O conhecimento científico vai aumentando e permite algumas alterações nas regras das autoridades de Saúde. Uma das mudanças que estarão a causar alguma confusão tem que ver com o período de isolamento que, em situações muito específicas, passou para os dez dias.
Pode parecer estranho que uma pessoa com um resultado
positivo num teste para SARS-CoV-2 passe menos tempo em casa do que uma pessoa
que não sabe se está infectada. A explicação está no período de incubação
do vírus — o tempo entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas.
O SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, terá um período de
incubação que pode variar entre os dois e os 14 dias. Ou seja, quem não sabe
ainda se está infectado depois de um contacto de risco tem de esperar os 14
dias. É uma decisão baseada na ciência.
O período de isolamento foi reduzido de 14 para dez
dias?
Há alguma condição imposta?
Sim, para que o período de isolamento possa ser encurtado nos casos de pessoas
com sintomas ligeiros de covid-19 ou assintomáticas e com teste positivo, o
isolamento só pode terminar passado dez dias do início dos sintomas e só se
estiverem sem utilizar antipiréticos (para controlar a febre) durante três dias
consecutivos e apresentem melhoria significativa dos sintomas.
E nos casos em
que não temos um resultado positivo no teste?
Em casos em que não há confirmação da infecção ou um mesmo um
resultado negativo num teste ao novo coronavírus, o período de isolamento
profiláctico mantém-se nos 14 dias.
Então, um caso positivo pode ter um isolamento mais
curto do que um caso de um contacto de risco sem diagnóstico?
Sim. Só nos casos com resultado positivo, consideram os especialistas, é que é
seguro diminuir o tempo de isolamento para dez dias sem pôr doente ou a
comunidade (pelo perigo de contágio) em risco. Por exemplo, no caso de uma turma com um aluno que teve o resultado
positivo no teste, na verdade, o aluno infectado com confirmação de
um resultado laboratorial pode fazer um isolamento de apenas dez dias (se
apenas tiver sintomas ligeiros), enquanto os seus colegas terão de cumprir os
14 dias de isolamento.
O que sustenta esta diferença de critérios?
A explicação está no período de incubação do vírus — o tempo entre a exposição
ao vírus e o início dos sintomas. O SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19,
terá um período de incubação que pode variar entre os dois e os 14 dias. Por
isso, mantém-se a recomendação de 14 dias de quarentena para casos de pessoas
que tiveram contacto com um caso positivo para ter a certeza de que não foram
infectadas e que não espalham o vírus. Assim, a redução do isolamento só é
segura para pessoas que tiverem teste positivo e que, por isso, já se sabe que
passaram pelo período de incubação. Além disso, tal como justificou a
directora-geral da Saúde, Graça Freitas, sabe-se já que “uma pessoa [com
covid-19] é infecciosa 48 horas antes de manifestar sintomas” e “nos doentes
ligeiros a capacidade de infectar vai diminuindo com o tempo”.
Pode parecer injusto que uma pessoa com um resultado
positivo num teste para SARS-CoV-2 passe menos tempo em casa do que uma pessoa
que não sabe se está infectada e, por exemplo, poderá ter tido um contacto de
risco. Parece injusto, mas não é. Não é uma questão de justiça é uma decisão
baseada na ciência.
Quarentena e isolamento são conceitos diferentes?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) faz a distinção entre isolamento (para
casos positivos) e quarentena (para contactos de risco
ou viajantes). A OMS determina actualmente que os infectados
assintomáticos podem ter alta dez dias após um teste positivo
para SARS-CoV-2. Fora isso, a OMS recomenda que todos os contactos de
indivíduos com covid-19 confirmada ou provável sejam postos em
quarentena numa instalação designada ou em casa por 14 dias a partir da sua
última exposição.
É preciso ter um resultado negativo no teste para pôr
fim ao isolamento de dez dias das pessoas que tiveram antes um teste positivo?
Onde posso consultar o documento da Direcção-Geral da
Saúde que estabelece estas medidas?
A Norma 004/2020 Covid-19: Abordagem do Doente com Suspeita ou Confirmação de
Covid-19 foi publicada pela Direcção-Geral da Saúde a 23 de Março de 2020
e actualizada a 14 de Outubro. Pode ser consultada aqui ou no site da
DGS (dgs.pt). @ Público
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