Mário Cruz / Lusa |
No dia 2 de março foram confirmados os primeiros casos de covid-19 em Portugal. Passaram dois meses e dois dias desde que o vírus nos trocou as voltas à vida. Pelo caminho encerraram-se as escolas, passámos por três períodos de Estado de Emergência e a mensagem era direta: "Fique em casa" — por si e pelos outros. Findo este tempo, é com grande cautela que se retoma a normalidade. Hoje foi o primeiro dia.
As máscaras passaram a fazer parte da indumentária obrigatória para uma vida em comunidade. No metro de Lisboa poucas pessoas por carruagem; na Carris autocarros cheios. No Porto, as lojas de lembranças seguem vazias, a fila no barbeiro faz-se porta fora. Em cima do balcão, gel desinfetante.
A pandemia "não desapareceu por milagre", avisa Marcelo Rebelo de Sousa, ele que foi de máscara hoje até ao Chiado comprar um livro. Talvez por isso o Santuário de Fátima tenha pedido de novo aos peregrinos que não se desloquem à Cova da Iria nos dias 12 e 13. Este ano a peregrinação é "pelo coração" e as celebrações devem ser acompanhadas à distância de um ecrã.
Marcelo vê "bom senso" na decisão da Igreja Católica portuguesa ao celebrar um dos dias mais importantes do ano desta forma — assumindo por outro lado que quando deu espaço para as celebrações do 1.º de maio a sua expectativa era de um ato "mais simbólico" do que aquele que acabou por ter lugar e que espoletou a polémica.
Portugal não segue sozinho neste esforço de desconfinamento. Numa altura em que o pico da pandemia foi superado em quase toda a Europa (exceto na Bulgária), também em Itália se regressa ao trabalho, em Espanha se abre o pequeno comércio e na Alemanha se prepara o regresso do futebol profissional.
Noutros cantos do globo a realidade é um pouco diferente. Na Rússia, em apenas 24 horas, registaram-se mais de 10 mil casos confirmados de infeção, nos EUA registaram-se 1.450 mortos num dia e no Brasil até o Cristo Redentor foi chamado a usar máscara para sensibilizar a população. Trump está confiante de que uma vacina pode chegar até ao final deste ano, mas entre o querer e o ter pode estar uma longa distância.
Há, todavia, boas notícias: um grupo de investigadores na Holanda identificou um anticorpo monoclonal humano capaz de impedir o vírus SARS-CoV-2 de infetar células, o que pode significar um primeiro passo para um tratamento contra a covid-19.
Só uma vacina ou tratamento nos podem devolver a normalidade. @ Sapo
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