O prémio Nobel da Paz será anunciado
hoje e, num ano de muitas incertezas e desafios mundiais, os
especialistas reconhecem dificuldade em antecipar um vencedor, numa lista de
candidatos com 211 pessoas e 107 organizações.
“Estou menos
seguro (sobre quem irá ganhar) do que estive em muitos anos”, disse ao canal
televisivo CNN Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a
Paz de Estocolmo, reconhecendo que os juízes vão estar mais do que nunca
cientes da importância deste prémio, em tempo de pandemia.
De acordo com
o testamento do industrial sueco Alfred Nobel, o prémio anual deverá ser
entregue à pessoa que “tenha feito mais ou melhor para promover a comunhão
entre as nações, a abolição ou redução dos exércitos permanentes e o
estabelecimento da paz”, mas a tradição tem deixado maior margem de
justificação para a escolha entre as nomeações e os tópicos preponderantes em
cada ano têm sido utilizados como critério.
Para 2020,
estão nomeados 318 candidatos (211 pessoas e 107 organizações) sendo conhecidas
as identidades de várias destas opções, mas nem todos têm igual reconhecimento
de possibilidade de vencer.
Os
especialistas em prémios Nobel inclinam-se para a hipótese de a pandemia de
covid-19 poder servir de pretexto para a escolha, indicando a Organização
Mundial de Saúde como um sério candidato, embora as críticas a que a
organização – e o seu diretor-geral, Tedros Ghebreysesus – tem sido sujeita
(nomeadamente pelo Presidente dos EUA, Donald Trump) na gestão da crise
sanitária possa ser um forte empecilho.
Trump também
é um dos nomeados (foi indicado por um congressista republicano dos EUA), tal
como o seu adversário democrata, Joe Biden (indicado por um congressista
democrata), mas, em ano de eleições presidenciais norte-americanas, nenhum
deles reúne qualquer consenso entre os especialistas.
A ativista
Greta Thunberg também está indicada – mas será preciso que as questões
ambientais dominem as preocupações do júri para que a jovem sueca seja
escolhida – tal como o fundador da Wikileaks, Julian Assange, que está a ser
julgado em Londres para saber se será extraditado para os EUA, onde é acusado
de espionagem.
O líder da
oposição russa, Alexey Navalny, que acaba de recuperar de um envenenamento na
Sibéria (alegadamente cometido pelas autoridades do Presidente Vladimir Putin),
também está na lista de nomeados, tal como o povo de Hong Kong, que se tem
mobilizado em violentos protestos contra a nova lei de segurança imposta por
Pequim a esse território semiautónomo.
As
organizações não-governamentais Repórteres Sem Fronteiras e o Comité para a Proteção
de Jornalistas estão na lista de nomeados, num ano em que muitos profissionais
da comunicação têm visto o seu trabalho impedido ou a sua integridade física
violentada.
Os
especialistas também colocam na lista de potenciais vencedores o movimento
Forças para a Liberdade e Mudança, do Sudão, onde uma revolução popular
conseguiu afastar o Presidente Omar al-Bashir.
A Organização
das Nações Unidas (ONU) e a Aliança Atlântica (NATO) também ocupam lugar de
relevo, pelas suas insistentes tentativas em manter a paz em longos e duros
conflitos, em diversos pontos do planeta, tendo sido ainda salientado o esforço
diplomático pela paz feito pelo Governo alemão, pelo que a chanceler Angela
Merkel surge igualmente na lista, a poucos meses de abandonar a liderança do
seu Governo.
O anúncio do
prémio será feito hoje e a cerimónia de entrega do prémio acontecerá
em 10 de dezembro, em Oslo, Noruega, com o laureado a receber o prémio de dez
milhões de coroas suecas (quase um milhão de euros), para além de um diploma e
uma medalha.
Por causa da pandemia de covid-19, a cerimónia de Oslo contará com a presença de apenas 100 convidados. @ Sapo
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