada, no cenário em que os alunos optem por realizar quatro exames de forma a garantir mais opções, é saber como é feita a escolha dos exames que contam para ‘fechar’ as disciplinas. Se contam os melhores resultados ou se ficam presos aos exames realizados das disciplinas do 11.º ano, as bienais, não podendo contar com os do 12.º ano mesmo que consigam melhores resultados.
Ao Nascer do SOL, Fontainha Fernandes, presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), afirma que a recente deliberação da CNAES, que permite às instituições aumentarem de três para seis grupos de duas provas de ingresso, «pode traduzir-se em maior liberdade de escolha aos futuros estudantes do ensino superior». Isto apesar de as universidades poderem optar por apenas um par de exames. Quanto à questão de muitos cursos que tinham como condição de acesso apenas uma prova de ingresso terem de passar a exigir duas prova no mínimo, Fontainha Fernandes diz que, incluindo Português em todos os grupos disciplinares, essas instituições de ensino superior podem «optar pela disciplina de Português». Ou seja, as universidades podem pedir Português e Matemática em qualquer curso. No entanto, a questão mantém-se: a data em que serão conhecidas essas opções, qual o número de pares e quais os pares, ainda ninguém sabe.
David Sousa, vice-presidente da Associação dos Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, disse ao Nascer do SOL que «A direção-geral do Ensino Superior está consciente de acelerar a saída da legislação» que deverá ser «divulgada a partir de fevereiro/março». No seu entender, «Os alunos só deveriam realizar os exames das disciplinas pedidas pelas universidades», sendo que estas «deveriam ter outras formas de acesso».
Relativamente aos alunos que frequentam este ano o 10.º ano, as regras serão genericamente idênticas às dos alunos que frequentam o 11.º, com algumas pequenas diferenças: o peso dos exames passa de 30% para 25% para efeitos de nota final das disciplinas e a média é feita de forma ponderada e não aritmética como será este ano. Quer isto dizer que as notas das disciplinas bienais têm menos preponderância que as disciplinas trienais. Fonte: Sapo
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