Mais de dois terços de quase 12 mil crianças e jovens inquiridos em Portugal pela UNICEF afirmam que os adultos nunca pedem a sua opinião e cerca de metade revela preocupações com saúde mental e redes sociais.
No Pólo da Unidade de Apoio Educativo a Alunos Surdos da Escola Básica com Jardim de Infância número 120, nas Laranjeiras, 46 crianças com problemas de audição aprendem com educadores especializados, formadores de Língua Gestual Portuguesa e terapeutas da fala.(ACOMPANHA TEXTO). MARIO CRUZ/LUSA Lusa
Na segunda edição do inquérito ‘Tenho Voto na Matéria’,
promovido pela UNICEF Portugal, em colaboração com o Centro de Estudos e
Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica Portuguesa, foram ouvidos
11.834 crianças e jovens entre os 3 e os 20 anos que vivem em Portugal, e os
resultados “revelam que 71% das crianças sentem que os adultos nunca ou
raramente lhes perguntam a sua opinião, um valor semelhante ao de 2021 (76%)”.
“Além
disso, 70% das crianças afirmam que a sua opinião nunca ou raramente teve
impacto no que foi decidido, e 28% dizem que nunca deram a sua opinião”,
acrescenta o comunicado da UNICEF Portugal sobre os resultados.
O
inquérito, lançado pela primeira vez em 2021, pretende ser “uma iniciativa de
auscultação das preocupações e necessidades das crianças e jovens que vivem em
Portugal, com o objetivo de criar oportunidades de participação e influenciar
decisões que afetam diretamente as suas vidas”.
“As
principais preocupações das crianças e jovens são a saúde mental (58%), a
internet e redes sociais (44%) e a discriminação (42%), mantendo-se em linha
com os resultados de 2021. A maioria (62%) das crianças e jovens considera que
estes são os maiores problemas porque podem afetar o seu futuro e 45% pelo que
assistem nas notícias ou na internet”, adianta o comunicado.
Segundo os
resultados, “a maior parte das crianças discute estes temas em casa (62%), mas
quase metade (48%) não fala sobre os mesmos na escola”
O
inquérito revela ainda um aumento da sensação de insegurança entre as
raparigas, com 27% a afirmarem sentir-se inseguras.
“O
ambiente surge como uma prioridade para as crianças e jovens, com 42% a
indicarem o cuidado com o ambiente como o principal aspeto a melhorar nas suas
comunidades, seguido da qualidade das escolas (35%) e dos transportes públicos
(28%). As crianças identificam ainda a poluição (65%) como o principal problema
ambiental que as afeta”, adianta ainda o comunicado.
A UNICEF Portugal revela os dados do inquérito na data em que se assinala o Dia Universal dos Direitos da Criança, defendendo que “a educação para a cidadania democrática e a participação ativa devem ser incorporadas na vida das crianças desde cedo, ajudando-as a entender como podem influenciar positivamente a sociedade”. Fonte: Sapo
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