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terça-feira, 3 de janeiro de 2023

saúde: especialistas alertam para aumento das infeções respiratórias em janeiro


O ciclo repete-se nos últimos anos e já é conhecido de cor por todos: depois do Natal e do Ano novo, sobem em flecha o número de infeções por Covid-19. Este ano, será o primeiro em que as festas serão celebradas sem medidas obrigatórias ou restrições, mas também será o ano com maior percentagem da população vacinada e com as doses de reforço da inoculação contra a Covid-19.
Assim, a Multinews falou com vários médicos e especialistas para tentar perceber qual o cenário após as festividades da quadra natalícia e do Ano Novo, sendo que será expectável um aumento no número de infeções, não só por Covid-19, como também por outras infeções respiratórias que circulam mais no inverno.
Casos não estão a aumentar “porque não se estão a fazer testes como antes”
Gustavo Tato Borges, médico e presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), começa por dizer à Multinews que, no que diz respeito à Covid-19, “será um Natal e Ano Novo mais seguro”, mas que certamente o período após as festividades “terá um aumento de casos”. Atualmente, defende o especialista, não vemos aumento de novos casos de infeção porque a testagem já é feita tão amplamente como, por exemplo, no ano passado.
“Nós não vemos o aumento de casos, porque não se fazem testes como antes, mas a média diária estará nos 3000/4000 novos casos de Covid-19”, segundo as estimativas citadas por Tato Borges. “Mas é mais do que normal que aconteça aumento de casos após Natal e Ano Novo”, sublinha o perito, que, no entanto, não será “enorme”, como em 2021, até porque não se farão tantos testes como anteriormente.
Óscar Felgueiras, matemático e especialista em epidemiologia da Universidade do Porto, diz que o impacto da Covid-19 será “relativamente controlado”. “Será abaixo do ano passado, até porque por esta altura em 2021 tínhamos o surgimento da variante Omicron”, explica à Multinews.
“Não se notará na gravidade da doença”, afirma Tato Borges, adiantando que será provável algum aumento de internamentos, mas que “talvez não se note aumento nas mortes por Covid-19”, no arranque de 2023. “Esperamos que haja, senão seria mais pressão no SNS”.
Serviços de saúde preparados para aumento da procura. Mas contactar SNS 24 é “muito importante”
Manuel Carmo Gomes, professor de epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, explica “a época de festividades associa-se a um aumento de contactos entre familiares que são de grande proximidade, demorados e ocorrem em espaços mal arejados”, pelo que não só a Covid-19, como outros vírus respiratórios, registarão aumento do número de casos em janeiro.
É expectável por isso que em Janeiro se registe um aumento do número de infeções respiratórias em geral, incluindo Covid mas também gripe, vírus sincicial, rinovírus, adenovírus, etc… No que respeita à Covid, porém, não espero um aumento de casos e hospitalizações que se compare aos Janeiros de 2021 e 2022. Embora estejam em circulação subvariantes da Omicron que escapam aos nossos anticorpos, a nossa experiência recente e a dos países onde estas subvariantes são maioritárias há algumas semanas (França, Bélgica, Espanha, Reino Unido, Alemanha), é que não se têm observado subidas de casos que se comparem com os anos anteriores. No ano passado por esta altura, tínhamos já uma subida muito inclinada de hospitalizações COVID, coisa que este ano não acontece”, explica o especialista à Multinews.
Raquel Duarte, pneumologista recorda que “todos os anos temos um aumento da pressão no SNS decorrente das infeções respiratórias (mesmo antes da pandemia)”, e qua atualmente já se regista um aumento da procura dos serviços de saúde por isso mesmo.
“É previsível que durante as próximas semanas/meses ocorra um aumento da transmissão das infeções respiratórias”, aponta a especialista, que, no entanto, assegura que o SNS estará preparado. Ainda assim, a médica apela aos portugueses para que, em caso de doença ou suspeita, não descurem o contacto primeiro com a linha SNS24.
“Os serviços de saúde, nos seus planos de contingência, já devem ter previsto esse aumento de procura. Não devemos, contudo, descurar a importância de a população saber que serviços procurar de acordo com a gravidade do seu quadro clínico. O contacto com o SNS24 continua a ser muito importante para uma adequada orientação”, termina a especialista, em entrevista à Multinews. @ Sapo 

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