"O Estrangeiro” é um livro escrito por Albert Camus (1913-1960), um escritor e filósofo franco-argelino extremamente relevante ainda nos dias hoje.
Camus teve uma infância bastante desafortunada. O seu pai morreu durante a 1ª Guerra Mundial e, pouco depois, Camus viu com os seus próprios olhos as atrocidades cometidas durante a guerra da descolonização da Argélia. Estes são dois aspetos da sua vida que vão marcar a sua vida e, consequentemente, vão servir de influência às suas futuras obras literárias.
Camus também era filósofo, tendo criado a ideia do Absurdismo: uma filosofia, em parte influenciada por Nietzsche, que afirma que a tendência humana para encontrar significado na vida e a falta inerente de significado na vida são duas forças opostas que colidem, criando o ‘Absurdo’. Existe um ensaio, denominado de “Mito de Sísifo,” do mesmo autor, para fundamentar esta tese, contudo hoje escrevo sobre "O Estrangeiro", e até lá podemos encontrar elementos relacionados com a filosofia Absurdista.
Apesar d’ "O Estrangeiro" ser classificado como um romance, pode-se concluir que o romance é apenas um meio de que o autor se serve para poder escrever sobre coisas que lhe eram muito mais relevantes: a filosofia e a sociedade.
“Hoje, morreu a minha mãe. Ou talvez ontem, não sei bem.”
"O Estrangeiro" conta a história de Meursault, um indivíduo bastante sui generis. A obra começa com o protagonista a reconhecer a morte de sua mãe - informação que lhe foi dada a partir de um telegrama - porém, este não mostra qualquer tipo de emoção. Durante a sua ida ao funeral, Meursault revela-se bastante apático e pouco ou nada triste.
O protagonista revela ter este tipo de comportamentos perante uma série de situações futuras que irá encarar ao longo do desenvolvimento da intriga. Meursault é impulsivo, às vezes inconsciente. No fim da primeira metade do livro, este comete um crime pelo qual é condenado. Contudo, durante o seu julgamento, Meursault parece ser julgado mais por mostrar indiferença no funeral de sua mãe (havendo testemunhas no tribunal) do que necessariamente pelo crime que cometeu.
Já na segunda metade do livro, temos o protagonista ansioso na prisão após ter recebido uma sentença de pena de morte, sendo a data de execução uma data aleatória e sem aviso prévio. O padre da prisão, tendo pena de Meursault, entra na sua cela e tenta que este acredite em Deus porque isso o irá ajudar, mas sem sucesso. Cada tentativa apenas incrementa a raiva de Meursault, que acaba por disparar um monólogo de raiva existencial sobre a sua indiferença a tudo e a todos, que o conseguiu acalmar e o faz aceitar o seu destino de vez. É o fim d’ "O Estrangeiro."
"O Estrangeiro" é, evidentemente, uma obra muito crítica. Crítica aos sistemas de justiça defeituosos; crítica a sociedades conformistas; crítica a mundos imperfeitos. Não é surpresa alguma que seja um marco monumental na literatura e na filosofia.
Manuel Ferreira, aluno de 12º ano
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