O número de infeções sexualmente transmissíveis (IST) entre os jovens portugueses está a aumentar de forma preocupante. Dados recentes da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que, em 2023, foram registados mais de dois novos casos por dia de gonorreia e sífilis em jovens entre os 15 e os 24 anos, um crescimento exponencial face aos números registados há uma década.
A tendência não é exclusiva de Portugal. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), os casos de sífilis duplicaram na União Europeia entre 2013 e 2023, enquanto os de gonorreia aumentaram 300%. O organismo europeu já classificou a situação como um “problema de saúde pública” que exige “ação imediata”, sobretudo porque estão a surgir estirpes resistentes aos antibióticos, o que pode comprometer a eficácia dos tratamentos.
Fatores que impulsionam a transmissão Os especialistas apontam para mudanças nos comportamentos sexuais como um dos principais fatores para este aumento. As IST podem ser assintomáticas, facilitando a transmissão entre parceiros que desconhecem estar infetados. Além disso, a diminuição do uso do preservativo tem um impacto significativo.
As consequências destas infeções podem ser graves. Se não tratada, a sífilis pode levar a problemas neurológicos, demência, surdez, cegueira e problemas cardíacos. A gonorreia e a clamídia também podem causar complicações severas, incluindo infertilidade.
Mudanças no comportamento sexual dos jovens
O estudo “A Educação Sexual dos Jovens Portugueses”, coordenado pelo sociólogo Duarte Vilar e realizado entre 2008 e 2021, revela que o número de jovens que dizem usar sempre preservativo caiu de 55% para 45%, enquanto aqueles que nunca usam subiram de 3,6% para 10,4%. Além disso, cada vez mais jovens referem ter relações fora de relações amorosas estáveis.
Tânia Gaspar, psicóloga e coordenadora em Portugal de um estudo da Organização Mundial da Saúde sobre os comportamentos de saúde dos jovens, destaca que os adolescentes estão a desenvolver uma abordagem mais “funcional” à sexualidade, desligada do afeto. “O acesso precoce à pornografia está a levar a uma desumanização e mecanização da sexualidade”, explica. Adaptado daqui
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