O plano nacional de vacinação anti covid-19 já começou a ser revelado, no Infarmed. Francisco Ramos, coordenador da task force, disse quantas pessoas serão abrangidas na primeira fase.
A primeira fase do plano de vacinação anti-covid 19 - vacina que será universal e gratuita - vai abranger 950 mil pessoas, anunciou o coordenador da task force que preparou o plano, Francisco Ramos, ex-secretário de Estado da Saúde e ex-presidente do IPO.
Os grupos prioritários da primeira fase serão:
1. Profissionais de saúde e residentes em lares e em instituições similares e profissionais e internados em unidades de cuidados intensivos (250 mil pessoas).
2. Pessoas com 50 ou mais anos, com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal, doença pulmonar obstrutiva crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração (400 mil pessoas).
3.
Profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados de
doentes e profissionais de forças de segurança e serviços críticos (300 mil
pessoas).
A primeira
fase, segundo acrescentou, decorrerá de janeiro a fevereiro ou, se as coisas
não correrem tão bem, até abril.
Segunda fase
Segundo
Francisco Ramos, a segunda fase integrará pessoas:
1. Com
65 ou mais anos, com patologias ou não (1,8 milhões de pessoas).
2.
Pessoas com mais de 50 anos, com diabetes, neoplasia maligna ativa, insuficiência
hepática, insuficiência renal, obesidade, hipertensão arterial e,
eventualmente, outras patologias (900 mil pessoas).
Ou seja: ao
todo estarão abrangidas 3,65 milhões de pessoas nas duas
primeiras fases.
Terceira
fase
Na terceira
fase será vacinada a restante população, com eventuais segmentações a
estabelecer posteriormente. Grávidas e crianças ficarão de fora porque
"não há dados suficientes para recomendar" a sua vacinação. E
quanto ás pessoas acima dos 75 anos, "os dados são limitados". Também
"não é conhecida a duração da imunidade conferida pela vacinação".
O que está
planeada é a compra de 22 milhões de vacinas de seis marcas - com custo
estimado de 180 a 200 milhões de euros -, estando o processo de venda
centralizado pela União Europeia. O Governo divulgou também o calendário
previsto para a chegada das várias doses.
No final da
sessão, o primeiro-ministro advertiu que o processo de vacinação terá
imponderabilidades externas a Portugal, sendo também complexo ao nível interno,
com as dificuldades a aumentarem quanto maior for o universo de cidadãos a
vacinar.
Um
"túnel muito comprido"
"Há agora
uma luz ao fundo do túnel, mas o túnel é ainda muito comprido e bastante
penoso. Portugal irá adquirir 22 milhões de vacinas, mas essa quantidade de
vacinas não chega automaticamente no primeiro dia. Vão chegando escalonadamente
e gradualmente ao longo de todo o ano de 2021", declarou o líder do
executivo.
António Costa
salientou que a operação de vacinação vai desenvolver-se ao longo do ano e não
se concentrará apenas num primeiro momento.
A possibilidade
de o processo de vacinação não começar em janeiro. "Temos de falar verdade
e para isso é necessário saber que esta operação tem um conjunto de
imponderáveis. Não depende de nós a produção e licenciamento da vacina. Se
houver atraso temos de readaptar o nosso calendário. Se Agência Europeia se não
aprovar a primeira vacina a 29 de dezembro, não teremos uma dose da vacina em
Portugal no início de janeiro."
Para o chefe do
Governo, esta crise só poderá ser declarada como vencida "quando houver
grau de imunização coletiva".
Depois
salientou que "o esforço que a comunidade científica fez é notável".
"O esforço de adaptação do processo de licenciamento é extraordinário,
quer do Infarmed e ou da Agência Europeia do Medicamento, pois fez num ano
aquilo que duraria seis ou sete anos", afirmou.
"Comando
central" na Saúde
"É um
esforço imenso que vai ser feito, mas que não é menor do que o esforço dos
portugueses ao longo destes meses, privados da liberdade e com consequência do
emprego e da sustentabilidade das empresas", acrescentou.
Antes do
primeiro-ministro, Francisco Ramos havia explicado que "na primeira fase,
os pontos de vacinação estarão nos centros de saúde" que têm uma rede de
1200 postos com "vasta experiência acumulada". Já nos lares e
unidades de cuidados continuados "serão as próprias equipas a fazerem a
vacinação".
O coordenador
da task force disse estará no ministério da Saúde o
"comando central para gerir este processo". Mas a logística de
distribuição "está a ser preparada com robustez" e "com a ajuda
das Forças Armadas".
"É preciso
garantir a segurança da vacinação, informar a população e garantir a confiança
na vacina, abolindo eventuais barreiras à vacinação. Haverá linhas telefónicas
e site na internet para que as pessoas tenham acesso à informação do processo
de informação", afirmou ainda.
A pandemia de
covid-19 provocou pelo menos 1 495.205 mortos resultantes de mais de 64,5
milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela
agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 4 724 pessoas dos 307 618 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. @ DN
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