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terça-feira, 26 de maio de 2020

desafio "PÚBLICO na escola"

Luís de Camões: 5 coisas que talvez não saiba | ncultura

O "PÚBLICO na escola" desafiou e os nossos alunos deram resposta. Aqui segue uma entrevista imaginária ao nosso grande poeta Camões.

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Desafio "Público na escola" (dia 3)

Entrevista a Luís Vaz de Camões
Luís Vaz de Camões é um nome que une todo o povo português. Raro é o indivíduo que desconheça a origem deste grandioso apelido. Conhecido pelas suas palavras escritas em verso, Camões é considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental.
Tendo nascido em Lisboa, com origens humildes, mudou-se para Coimbra com apenas 3 anos, na companhia dos seus pais. Em 1544, com 20 anos, deixou as aulas de Teologia, curso que iniciara, e ingressou no curso de Filologia. Nessa altura, já era conhecido como poeta. 
Mais tarde, foi preso, devido ao envolvimento numa rixa com um empregado do paço, permanecendo um ano encarcerado. Posto em liberdade, Camões embarca para as Índias. Esteve em Goa e tomou parte de várias outras expedições militares. É nomeado provedor em Macau e também na China. Decidiu partir novamente para Goa, mas a sua embarcação naufragou na foz do rio Mekong. Talvez mito ou não, Camões conseguiu salvar-se nadando, levando consigo o manuscrito original de Os Lusíadas. Chegado a Goa, é preso novamente, em consequência de novas intrigas. 
 
Entrevistador: Obrigada, por ter aceitado o nosso convite. É uma honra e uma imensa responsabilidade, tê-lo connosco e poder fazer-lhe algumas perguntas…
Alguma vez imaginaria que o seu nome seria uma parte tão importante de Portugal?
Antes de começar a responder, quero dizer-lhe a si e a todos os portugueses que foi com enorme prazer que acedi ao convite de uma dama tão formosa e delicada… A minha vida, nos últimos séculos tem sido um bocadinho monótona… (risos)
Agora respondendo à sua pergunta! Deveras! Nunca achei que pudesse vir a obter tamanho sucesso, mas fico-vos eternamente agradecido por este reconhecimento. Trabalhei em Os Lusíadas para que tal acontecesse e alegro-me por saber que o meu povo soube dar o devido valor a uma obra que foi imensamente trabalhosa, mas sempre feita com o maior carinho. O meu maior orgulho é pertencer a este meu povo lusitano, uma autêntica fonte de inspiração para os outros povos.
 Como descreveria a sua passagem pela prisão?
Nunca achei que fosse possível o tempo passar tão devagar, mas admito que foi merecido. Sempre fui muito impulsivo, receio dizer que talvez um pouco barraqueiro também (ri-se), mas, infelizmente, não foram uns tantos meses passados em celas que me mudaram. Por muito que tenha estudado diferentes filósofos e autores nunca nenhum deles me tinha feito ter a visão que tive lá, sobre a vida. Nunca a liberdade me tinha fascinado tanto. Como digo num poema meu «Vi mágoas, vi misérias, vi desterros» e depois destas vivências ninguém fica indiferente ao descobrir novas terras e viajar sobre o mar. Talvez graças a esse fascínio, à minha vontade de enaltecer o meu grandioso povo ou ao aborrecimento enfrentado nesses tempos, comecei a escrever Os Lusíadas a primeira vez que estive encarcerado, lá em Lisboa.
E agora a pergunta inevitável… como perdeu o seu olho direito?
Tem noção das vezes que já respondi a esta pergunta? Continuam iguais os
Portugueses, sempre à procura das fragilidades do ser humano… (suspiro) Perdi-o em Ceuta na guerra, a lutar pelo meu país e, por isso, fá-lo-ia de novo. Primeiramente custou-me a habituar-me à pala (como imagino que esteja a acontecer-vos com a máscara) e as pessoas na rua olhavam-me de lado, divertiam-se a criar suposições sobre o que teria acontecido. Dizer que tinha a beleza a meu favor seria mentir, mas depois daquele acontecimento ainda mais “afeiado” fiquei. Disseram-me isto algumas vezes.
O seu aspeto físico não o afetava?
Fui alvo de alguns insultos, mas nada que me afetasse, não. Sempre tive a o meu intelectual para disfarçar o resto, e, sinceramente, ele era um sucesso com as senhoras. (sorri)
Com certeza a Índia era muito diferente de Portugal. Como lidou com essa diferença cultural e linguística?
A Índia...a minha velha compincha. Sim, sem dúvida que era muito diferente da minha terra lusitana, mas o distinto sempre me encantou. Explorei muito, vi coisas que jamais veria no meu amado país e conheci algumas pessoas interessantes. Mas lá sentia falta de alguém para conversar sobre algumas teorias minhas e temas mais ousados, parecia que nada entendiam sobre as palavras que declamava, e também não eram grandes fãs das minhas obras. Aquele povo não tinha curiosidade sobre o saber e isso intrigava-me, mas lá me habituei. Falava-lhes muito sobre o meu ilustre povo lusitano, quanto mais falava mais tinha saudades dele. Nesses momentos só pensava em regressar à querida Lisboa, ainda para mais o trabalho que exercia era aborrecido e monótono e faltava-me o dinheiro...

