em abril de 1974 |
Ora acontece que, nesse dia, 25 de Abril de 1974, havia um restaurante na Rua Braancamp, em Lisboa, que celebrava o seu primeiro aniversário.
O proprietário comprara cravos vermelhos - a tal flor que juntava o barato e o popular - para oferecer nesse dia às clientes.
Como houve a acção militar, o restaurante não funcionou e o proprietário disse aos seus trabalhadores que podiam levar os cravos com eles.
Uma das trabalhadoras, chamada Celeste, decidiu levar um molho de cravos para casa.
Ao começar a descer a Avenida da Liberdade, deparou com a população a oferecer bebidas, sandes, tabaco, aos soldados que ali estavam ou passavam.
Tomou, então, a iniciativa de lhes oferecer os cravos, dizendo "desculpem, mas não tenho mais nada para vos oferecer".
Os soldados recebiam os cravos e, não sabendo onde os colocar, decidiram enfiá-los nos canos das espingardas.
Outra explicação, certamente coincidente:
No Rossio, havia várias vendedeiras de flores que, quando os militares aí passaram, vindos do Terreiro do paço, os vitoriaram e lhes ofereceram as flores que estavam a vender, nomeadamente as tais mais baratas e populares, os já referidos cravos vermelhos.
O resto foi igual: os militares colocaram-nos na "boca" das espingardas.
E assim nasceu um dos principais, senão mesmo o principal símbolo da Revolução dos Cravos, o cravo vermelho.
Que, no dia 26 de Abril, é já a flor (também porque era barata e popular) que os familiares e amigos dos presos políticos lhes levaram a Caxias e lhes ofereceram, quando da sua libertação. Que eles, de imediato, oferecem aos militares que ali estão, que os recebem e colocam nas espingardas.
Curiosamente, dir-lhe-ei que, mais tarde, descobrimos que na crise vivida em Lisboa entre 1383 e 1385, o símbolo do povo da capital, que esteve na base da derrota infligida aos castelhanos, foi um cravo branco.
Vasco Lourenço, capitão de abril, Presidente da Associação 25 de Abril
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