Conheça o número de óbitos de hoje e saiba as idades daqueles que perderam a vida.
293 óbitos |
À hora a que fazemos esta publicação, o CRESCER ultrapassou as 700. 000 visualizações. Agradecemos, por isso, a vossa presença. Muito OBRIGADO!
Então, para ajudar quem tem essa obrigação de ler e para todos os que apreciam LER e VER Saramago, aqui fica um breve documentário (de 35' 25'') sobre a vida e obra do autor que conseguiu o único Prémio Nobel para a nossa Literatura.
Este é o link em que devem clicar para poderem ver o documentário:
https://ensina.rtp.pt/artigo/memorial-do-convento-de-jose-saramago/
Fiquem em casa. É tempo de LER e VER para saber mais.
Estado de emergência
O Presidente da República avisa que é preciso travar a escalada da pandemia já. Marcelo Rebelo de Sousa diz que temos de estar preparados para períodos de confinamento e de suspensão do ensino presencial mais longos do se esperava e sublinha que, o que acontecer nas próximas semanas, pode determinar o verão e até mesmo o próximo outono.@ RTP
A esta hora, o Parlamento discute a renovação do estado de emergência.
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, disse hoje que o Governo está comprometido em levar a escola virtual a todo o território, salientando, no entanto, que o ensino terá de ser sobretudo presencial.
António Pedro Santos / Lusa |
Mais ecrãs e menos saúde
Problemas de stress são os mais reportados
Até final do segundo período vão chegar às escolas 335 mil computadores para serem distribuídos junto dos alunos mais carenciados.
Os boletins foram impressos antes de estar finalizada a regularização da situação dos candidatos, o que acabou por não acontecer no caso de Eduardo Baptista, que não entregou assinaturas suficientes. Assim, este encabeça o boletim, mas se fizer uma cruzinha junto da sua fotografia vai contar como voto nulo.
“As pessoas não se importam como funciona! Apenas SE funciona”
No dia 27 de Maio de 2014 a Ubisoft lançou um jogo com o tema de Cibersegurança onde nos três jogos controlamos ativistas hackers (“Hacktivists”) que lutam contra as empresas que se aproveitam de informações privadas dos seus utilizadores para ganhar a sua custa. Apesar de atualmente (em 2021) já terem sido lançados três jogos, aqui vou apenas abordar o segundo jogo, já que pessoalmente acho o mais interessante.
Watch Dogs 2 foi lançado em Novembro de 2016 para
PC, PlayStation 4, Xbox One e Google Stadia. O jogo coloca-nos na perspectiva
de um membro da “DedSec”, um grupo
de Hacktivists que tem como objetivo
expor corrupção pelo mundo afora. O
grupo defende e luta pela liberdade de
expressão, direitos humanos e
principalmente pela liberdade de informação. A "DedSec" também
é conhecida por incentivar manifestações
pacíficas, invadir canais de televisão para passar os seus anúncios, e
utilizar grafites como um meio de tentar atrair mais seguidores. O jogo
passa-se em São Francisco e o
personagem principal da história é Marcus
Holloway, é um rapaz que por causa de um sistema falho criado pela Blume (uma empresa fictícia responsável
por criar o ctOS, a infraestrutura tecnológica de São Francisco e Chicago), foi
considerado “perigoso”. Ao tentar impedir que Blume crie mais problemas,
ele se junta a Wrench, Sitara, Horatio e
Josh, membros da DedSec. Ao
contrário dos outros dois jogos, Watch Dogs 2 tem uma história e uma ambientação bem mais viva e humorística, o
que apesar de algumas pessoas não gostarem, trouxe muitos mais fãs para a franquia. O jogo foi bastante capaz
comparado ao primeiro jogo corrigindo alguns
erros e adicionando novas mecânicas como a capacidade de
utilizar drones, tasers e armas de ar, corridas de
karts e muito mais.
A Ubisoft também foi bastante criativa ao esconder OST 's (Soundtracks oficiais)
e outras coisas dentro dos ficheiros do jogo. Um dos seus exemplos é a OST que toca enquanto perseguimos o Hacker e DJ defalt durante o primeiro jogo.