E na China?
A China traz-me muitas recordações e ainda mais emoções.
Como Dinamene?
Sim, como Dinamene. (suspira) O grande amor da minha Vida! 
Talvez nos pudesse falar mais nela.
Ao longo da minha vida apreciei muitas mulheres, mas nenhuma como Dinamene. Se existe isso a que chamam alma gémea ela foi a minha. Esta era, sem dúvida, a mulher mais gentil, amável e doce que até hoje conheci. Nunca parava de sorrir e tinha um enorme coração. Tudo me encantava nela. Cada detalhe de Dinamene, cada traço me dava a inspiração para escrever dez Lusíadas, mas apenas sobre esta e sobre a felicidade que me proporcionou.
Como lidou com a sua perda?
Com a ajuda de um amigo íntimo ia voltar a Portugal, e ela aceitou vir comigo também. Nunca tinha sentido tamanha felicidade igual à que senti quando ela aceitou a minha proposta, mas também nunca senti tanta dor como a que senti quando me apercebi que o mar a tinha levado de mim. Foi na viagem de regresso que a perdi. Vivi anos muito amargurado, sempre a pensar nela, a imaginar o que teríamos vivido os dois em Lisboa. Não foi fácil conformar-me com uma realidade onde ela não estava mais presente. Desabafava muito a escrever, essa foi, mais uma vez, a minha maior ajuda.
Por falar no naufrágio, é verdade que nadou com uma mão a segurar Os Lusíadas?
É verdade, sim. O meu braço ficou dormente por dias, mas valeu mais do que a pena. Aquela obra era tudo o que eu tinha, o meu esforço e dedicação de anos, recusei-me a perdê-lo assim tão facilmente, em vão.
Em poucas palavras, o que Luís diria sobre a vida que viveu?
Foi uma vida cheia de experiências maravilhosas, tentei sempre vivê-la da melhor forma, apesar do tempo perdido em celas (ri-se). Por outro lado, foi bastante amargurada também, fui pouco amado, mas acredito que estou diariamente a ser apreciado por todos vocês que estudam as minhas obras, e recebo o amor que nunca consegui obter, desta forma .Sou um marco para Portugal e para o mundo, o meu nome nunca vai ser esquecido, por isso já valeu mais do que a pena.

Benedita Teixeira, 10ªG
Conteúdo inspirado na visualização, em aula, da reportagem RTP2
«Grandes Portugueses-Luís de Camões», por Helder Macedo

1 comentário:

Filomena Madureira disse...

Muito Bom
Estamos "vivos"
Filó