Os alunos de Geografia do projeto "Geoatualidades de cá e de lá" continuam a investigar sobre a geografia humana e partilham connosco temas bem atuais. Hoje é sobre a seca. E a entrevista completa está no DN.
Reitora da Universidade de Évora, Ana Costa Freitas, defende que
a agricultura pode poupar mais água com algumas alterações
Tem defendido a necessidade da agricultura
alentejana apostar em culturas tradicionais que gastem menos água. Esta solução
é um passo decisivo para encarar a seca?
Mesmo em Alqueva, que foi uma obra fantástica na região, estamos
a fazer culturas de regadio com uma água que é cara e escassa. Provavelmente,
teríamos maior eficiência se fizéssemos algum regadio em culturas de sequeiro,
que poderiam ter uma produtividade maior com menor gasto de água.
Seria um grande risco para uma região como
o Alentejo?
Sim, porque sabemos que uma parte do Alentejo, neste momento,
não tem água e que está a ficar cada vez mais abandonado. Depois há Alqueva
onde, eventualmente, se estão a produzir algumas coisas a preço mais caro
daquele que poderíamos estar a praticar se produzíssemos outro tipo de
culturas.
Tem conversado com agricultores,
recordando que é licenciada em Agronomia e com experiência na área?
Deixei de fazer investigação há algum tempo, mas acompanho o
trabalho do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas, onde
estão os engenheiros agrónomos. As experiências realizadas confirmam o grande
aumento da produtividade das culturas tradicionais com pouca rega, que pode ser
a solução para agricultura do sul do mediterrâneo.
Além da agricultura, que estratégia
definiu a Universidade para ajudar a encontrar uma solução no combate à seca no
Alentejo?
Temos
falado muito da necessidade de fazermos o cadastro das florestas, mas o
cadastro de água no Alentejo também não está feito e é muito necessário. Há
zonas afetadas pela seca extrema e o Alentejo não sabe a água que tem, nem em
quantidade nem em qualidade. Há métodos de georreferenciação e geofísicos que
nos permitem saber quais são os lençóis de água, onde estão e a que
profundidades.
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