No geral acredito que seja um jogo bastante divertido e fez
um bom trabalho a incentivar as pessoas a pesquisar mais sobre a segurança
digital e a interagir mais com este “mundo” novo.
“A DedSec mostrou-vos a verdade. Façam o que entenderem…”
Daniel Barbosa (texto e vídeo), aluno de 12º ano
Sonic Robo Blast 2 - Num universo diferente...
Várias alterações ao longo de mais de 20 anos (!) resultaram na nova versão do jogo, a 2.2, com novos níveis, personagens, efeitos visuais, entre outras melhorias. Fim da lição de história, como é o jogo por si mesmo?
Bem, para um jogo derivativo, contém amplo conteúdo original e uma jogabilidade simples de entender, mesmo para um jogo que utiliza o teclado e rato. Cada personagem no jogo tem características especiais que se integram perfeitamente no design dos níveis, melhor até do que certos jogos da série original. Existem emblemas para colecionar, que desbloqueiam novos níveis, e medalhas que dão acesso a níveis especiais, fazendo referência a outra série da Sega. Este jogo também beneficia da flexibilidade dos jogos Doom, o que significa que é fácil criar os nossos próprios níveis, personagens, modificações ao comportamento do jogo, entre outros.
Mas acima de tudo, este jogo mantém o aspeto retro de forma incrível, com níveis sempre poligonais e as personagens apenas com imagens bi-dimensionais. Para muitos, este jogo é o que devia ter sido lançado pela Sega para combater os jogos equivalentes da altura, como o afamado Super Mario 64, e apesar de pessoalmente achar que tal pedido seria extremamente difícil de executar (relembro-vos que este jogo tem 22 anos de desenvolvimento, não os meses que a Sega teria para criar este jogo), consigo concordar que este jogo teria sido revolucionário para a altura. E a melhor parte é que, com as alterações corretas, este jogo pode mesmo parecer saído dos anos 90.
Concluindo, este jogo não só mostra o que podia ter sido, mas também o poder que os fãs de uma série podem ter, especialmente considerando que este jogo não só foi a génese dos jogos de Sonic feitos por fãs, mas para alguns, ainda é o ápice da mesma.
Obrigado por acompanharem mais uma rubrica do jornal CRESCER, e não se esqueçam, joguem, leiam, ouçam, vejam e, principalmente, divirtam-se!
João Mendonça, aluno de 12º ano
A medida é anunciada no mesmo dia em que o Primeiro Ministro, António Costa, anunciou após reunião extraordinária do Conselho de Ministros que as escolas em todo o país irão encerrar por todo o país a partir de hoje e durante 15 dias, não havendo a compensação com aulas à distância. @ Sapo
Aulas interrompidas durante 15 dias sem ensino à distância*
Interrupção será compensada no calendário escolar.
Os pais receberão 66% do seu vencimento, caso não estejam em teletrabalho.
Universidades podem ter de reajustar calendário de exames.
Primeiro Ministro António Costa justifica recuo com forte crescimento da estirpe britânica, que é mais transmissível.
* O que é feito do plano para a transição digital? Os alunos do ensino secundário (regular e profissional) não podiam ter aulas à distância?
Ontem, no Parlamento, já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter falado na necessidade de dar “um sinal político”, pondo a hipótese de encerrar escolas, o primeiro-ministro deixou a porta aberta a tal solução. “Se soubermos que a estirpe inglesa se tornou dominante em Portugal, teremos muito provavelmente de fechar as escolas”, garantiu. @ PÚBLICO
A Organização Mundial de Saúde avisou hoje, numa atualização informativa semanal, que poderá ser necessário reforçar as medidas nas escolas secundárias. Apesar de ainda não existir uma resposta certa, estudos indicam que adolescentes entre os 16 e os 18 anos podem ser tão transmissíveis como os adultos. O aparecimento de novas variantes do vírus mais transmissíveis será também um fator a ter em conta.
