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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

sociedade: mulheres afegãs em Portugal

Usam palavras simples para descrever o que é demasiado complicado. “Uma coisa má.” Contam como ficaram meses sem ir à rua ou como à sua volta se forçavam casamentos. Esta é a história de oito mulheres que estudavam ou estavam prestes a começar a trabalhar quando Cabul foi tomada pelos talibãs. As suas vidas foram levadas de arrasto para dentro de casa. Escaparam ao Afeganistão e há um ano estão em Portugal. 

Chegaram a Portugal com um visto especial de refugiado e cada uma delas deixou o Afeganistão por via terrestre em direção ao Paquistão ou ao Irão, consoante a segurança e a proximidade, e de lá voaram para Lisboa. Um detalhe: a viagem não podia ter escalas em qualquer país do espaço Schengen já que, por definição dos acordos europeus, seriam forçadas a pedir asilo logo nesse país.

Conheça as suas histórias:

Fayeza nunca tinha estado numa praia com mar antes de chegar a Portugal. Em menos de uma semana deixou de usar o lenço a cobrir-lhe a cabeça

Tamana Azhir licenciou-se em Biologia, trabalhava como assistente de laboratório na Universidade de Cabul e estagiava para uma empresa britânica. Quer trabalhar em indústria e segurança alimentar. “O meu sonho é descobrir algo novo, fazer algum tipo de descoberta.”

Elaha dava aulas na faculdade de Cabul. Elaha sai todas as manhãs para correr - “O fresco da manhã dá-me uma sensação de felicidade”.

Zainab Alawi, quase como pena de prisão, não saiu de casa durante dois anos. Setecentos e trinta dias. Ainda tem bem presente o que é ter apenas a escuridão como expectativa para a vida.

Neda Ravazi escapou antes da indesejada proposta de casamento lhe bater à porta. “Se vissem um pai com mais filhas do que filhos, forçavam os casamentos." Neda tem aulas de português “Eu gosto muito da língua. É difícil, mas estou a tentar aprender”.

Maliha Asadi formou-se em Geologia, vai continuar os estudos num mestrado na mesma área. “Agora estou feliz por poder fazer tudo aquilo que quero. É importante que cada um de nós faça aquilo que quer. Tenho uma boa vida aqui.”

Zainab descreve “Uma coisa má no Afeganistão é que não podia fazer as coisas que gostava, como o basquetebol. Não podia jogar basquetebol lá e aqui posso.”

Fatima Tanin relembra os dias bem sombrios. No entanto, refere “Estou aqui e estou feliz com o meu futuro.”


Leia aqui a reportagem, com a atenção que elas merecem.


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