O Ministério afegão do Ensino Superior anunciou às universidades públicas e privadas que, após uma revisão feita por responsáveis talibãs e professores de direito e cultura islâmica, 679 livros didáticos foram proibidos.
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| Reunião do Comitê de Revisão de Livros no Ministério da Informação e Cultura do Talibã-MoICAfghanstan/X |
O documento enviado às universidades públicas e privadas considerava essas obras contrárias à lei islâmica, após uma avaliação do seu conteúdo ideológico, filosófico, cultural, religioso e científico feita por um painel de "estudiosos e especialistas religiosos". Entre as 679 obras proibidas estão 140 escritas por mulheres. Um dos membros da comissão que analisa os livros confirmou à BBC afegã a probição de livros escritos por mulheres.
Adicionamente, 18 disciplinas foram eliminadas dos currículos académicos por estarem "em conflito com os princípios da Sharia e a política do sistema", entre as quais: direitos fundamentais, direitos humanos e democracia, globalização, boa governança, sistemas eleitorais, história das religiões, filosofia. Seis dessas disciplinas universitárias são especificamente sobre as mulheres, incluindo Género e Desenvolvimento, O Papel das Mulheres na Comunicação ou a Sociologia das Mulheres.
Segundo Zakia Adeli, ex-vice-ministra afegã da Justiça e uma das autoras que viu os seus livros na lista de proibidos, a decisão não foi surpreendente, pois "Dada a mentalidade e as políticas misóginas dos taliban, é natural que, quando as próprias mulheres não têm permissão para estudar, as suas opiniões, ideias e textos também sejam suprimidos".
O regme talibã voltou ao poder há quatro anos, e as suas decisões têm afetado particularmente a vida de mulheres e meninas: atualmente estão proibidas de aceder ao ensino acima do 6.º ano, de trabalhar na maioria dos setores, inclusive ONG nacionais e internacionais, ou até mesmo de frequentar espaços públicos.

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