JOSÉ COELHO/LUSA |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) avisou hoje que pode ser preciso reforçar nas escolas secundárias as medidas contra a pandemia de covid-19, na medida em que os adolescentes de 16 a 18 anos transmitem o vírus mais rapidamente do que os mais novos.
Numa atualização informativa semanal, a OMS diz que os adolescentes entre os 16 e os 18 anos transmitem o vírus “tão frequentemente quanto os adultos e mais prontamente do que crianças mais novas” e acrescenta ainda que foram relatados mais surtos nas escolas secundárias do que nas primárias.
“Em particular,
os adolescentes mais velhos devem ser lembrados para limitarem o risco de
exposição fora dos ambientes escolares, evitando situações de alto risco,
incluindo espaços lotados, de contacto próximo e mal ventilados”, refere a
nota.
A OMS cita
estudos que sugerem que as crianças menores de dez anos são menos suscetíveis e
infeciosas do que as mais velhas e aponta uma investigação na Noruega, entre
agosto e novembro de 2020, que encontrou “transmissão muito baixa de criança
para criança e de criança para adulto em escolas primárias (crianças de cinco a
13 anos) que tinham medidas de prevenção e controle de infeção em vigor”.
“Estudos de
carga viral sugerem que as crianças com sintomas carregam tantos vírus no
nariz, boca e garganta quanto os adultos, mas por períodos mais curtos, com
pico de carga viral respiratória logo após o início dos sintomas, seguido por
um rápido declínio”, explica a OMS .
Nas escolas, a
OMS aponta também a dados recolhidos no Reino Unido relativos à Grã-Bretanha e
Irlanda do Norte que sugerem que a transmissão do novo coronavírus entre o
pessoal operacional era mais comum, entre funcionários e alunos menos comum e
de aluno para aluno era ainda menos frequente.
No entanto,
sublinha que há “poucas evidências” de que os funcionários das escolas corram
um risco maior de infeção quando estão no ambiente escolar do que a restante
população adulta.
“Na verdade, os
dados de vigilância nacional do Reino Unido indicam que os funcionários das
escolas correm menor risco de infeção em ambientes escolares, quando comparados
à população adulta em geral”, refere a OMS.
A organização
cita ainda um outro estudo, abrangendo 57 mil cuidadores em creches nos Estados
Unidos da América, que concluiu que “não havia risco aumentado de infeção” para
os funcionários.
Assim, a OMS reconhece que as evidências sobre o efeito do encerramento de escolas para reduzir a transmissão do vírus na comunidade são inconclusivas e, deste modo, diz que o aparecimento de novas variantes mais transmissíveis do novo coronavírus precisará de uma análise adicional, por sexo e idade, para se medir como estas novas estirpes afetam as crianças. Contudo, refere ainda que, se se provar que as crianças são mais afetadas, “as medidas de saúde pública podem precisar de ser adaptadas”. @ Sapo
Faltavam alguns minutos para as 12:00 locais quando Joe Biden, de 78 anos, colocou a mão sobre uma edição da bíblia de 1893, para jurar defender a Constituição, perante o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, e perante o olhar de Kamala Harris, que minutos antes tinha tomado posse como sua vice-Presidente.
Biden afirmou: "Este é o dia da América, o dia da democracia, um dia de história e de esperança".
O novo Presidente lembrou que os Estados Unidos enfrentam "um aumento do extremismo político, da supremacia branca, do terrorismo doméstico, que devemos enfrentar e iremos derrotar".
Para ler e refletir.
(Do you speak english, Mr Virus?) |
O nosso Ministro da Educação é um homem da ciência.
Tiago Brandão Rodrigues concluiu a licenciatura em Bioquímica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (…) realizou investigação científica na Universidade de
Dallas e no Instituto de Investigações Biomédicas do Conselho Superior de
Investigações Científicas, em Madrid (…)
Doutoramento em Bioquímica, especialidade de Biofísica Molecular, pela Universidade de
Coimbra (…) dedicou-se ao estudo do metabolismo cerebral em doenças
neurodegenerativas, tendo a sua tese sido galardoada com o Prémio António Xavier (…) foi investigador na área da oncologia no
Cancer Research UK da Universidade de Cambridge, estando igualmente associado
ao Corpus Christi College. (…) membro de várias
sociedades científicas internacionais, publicou dezenas de artigos em livros da
especialidade e em importantes revistas científicas internacionais (…) British Prize da Sociedade Internacional de
Ressonância Magnética em Medicina (…) Integrou a direção da PARSUK (…)
desenvolveu trabalho na área da comunicação em ciência. Ministro da Educação do 22º
Governo Constitucional
Já leram? Agora, reflitam.
