“Se
consomes um produto mais barato, mas o custo ambiental é elevadíssimo, na
realidade não é assim tão barato porque vais pagá-lo no futuro. GENTE PEQUENA,
EM SÍTIOS PEQUENOS, FAZENDO COISAS
PEQUENAS, são as que podem mudar o mundo.”
Ana Marcén, padeira
Atualmente, a nível mundial, existe um
paradoxo nutricional, por um lado subnutrição, por outro, obesidade, problemas
cada vez mais frequentes devido às mudanças alimentares. A gestão de forma não
sustentável, tanto da produção alimentar, como no consumo, para além de interferirem
diretamente na saúde, têm um grande impacto no ambiente, na biodiversidade, nos
ecossistemas locais, nas alterações climáticas e na estabilidade do sistema
terra.
Segundo um
relatório da comissão de especialistas da revista científica Lancet, o planeta
não terá capacidade de alimentar a população mundial, sem uma alteração nos
hábitos alimentares, uma melhoria na produção e uma redução do desperdício.
Deve
aumentar-se o consumo diário de alimentos frescos, optando pelos produtos
locais e de origem vegetal. Estes apresentam uma pegada ecológica inferior à
dos de origem animal e aos produtos com maior grau de processamento. Não faz
sentido importar maçãs da Argentina ou da Nova Zelândia, que percorrem milhares
de quilómetros, quando temos maçãs portuguesas, que, muitas vezes, os
agricultores deitam ao lixo.
Quanto à produção e utilização dos recursos,
atualmente estamos a exceder a capacidade do planeta, num desrespeito pelo meio
ambiente e pela biodiversidade, que põe em risco a nossa própria sobrevivência.
Uma prática agrícola mais sustentável e precavida é, assim, urgente. A defesa
das florestas, o bom uso dos recursos hídricos, o aproveitamento da água da
chuvas, a utilização mais eficiente de maquinaria agrícola, a diminuição na
aplicação de pesticidas e fertilizantes químicos (substituindo-os por alternativas
mais amigas do ambiente) serão alguns dos passos a cumprir neste domínio.
No entanto, mesmo produzindo de forma
sustentável e adquirindo hábitos alimentares mais saudáveis, ainda há muito a
fazer em termos de desperdício alimentar. Segundo a FAO, “a cada ano, os
alimentos produzidos sem ser consumidos causam um gasto de água equivalente à
vazão anual do Volga” (rio mais longo da Europa), sendo responsáveis por gerar
“3,3 biliões de toneladas de gases de efeito estufa”, o que representa
aproximadamente 8% das emissões globais anuais desses poluentes. “A água vai ser o petróleo do séc. XXI”
pelo que é necessário preservá-la.
Aliada à sustentabilidade alimentar, surge a
questão dos alimentos biológicos. Cada vez mais a diferença entre os preços dos
produtos biológicos e de origem vegetal e os preços dos produtos processados e
de origem animal aumenta, levando os compradores a preferir estes últimos pelo
seu baixo custo. A produção animal é uma das grandes preocupações dos dias de
hoje. A pecuária é uma das principais causas para a produção e emissão de
metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), gases com efeito de
estufa. Na atividade agrícola, a utilização de fertilizantes químicos nos solos
contribui também com 79% das emissões de N2O.
Assim, é essencial criar uma consciência ambiental, tanto por parte das empresas como
da população, em geral, e adotar soluções e alternativas sustentáveis que
permitam conciliar o crescimento económico e populacional, a promoção da saúde
e a preservação do meio ambiente.
“Está nas mãos do consumidor o maior poder
na capacidade de gerir os alimentos e voltar a ensinar a capacidade de
controlar o seu desperdício massivo”.
Adaptado de: RIBEIRO,
JOANA e outros, (2019) Sustentabilizar o
futuro através da alimentação, Projeto de Educação para a sustentabilidade
alimentar, Associação Portuguesa de Nutrição, Santillana, Porto
Alunos
do 11º B, turno 1
Professora
de Biologia e Geologia
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