Pedro Fiúza/NurPhoto via Getty Images |
O cenário inclui alunos em protesto, pais que não deixam os filhos ir
às aulas, professores preocupados com o risco de contágio à sua volta e médicos
a insistir que só encerrando os estabelecimentos de ensino é possível travar o
contágio.
“Sei que é prejudicial não irem às aulas, mas uma pessoa tem de
equacionar os riscos e eu não me sinto segura, mesmo levando-as de carro”. Quem
fala assim é mãe de duas jovens, uma a frequentar o ensino universitário e a
outra no 12º ano, a viverem na zona de Lisboa, e que desde a semana passada
decidiu restringir as entradas e saídas lá de casa. “Eu já estava em casa, elas
vão ao essencial: aulas práticas, no caso da mais velha, e testes ou aulas de
revisão para a mais nova. Não quero prejudicá-las, mas também não quero apanhar
o vírus”, diz esta mãe, que pede para não ser identificada – embora saiba que
não está sozinha na sua decisão, como também conta à VISÃO outra mãe de duas
raparigas, a frequentarem o 6º e o 12º ano, numa escola em Odivelas. “Não
percebo que as medidas não sejam iguais às de março, encerrando igualmente as
escolas. Ou vão continuar a andar milhares de pessoas a circular…”, prossegue,
a confessar que vive com o coração nas mãos. “Sei que é uma medida drástica,
mas não vejo outro modo…”.
Não são casos raros, garantem, nem estão sozinhas na sua apreensão
quanto à situação da pandemia no país – num dia que começou com um protesto
singular à porta de uma escola, desta feita promovida pelos alunos da Escola
Secundária Padre António Vieira, em Lisboa, a erguerem cartazes e a gritarem
bem alto: “Saúde em primeiro lugar, as escolas têm de fechar.”
“A grande questão é que esta ideia de unanimidade em manter as escolas
abertas não é real”, acrescenta Rui Martins, presidente da Confederação
Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), que, na semana
passada, promoveu um inquérito junto dos seus associados para auscultar
opiniões. “Tivemos mais de cinco mil respostas e o que podemos concluir é que
esta ideia de que os pais são a favor de manter as escolas abertas não é real”,
sublinha o responsável, aludindo às declarações do presidente da outra
confederação de associações de pais (CONFAP), Jorge Ascenção – que insistiu na
necessidade de se manter as escolas abertas em nome de “iguais oportunidades e
qualidade das aprendizagens”, depois de relembrar ainda o argumento invocado
até agora: “se as escolas são dos locais mais seguros, encerrar
até seria contraditório”. Mas para Rui Martins, o que se nota, cada vez
mais, é que “há uma grande divisão e há famílias muito alteradas com tudo o que
se está a passar.”
Disparidade de critérios
O retrato que chega das escolas, duas semanas depois do início do
segundo período, mostra bem a heterogeneidade de situações e decisões que
envolvem alunos, professores e funcionários. “Sabemos que há 30 turmas de
Torres Vedras em casa, mas há muitas escolas onde não há qualquer informação:
alunos que deixam de aparecer, professores que faltam sem ser comunicado aos
colegas…”, conta Paulo Guinote, professor numa escola na margem sul, autor do
blogue O Meu Quintal, e que há anos acompanha de perto as questões da Educação.
“Chegam-me casos de escolas que ocultam casos, diretores que só disponibilizam
a situação no seu agrupamento em caso de extrema necessidade. Ou seja, sabemos
muito pouco do que se está a passar, nada disto é totalmente transparente e
isso obviamente que não oferece segurança”, sublinha. “Devia haver uma
comunicação semanal do Ministério sobre a situação nas escolas. Se não é o que
se vê, além de uma disparidade de critérios sobre quem vai ou não para
isolamento e afins”, acrescenta. “Compreendo que não se queira criar um alarme
social, mas é preciso dizer às pessoas o que se passa para se conseguir quebrar
as cadeias de transmissão”, frisa ainda Guinote, antes de rematar: “Se
fechassem duas ou três semanas, até podia ser desfasado, por ciclos, já eram
muito menos pessoas a circular”.
Fechar por ciclos?
“Já tínhamos apresentado essa proposta, antes do início do segundo
período, e agora voltámos a dirigir igual pedido ao Ministério da Educação”,
assume João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional de
Professores (FNE), confirmando que “há uma grande instabilidade nas escolas” e
daí que, no seu entender, seja preciso fechar. “O que nos preocupa é o controlo
da pandemia. Claro que ter aulas à distância não é o ideal, mas também não
estamos numa situação normal”, conclui Dias da Silva, momentos depois de se
saber que os números oficiais, desta terça-feira, 19, apontavam um nove recorde
de mortes (218) por Covid-19 em 24 horas.
“Sei que há muitos colegas meus a serem pressionados por pais, mas as
escolas não têm autonomia para decidir o encerramento sozinhas”, faz, entretanto,
questão de sublinhar Filinto Lima, o presidente da Associação Nacional de
Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, a lembrar que essa decisão
depende sempre dos delegados de saúde e das direções-gerais de estabelecimentos
escolares de cada região.
Além disso, frisa também aquele responsável escolar, os testes rápidos
anunciados para as escolas ainda não chegaram – um processo que esclareceu,
entretanto, o Ministério da Educação, em comunicado às redações, deverá começar
esta quarta-feira, 20, mas só “nas escolas com ensino secundário de concelhos
de risco extremamente elevado”, lê-se no documento”. “Já nos mandaram para
canto em relação à vacinação, mas esquecem-se que, se os professores não estão
confinados, então devem ser incluídos nas prioridades na vacinação”, acrescenta
Filinto Lima, antes de lembrar que “falta ainda cumprir a promessa de mais 3
mil funcionários para as escolas”, que estão à espera desde outubro.
O que dizem os médicos que pedem o encerramento
A estas vozes, juntam-se ainda as de um número crescente de médicos. É o caso de Vasco Ricota Peixoto, médico interno de saúde pública e investigador da Escola Nacional de Saúde Pública. “Não entendo a decisão. Bastava olhar para os números logo no Natal e depois para o comportamento das pessoas. Parece que estamos à espera de cair no buraco para depois tentar salvar alguém”, comenta o especialista, um dos primeiro a insistir que, no regresso das festividades natalícias, pelo menos 3º ciclo e Secundário – além das universidades – deveriam passar ao ensino não presencial. @ Sapo
MARTA F. REIS |
Desde o início do ano, as crianças e jovens têm vindo a registar uma
subida mais acentuada nos diagnósticos de infeção por SARS-CoV-2 do que os
restantes grupos etários. A conclusão é de investigadores da Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) que fazem a modelação da epidemia.
Ontem, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes voltou a defender, ainda antes de
ser conhecida a decisão do Governo, a necessidade de ponderar o encerramento
das escolas a partir dos 12 anos, agora à luz também do que tem sido a evolução
da incidência nestes grupos etários. Carlos Antunes, investigador da Faculdade
de Ciências da Universidade de Lisboa, explica ao i a análise que está agora a
ser feita diariamente pela equipa da FCUL, segmentando as infeções por grupo
etário, e destaca dois indicadores: por um lado, o grupo dos 18 aos 24 anos
regista agora a incidência mais elevada de novos casos por 100 mil habitantes
no país, com 1552 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Já o grupo
dos 13 aos 17 passou desde dia 5 de janeiro a ocupar o terceiro lugar, com uma
incidência acumulada de 1167 casos por 100 mil habitantes – tendências
coincidentes com o período de regresso às aulas. Carmo Gomes salientou na SIC
que não há informação sobre onde ocorrem os contágios, considerando que,
perante a emergência que se vive no país, deve ser tido em conta o princípio da
precaução. A proposta que fez na última reunião no Infarmed foi no sentido de
haver ensino à distância acima dos 12 anos durante duas a três semanas, para
desacelerar os contágios. A equipa da FCUL estima que atualmente estejam a
ocorrer diariamente 12 500 novas infeções, apontando para 2700 casos que
noutras alturas seriam diagnosticados e agora ficam por detetar por ter sido o
limite da capacidade de deteção e rastreio de contactos – um diferencial que
tem vindo a aumentar, alertou. Projeta-se a esta altura que tanto os
internamentos como os óbitos continuem a aumentar, podendo aproximar-se dos 200
óbitos/dia no próximo fim de semana.
CASOS AUMENTARAM 42% EM CRIANÇAS ATÉ AOS DEZ NA ÚLTIMA SEMANA Os
dados disponibilizados diariamente pela Direção-Geral da Saúde (DGS), que o i
analisou, permitem perceber que, na última semana, o grupo etário em que mais
aumentaram os diagnósticos face à semana anterior foi nas crianças até aos dez
anos de idade. O número de casos detetados nas primeiras semanas do ano atingiu
recordes em todas as faixas etárias e tem vindo a subir também em todas mas, se
na primeira semana do ano a maior subida foi no grupo dos dez aos 19, nesta
semana que terminou no último domingo foi o grupo dos mais novos a registar o
maior aumento.
Em relação à semana anterior, o número de casos diagnosticados no país
subiu 16%, com um total de 67 195 diagnósticos, tendo sido a semana com mais
reportados desde o início da pandemia. No grupo dos zero aos nove anos, a
subida foi de 42%, o dobro da média. Segue-se um aumento de 21% nos casos
diagnosticados em crianças e jovens dos dez aos 19 anos de idade. As crianças e
jovens nestas faixas etárias representam 16% dos casos diagnosticados no país,
o que é uma distribuição idêntica à que existia na primeira semana de dezembro.
No entanto, na altura, em sete dias eram diagnosticados 4184 crianças e jovens
infetados e na última semana foram 10 849, o que explica a incidência por cada
100 mil jovens duas vezes acima do que havia então. Na última semana, o grupo
etário com maior peso nos diagnósticos continuava a ser o dos 40 aos 49 anos,
representando 16% dos diagnósticos, com 11 mil casos reportados no espaço de
sete dias.
IDOSOS TAMBÉM MAIS ATINGIDOS Se a população ativa, que
expetavelmente circula mais, tem tido ao longo dos últimos meses um maior peso
no total de casos diagnosticados, os idosos foram sendo progressivamente cada
vez mais atingidos e os dados das últimas semanas mostram novos recordes de
infeções entre os mais velhos e potencialmente mais vulneráveis. Na semana
passada foram diagnosticados com covid-19 10 171 idosos com 70 ou mais anos, o
número mais elevado de sempre numa semana. A semana anterior já tinha superado
todos os recordes de infeções diagnosticadas entre os mais velhos, com mais de
8 mil casos. Em dezembro, semanalmente, houve 4 mil a 5 mil casos nestes grupos
etários. Desde o início de janeiro somavam-se este domingo (os dados conhecidos
ontem) 18 677 idosos com 70 ou mais anos infetados, quando em todo o mês de
novembro e, depois, em todo o mês de dezembro tinham sido cerca de 20 mil, já
bastante mais do que nos meses anteriores. Em outubro foram diagnosticados 8500
idosos. Estes números superam-se agora numa semana e fazem prever um aumento da
mortalidade.
O i procurou perceber junto da Direção-Geral da Saúde se existe
informação sobre os principais contextos de transmissão da doença e se, no caso
dos idosos, as novas infeções têm ocorrido maioritariamente em lares ou fora de
instituições, mas não houve ainda um balanço. Também sobre os jovens em idade
escolar não existe informação a esta altura sobre se se trata de contágios em
contexto familiar, social ou mesmo escolar. Perante o aumento acentuado de
casos, os inquéritos epidemiológicos têm estado mais demorados, o que dificulta
ter esse tipo de informação. Na última reunião no Infarmed foi dada a indicação
de que à data não havia informação epidemiológica sobre 87% dos casos.
PORTUGAL PASSA OS 1200 CASOS POR 100 MIL HABITANTES Que
a situação é má, restam poucas dúvidas: Portugal é agora o país europeu com
maior incidência de casos por 100 mil habitantes e, segundo a última avaliação
feita pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, referente à
primeira semana de janeiro, era na altura o oitavo país com maior testagem por
100 mil habitantes. Nos últimos sete dias, mesmo com os especialistas a
acreditarem que pode estar a haver maior subdiagnóstico, passou Reino Unido,
República Checa e Irlanda.
Com os casos divulgados no boletim desta segunda-feira, a incidência
cumulativa a 14 dias – o indicador que tem sido usado nas comparações
internacionais e que reflete o número de diagnósticos ao longo de duas semanas
a dividir pela população de cada país – atingiu os 1212,9 novos casos por 100
mil habitantes. Na região Norte atingiu os 1168,9 casos por 100 mil habitantes,
na região Centro 1434,6 casos por 100 mil habitantes, em Lisboa e Vale do Tejo
1272 casos por 100 mil habitantes, no Alentejo 1369,6 casos por 100 mil
habitantes e no Algarve 995 casos por 100 mil habitantes. Até aqui, apenas o Algarve
continuava abaixo dos 960 casos por 100 mil habitantes e a região está agora
também acima do patamar de risco extremamente elevado.
INCIDÊNCIA MAIS DO QUE DUPLICOU EM 82 CONCELHOS Também esta
segunda-feira, como é habitual, a DGS divulgou uma nova análise de incidência
por concelho, referente ao período de 30 de dezembro a 12 de janeiro. Nessa
altura, a última terça-feira, havia já 155 concelhos no patamar de risco
extremamente elevado, acima dos 960 casos por 100 mil habitantes, quando em
dezembro foram sempre menos de meia centena. Na terça-feira passada, o país
estava com uma incidência cumulativa de 981 casos por 100 mil habitantes, pelo
que entretanto houve um agravamento de 23% e os dados por concelho agora
conhecidos não refletem ainda a situação atual. Mostram, no entanto, que o
recorde de incidência de novos casos que se viveu em Paços de Ferreira no pico
da segunda onda, quando passou os 4 mil casos por 100 mil habitantes, foi neste
início do ano superado por Cuba (5658 casos por 100 mil habitantes e, na última
terça-feira, havia já vários concelhos a caminho desse patamar, nomeadamente do
Alentejo. Nos concelhos menos povoados são precisos menos casos para fazer
subir este indicador de incidência por 100 mil habitantes, mas a situação, por
exemplo, na Área Metropolitana de Lisboa (AML) ilustra o agravamento da
epidemia. Lisboa, Loures ou Odivelas registavam, já na passada terça-feira,
mais de mil casos por 100 mil habitantes, níveis de contágio sem precedentes na
AML, depois de o Norte ter vivido uma maior disseminação da pandemia em outubro
e novembro. Em relação à análise divulgada pela DGS na passada segunda-feira,
que dizia respeito ao período até 5 de janeiro, há 82 concelhos onde a
incidência de casos de covid-19 mais do que duplicou neste período e noutros 50
aumentou mais de 70%.
Quem é mais atingido em cada região?
Semanalmente o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças publica dados sobre a incidência de casos de covid-19 por 100 mil habitantes nas diferentes sub-regiões de cada país, fornecidos pelas autoridades nacionais. É informação que não está disponível nos boletins da DGS e mostra algumas diferenças na evolução da epidemia por região, mas também como a nova vaga de casos em nada se compara com o que o país viveu até aqui. Estes foram os gráficos atualizados na passada sexta, com dados até dia 10. Janeiro superava já os picos de novembro em todo o país, à exceção do Norte. A Área Metropolitana de Lisboa e o Alto Minho registam os maiores níveis de incidência entre os jovens com menos de 15 anos, acima dos 1200 casos por 100 mil habitantes.